As civilizações pré-colombianas podem ser divididas em três grandes grupos étnicos: os Astecas, os Maias e os Incas. Além delas, existiram grandes sociedades organizadas de formas não hierárquicas ao longo da costa e do interior brasileiro. Grandes grupos do tronco linguístico Tupi, cerâmicas sofisticadas como a marajoara. As Américas antes dos europeus eram uma grande massa terrestre, diversa e conectada.
Astecas
Os Astecas viveram no que hoje conhecemos como México, se organizando em uma confederação de cidades (Texcoco, Tlacopán e Tenochtitlán, sendo essa última a capital e local de moradia do Imperador). Conhecidos por serem exímios guerreiros, tinham o costume de aglutinar os povos que eram derrotados pelos seus exércitos – por isso são caracterizados como multiétnicos.
Os astecas tinham na figura do imperador a concentração de poder ilimitado, estabelecido na capital Tenochtitlán. Logo abaixo estavam os sacerdotes e os guerreiros, principal camada de apoio ao governo. A terceira camada da sociedade era compreendida pela maior quantidade de pessoas distribuídas em artesãos, agricultores e servidores públicos. Havia também os escravos, em sua maioria prisioneiros de guerra.
As cidades astecas serviam como estabelecimentos de troca. Seus mercados comercializavam produtos típicos como milho, tomates, carne, utensílios etc. O cacau era considerado a bebida dos deuses e suas sementes serviam como moeda para as transações comerciais.
A educação na sociedade Asteca era fundamental aos estratos sociais mais altos, onde os mais jovens aprendiam história, música, escrita e leitura pictográfica – comunicação com formas e desenhos – e religião. Eram também dedicados aos estudos astronômicos com previsões precisas de eclipses solares e lunares, considerando os céus um aliado para a agricultura e para o Império.
A religião dos Astecas era o resultado da incorporação de outros deuses de povos derrotados em guerras. Os principais deuses são Quetzalcóatl, criador do mundo e de seus habitantes caracterizado na figura de uma serpente, e Huitzilopochtli, deus do Sol e da guerra que recebia as oferendas em rituais com sacrifícios humanos. Ser sacrificado era considerado uma grande elevação espiritual e tal ato era visto como de muita honra e bravura.
Maias
A civilização Maia é considerada a mais antiga dentre as culturas pré-colombianas. Seu domínio se estendia pelos territórios do México, Honduras e Guatemala. Sua organização era baseada em cidades independentes, com seus próprios idiomas, comandadas por sacerdotes e nobres guerreiros, seguidos dos camponeses, artesãos e escravos capturados em guerras que constituíam a maior parcela da população.
Tinham na agricultura a sua base com o cultivo de itens como o milho, o cacau e o algodão. O trabalho artesanal utilizava pedras preciosas nos cestos e tecidos, prosperando o artesanato com populações vizinhas. Além disso, seus conhecimentos sobre astronomia, matemática e arquitetura eram avançados, com escrita desenvolvida e calendário de 365 dias estabelecidos de acordo com previsões astronômicas.
Tinham como seus principais deuses seres que estavam ligados à natureza e à agricultura, como o deus Chac (chuva), Centeotl (milho) e Kukulcan (vento). Algumas de suas pirâmides eram dedicadas a eles, tendo a pirâmide de Kukulcan como principal marco da fé e arquitetura maia.
Incas
O império pré-colombiano mais extenso da América, passando pelos atuais Chile, noroeste da Argentina, Equador, Bolívia e Peru, os Incas tinham uma sociedade organizada com forte exército e um amplo sistema de comunicação e estradas para controle de seus territórios. Tendo a cidade de Cuzco, atual Peru, como a antiga capital, seu surgimento segundo a religião Inca se deu pela criação de Manco Capac, considerado o primeiro Inca, pelo deus sol Apu Inti.
Além destes deuses, havia também Viracocha (criador universal), Mama Quilla (divindade da lua) e Apu Inti. Por serem muito ligados à fé, dedicavam esculturas de prata a eles, as quais foram roubadas e destruídas durante e após conquista espanhola. Com uma população estimada entre 5 e 14 milhões de pessoas, El Tahuantinsuyu – como o território incaico era chamado no período – compreendia uma área de 4000 quilômetros.
A gestão política e econômica girava em torno de clãs formados por laços sanguíneos, onde o Inca (chefe) encabeçava a sociedade. Abaixo dele vinham os nobres (sacerdotes, militares e políticos), os não nobres, os servos e os escravizados. Falante de quíchua, não possuíam uma escrita estabelecida e eram excelentes com números, tendo desenvolvido os quipus, um sistema de registro numérico feito com amarrações em longos cordões com cores diferentes. Tal sistema era fundamental na produção agrícola.
O declínio do império Inca começou nos anos finais do século XVI, quando rebeliões e batalhas internas aconteciam com frequência. Em 1533 a cidade de Cuzco foi conquistada pelos espanhóis e o que sobrou foram pequenos focos de insurgentes no interior que resistiam à dominação europeia até 1572, ano da morte do último grande líder Inca Tupac Amaru.
Referências:
DE LIMA, Thais Nivia et al. Serge Gruzinski e as dinâmicas culturais na América colonial. CULTURA HISTÓRICA & PATRIMÔNIO, v. 2, n. 1, p. 60-71, 2013.
RAMINELLI, Ronald. A era das conquistas: América espanhola, séculos XVI e XVII. Editora FGV, 2013.
REGERT, Rodrigo et al. As civilizações Pré-colombianas no continente americano. Revista da UNIFEBE, v. 1, n. 18, p. 13-20, 2016.