Como surgiram as Universidades?

Por Caroline Faria
Categorias: Educação, História, Universidades
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Imagine uma universidade comandada pela Igreja, com as aulas acontecendo em salões e, ao invés de muitos alunos jovens (alguns ainda com espinha no rosto), um monte de senhores maduros que ainda pagam para assistir às aulas de que necessitam. Imaginou? Assim eram as primeiras universidades.

Universidade de Bolonha, Itália. Foto: Kevin George / Shutterstock.com

Universidade de Bolonha, Itália. Foto: Kevin George / Shutterstock.com

A primeira universidade de que se tem notícia é a de Bolonha, Itália, criada em 1150 e que funcionava como foi descrito acima. Naquela época o conhecimento era privilégio de poucos e apenas quem podia pagar se associava a outros interessados para contratar um professor sobre algum dos temas das chamadas “essências universais”. Daí o nome de “universidade”.

No fim do século XII a universidade de Bolonha incorporou o primeiro curso de Direito com as disciplinas de retórica, gramática e lógica.

A segunda universidade mais antiga é a Universidade de Paris (Sorbonne), fundada em 1214.

Antes disso, as únicas instituições comparáveis às universidades eram os mosteiros que se dedicavam ao estudo da teologia, filosofia, literatura e eventos naturais sob o ponto de vista da religião, mas que, por muito tempo, foram os responsáveis pela preservação da cultura e dos conhecimentos da época.

Fora isso, podemos considerar também os estudiosos “livre-pensadores” como os alquimistas e os filósofos, principalmente os gregos, como Aristóteles (384-322 a.C.) que dava aulas públicas no jardim de sua casa, o Lyceum, e que sozinhos ou em grupos dedicavam a vida à tentativa de entender e modificar o mundo a sua volta.

Se os filósofos clássicos foram os responsáveis por libertar a sociedade da época do misticismo excessivo, discutir os melhores meios de ordenar o conhecimento e dar forma ao pensamento lógico e à ética, a Igreja, por outro lado, fez com que o conhecimento por muito tempo se relegasse a uma tentativa de explicar o universo (que eles ainda nem imaginavam o que seria) por meio de Deus e corroborar o que havia sido escrito nas Sagradas Escrituras. Qualquer manifestação que fosse contrária a isso era considerado heresia, incluindo os estudos dos alquimistas e filósofos que por muito tempo foram perseguidos. Mas, durante o final da Idade Média esse pensamento começou a ser questionado e logo as associações estudantis foram adquirindo direitos.

Em 1158, os alunos de Bolonha, que eram em sua maioria estrangeiros, ganharam imunidade contra algumas prisões, foram dispensados de pagar impostos e do serviço militar. Na Universidade de Paris, eles eram poupados da Justiça Comum e, conquanto não cometessem heresia ou ateísmo, só podiam ser julgados por tribunais eclesiásticos.

Até os campi surgiram de uma necessidade: a de garantir a ordem e a paz. Visto que os estudantes eram, em sua maioria estrangeiros, havia certa desconfiança, e vez ou outra acabava ocorrendo conflitos com os moradores locais.

O surgimento das universidades na Europa possibilitou a disseminação do pensamento crítico que acabaria por desencadear o Renascimento e, mais tarde o Iluminismo.

No Brasil, foi fundada em 1808, a Escola de Cirurgia da Bahia. A primeira dedicada ao ensino superior em terras brasileiras. Mais tarde, vieram as Faculdades de Direito, uma em São Paulo e outra em Olinda, em 1927. E, por fim, a primeira universidade de fato (com cursos de diversas áreas), a Universidade do Rio de Janeiro, criada em 1920.

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