Observar o céu, perceber o movimento do sol, as fases da lua e interpretar os fenômenos da natureza foi atividade praticada por diversos grupos humanos desde a pré-história. Os ciclos da lua interferiam diretamente nas colheitas, as estações do ano nas formas de vida e dia e noite definiam as condições de trabalho.
A partir do século V a.C., a Grécia viu florescer diversas áreas do conhecimento. A preocupação com a natureza e com a racionalidade fizeram com que se desenvolvessem áreas como a filosofia, a medicina, a história e até mesmo a astronomia. Ainda que a sociedade grega acreditasse nos mitos e na vontade dos deuses, é a partir deste momento que a racionalidade passa a fazer parte da sociedade grega. Por isso, assim como se desenvolveram diversas áreas, a astronomia também começou a ser objeto de investigação. Era preciso buscar explicações racionais para os fenômenos da natureza. Também por isso o início da astronomia está diretamente relacionado à matemática, afinal, o conhecimento matemático foi – e ainda é – de fundamental importância para interpretação do sistema solar.
Outras sociedades já haviam desenvolvido estudos astronômicos como os mesopotâmicos e os egípcios. As trocas comerciais e culturais ocorridas entre estes diferentes povos fizeram com que os gregos conhecessem parte do que já se conhecia entre os povos do crescente fértil. Por isso, pode-se considerar que um dos primeiros pensadores a desenvolver um pensamento astronômico na Grécia Antiga tenha sido Tales de Mileto, o mesmo que foi responsável pelo desenvolvimento do pensamento matemático. Isso porque Tales de Mileto era comerciante e viajante, e teve contato com as culturas egípcias e mesopotâmicas. No campo da astronomia Tales ficou conhecido por, por meio de observações e deduções, prever um eclipse solar.
Assim como Tales Pitágoras também foi um matemático que promoveu descobertas astronômicas. Ele acreditava, também por meio de investigação e observação, que a Terra e a Lua tinham formatos esféricos, e foi o primeiro pensador a denominar o céu de cosmos.
Os astrônomos gregos dedicavam-se ao estudo da centralidade do universo, e das distâncias e volumes tanto da Lua, como da Terra e do Sol. De maneira geral pode-se afirmar que os gregos antigos tinham o pensamento geocêntrico, ou seja, acreditavam que a Terra deveria ser o centro do universo. Por estudos e observações deduziram que a Lua deveria ser mais próxima da Terra do que do sol. Este fator é fácil de se observar: a lua tem suas fases – nova, crescente, cheia e minguante – que são bastante visíveis. Caso a Lua estivesse mais próxima do sol ela se apresentaria sempre no formato da Lua Cheia, ou o mais próximo disso, concluíram. Além dos cálculos e dos estudos sobre Terra, Sol e Lua, seus volumes e distâncias, atribui-se aos gregos antigos o conhecimento e a nomeação de muitas constelações do hemisfério norte.
Aristarco de Samos foi o primeiro cientista a propor o heliocentrismo (a Terra gira em torno do Sol).
É preciso entender que a astronomia na Grécia Antiga se espalhou pelo mundo e foi diretamente influenciada pelo conhecimento já desenvolvido de outras sociedades. Entretanto, a astronomia e a busca por explicações dos fenômenos naturais e o seu cálculo marcam a transição para uma sociedade pautada na racionalidade, que buscava uma explicação advinda do estudo e da observação para o que, até então, estava restrito ao campo da religiosidade.
Referências:
FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2002.
MOL, Rogerio dos Santos. Introdução à história da Matemática. Belo Horizonte: CEAD – UFMG, 2013.
LOPES & LOPES. Aplicações da Astronomia e da Geometria. Rev. Integração, 2014