Aliança Liberal

Por Valquiria Velasco

Graduada em História (UVA-RJ, 2014)

Categorias: Brasil Republicano, Era Vargas
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Na política café com leite que vigorou durante as primeiras décadas da República brasileira, os políticos paulistas e mineiros alternavam-se na cadeira de Presidente da República. As economias desses estados eram predominantemente do café e do leite respectivamente. Esses oligarcas mantinham-se assim a ordem política e econômica favoráveis aos seus Estados, mas principalmente aos Oligarcas locais.

Em uma grande coligação oposicionista em âmbito nacional a Aliança Liberal lança em 1930 a candidatura de Getúlio Vargas e João Pessoa em uma aliança entre Minas Gerais e o Rio Grande do Sul. A Aliança Liberal nasce do desentendimento dos políticos mineiros com a escolha de Washington Luís, presidente em exercício, sob a candidatura de Júlio Prestes. Washington Luís como paulista deveria lançar apoio a candidatura de um mineiro, dando sequencia assim à política do café com leite. No entanto ao lançar Julio Prestes essa dinâmica é quebrada o que faz com que Minas Gerais se una à outros Estados insatisfeitos de estarem de fora da orbita de poder que pairava sobre os dois Estados.

A Aliança Liberal era formada pelo Partido Libertador (PL), do Rio Grande do Sul, unindo-se ao Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) na Frente Única Gaúcha (FUG). Getúlio Vargas (o candidato a Presidência pela oposição) fecha um acordo de garantia ao apoio do governo que se eleito pela situação com Julio Prestes manteria o e reconheceria os candidatos da Aliança liberal para a Câmara de Deputados. Essa atitude de Vargas é resultado da insegurança gerada por uma parcela de jovens que dentro da Aliança Liberal já cogitavam pegar em armas para garantir a vitória caso as urnas não lhes favorecessem.

O acordo firmado entra Vargas e o Presidente Washington Luís, no entanto conhece seu fim mediante a radicalização da campanha. Enquanto a maioria governista da Câmara dos deputados reduz o quórum das sessões impedindo a manifestação dos deputados aliancistas, Vargas passa a viajar pelo Rio de Janeiro, São Paulo e Santos, realizando comícios que eram sempre recebidos com apoio popular.

A eleição presidencial de 1930 como as demais até ali realizadas foram com grande número de fraudes (feitas de ambos os lados) e diante desse cenário Julio Prestes foi eleito por 57,7% de votos.

Em 19 de março o líder do PRR (Partido Republicano Rio-Grandense) reconhece a vitória de Prestes e encerra a campanha da oposição. No entanto campanha política de oposição dá lugar a um movimento revolucionário que ganha corpo e através de uma organização nacional vem a resultar no fim daquele ano na deposição de Washington Luís e a tomada de poder por uma junta militar.

Getúlio Vargas assume como líder da Aliança Liberal e da Revolução que depõe o presidente em exercício antes mesmo a posse de Júlio Prestes. A Revolução de 1930 como ficou conhecida toda a movimentação do pós-eleições marcou o fim da política café com leite e o inicio de uma nova era na dinâmica de poder nacional.

Referências:

Aliança Liberal, Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/ALIAN%C3%87A%20LIBERAL.pdf>.

FAUSTO, Boris. A Revolução de 1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

FAUSTO, Boris (org.). O Brasil Republicano: economia e cultura (1930-1964). tomo 3, vol.4. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, 1995. (Col. História da Civilização Brasileira).

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