América pré-colombiana

Mestre em História Comparada (UFRJ, 2020)
Bacharel em História (UFRJ, 2018)

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As civilizações pré-colombianas podem ser divididas em três grandes grupos étnicos: os Astecas, os Maias e os Incas. Além delas, existiram grandes sociedades organizadas de formas não hierárquicas ao longo da costa e do interior brasileiro. Grandes grupos do tronco linguístico Tupi, cerâmicas sofisticadas como a marajoara. As Américas antes dos europeus eram uma grande massa terrestre, diversa e conectada.

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Astecas

Os Astecas viveram no que hoje conhecemos como México, se organizando em uma confederação de cidades (Texcoco, Tlacopán e Tenochtitlán, sendo essa última a capital e local de moradia do Imperador). Conhecidos por serem exímios guerreiros, tinham o costume de aglutinar os povos que eram derrotados pelos seus exércitos – por isso são caracterizados como multiétnicos.

Os astecas tinham na figura do imperador a concentração de poder ilimitado, estabelecido na capital Tenochtitlán. Logo abaixo estavam os sacerdotes e os guerreiros, principal camada de apoio ao governo. A terceira camada da sociedade era compreendida pela maior quantidade de pessoas distribuídas em artesãos, agricultores e servidores públicos. Havia também os escravos, em sua maioria prisioneiros de guerra.

Cidade de Tenochtitlán. Ilustração: Wikimedia Commons / CC-BY-SA 4.0

As cidades astecas serviam como estabelecimentos de troca. Seus mercados comercializavam produtos típicos como milho, tomates, carne, utensílios etc. O cacau era considerado a bebida dos deuses e suas sementes serviam como moeda para as transações comerciais.

A educação na sociedade Asteca era fundamental aos estratos sociais mais altos, onde os mais jovens aprendiam história, música, escrita e leitura pictográfica – comunicação com formas e desenhos – e religião. Eram também dedicados aos estudos astronômicos com previsões precisas de eclipses solares e lunares, considerando os céus um aliado para a agricultura e para o Império.

A religião dos Astecas era o resultado da incorporação de outros deuses de povos derrotados em guerras. Os principais deuses são Quetzalcóatl, criador do mundo e de seus habitantes caracterizado na figura de uma serpente, e Huitzilopochtli, deus do Sol e da guerra que recebia as oferendas em rituais com sacrifícios humanos. Ser sacrificado era considerado uma grande elevação espiritual e tal ato era visto como de muita honra e bravura.

Maias

A civilização Maia é considerada a mais antiga dentre as culturas pré-colombianas. Seu domínio se estendia pelos territórios do México, Honduras e Guatemala. Sua organização era baseada em cidades independentes, com seus próprios idiomas, comandadas por sacerdotes e nobres guerreiros, seguidos dos camponeses, artesãos e escravos capturados em guerras que constituíam a maior parcela da população.

Tinham na agricultura a sua base com o cultivo de itens como o milho, o cacau e o algodão. O trabalho artesanal utilizava pedras preciosas nos cestos e tecidos, prosperando o artesanato com populações vizinhas. Além disso, seus conhecimentos sobre astronomia, matemática e arquitetura eram avançados, com escrita desenvolvida e calendário de 365 dias estabelecidos de acordo com previsões astronômicas.

Tinham como seus principais deuses seres que estavam ligados à natureza e à agricultura, como o deus Chac (chuva), Centeotl (milho) e Kukulcan (vento). Algumas de suas pirâmides eram dedicadas a eles, tendo a pirâmide de Kukulcan como principal marco da fé e arquitetura maia.

Templo de Kukulcán, Chichén Itzá, México. Foto: jgorzynik / Shutterstock.com

Incas

O império pré-colombiano mais extenso da América, passando pelos atuais Chile, noroeste da Argentina, Equador, Bolívia e Peru, os Incas tinham uma sociedade organizada com forte exército e um amplo sistema de comunicação e estradas para controle de seus territórios. Tendo a cidade de Cuzco, atual Peru, como a antiga capital, seu surgimento segundo a religião Inca se deu pela criação de Manco Capac, considerado o primeiro Inca, pelo deus sol Apu Inti.

Além destes deuses, havia também Viracocha (criador universal), Mama Quilla (divindade da lua) e Apu Inti. Por serem muito ligados à fé, dedicavam esculturas de prata a eles, as quais foram roubadas e destruídas durante e após conquista espanhola. Com uma população estimada entre 5 e 14 milhões de pessoas, El Tahuantinsuyu – como o território incaico era chamado no período – compreendia uma área de 4000 quilômetros.

A gestão política e econômica girava em torno de clãs formados por laços sanguíneos, onde o Inca (chefe) encabeçava a sociedade. Abaixo dele vinham os nobres (sacerdotes, militares e políticos), os não nobres, os servos e os escravizados. Falante de quíchua, não possuíam uma escrita estabelecida e eram excelentes com números, tendo desenvolvido os quipus, um sistema de registro numérico feito com amarrações em longos cordões com cores diferentes. Tal sistema era fundamental na produção agrícola.

O declínio do império Inca começou nos anos finais do século XVI, quando rebeliões e batalhas internas aconteciam com frequência. Em 1533 a cidade de Cuzco foi conquistada pelos espanhóis e o que sobrou foram pequenos focos de insurgentes no interior que resistiam à dominação europeia até 1572, ano da morte do último grande líder Inca Tupac Amaru.

Machu Picchu, Peru. Foto: life-is-adventure / Shutterstock.com

Referências:

DE LIMA, Thais Nivia et al. Serge Gruzinski e as dinâmicas culturais na América colonial. CULTURA HISTÓRICA & PATRIMÔNIO, v. 2, n. 1, p. 60-71, 2013.

RAMINELLI, Ronald. A era das conquistas: América espanhola, séculos XVI e XVII. Editora FGV, 2013.

REGERT, Rodrigo et al. As civilizações Pré-colombianas no continente americano. Revista da UNIFEBE, v. 1, n. 18, p. 13-20, 2016.

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