A Guerra do Paraguai ocorreu na América do Sul entre 1864 e 1870 e envolveu quatro países: Brasil, Argentina e Uruguai de um lado, formando a Tríplice Aliança, e o Paraguai do outro. O conflito se estendeu por anos e foi marcado pela violência, deixando muitos mortos por todos os lados. Envolveu número expressivo de homens: o exército paraguaio era composto de aproximadamente 64 mil homens, enquanto Brasil, Argentina e Uruguai somavam 27 mil homens. Com o avançar do conflito foram recrutados mais voluntários para lutarem os combates. Estima-se que a Guerra do Paraguai foi responsável por mobilizar quase 200 mil brasileiros, que foram os alistados no exército regular ou compuseram os batalhões da Guarda Nacional e dos Voluntários da Pátria.
Buscando fugir do conflito senhores de escravos cediam cativos para lutarem na Guerra do Paraguai em seu lugar ou no lugar de seus filhos. A zona de guerra era repleta de morte, doenças – como a cólera - e dificuldades de todas as ordens. Por isso aqueles que combateram durante a Guerra do Paraguai foram considerados heróis da pátria e, aqueles que antes eram escravizados e saíram vivos do conflito (o que era difícil) ganhavam a liberdade ao retornarem. Este direito foi constituído por lei, aprovada em 1866 justamente para dar conta desta demanda da guerra.
Foi também a Guerra do Paraguai – e as narrativas heroicas sobre ela – que alguns militares ficaram famosos na história do Brasil: é o caso de Joaquim Marques Lisboa, o Almirante Tamandaré, da Marinha do Brasil; Manuel Luís Osório, ou General Osório, líder do exército brasileiro; e Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, conhecido como pacificador, e posteriormente escolhido patrono do exército brasileiro.
A Guerra do Paraguai terminou em 1870 quando o exército brasileiro derrotou o exército paraguaio, já bastante cansado, composto em sua maioria de velhos e doentes depois de tantos anos. Foi neste contexto que Solano López foi morto, em primeiro de março de 1870. Como resultado do conflito temos o Paraguai derrotado e arrasado, perdendo parte de seu território, que passou a fazer parte do território brasileiro. São exemplos do território conquistado após a guerra as cidades de Pato Branco e Francisco Beltrão no Paraná; São Miguel do Oeste em Santa Catarina; Ponta Porã e Dourados em Mato Grosso do Sul.
As maiores consequências da Guerra do Paraguai certamente foram as mortes nos quatro países envolvidos no conflito. O Paraguai perdeu uma grande parte da sua população, especialmente entre os homens. A tríplice aliança também viu morrer boa parte de seus jovens combatentes.
Por conta da alta mortalidade nos combates e do alistamento forçado, especialmente da população pobre e também dos escravizados – que eram enviados para a guerra no lugar dos senhores – a Guerra acabou atingindo diretamente a população pobre e negra. Para dar conta da manutenção da guerra o Brasil recorreu à Inglaterra, aumentando, com isso, a sua dívida com a nação europeia.
Uma força que se consolidou neste fim de século XIX foi o Exército, que se tornou um importante personagem político no último ato do Império brasileiro. Assim, a popularidade da monarquia foi diminuindo, enquanto outras forças ganhavam projeção e destaque na política nacional. A partir de 1870, quando teve fim a Guerra do Paraguai, o exército se manteve como uma importante força política e as elites civis, por diversas razões, enriqueceram. Não à toa é na década de 1870 que o Partido Republicano se formou e marcou os últimos anos de monarquia no Brasil.
A Guerra do Paraguai viu crescerem duas importantes lideranças republicanas, que participaram do conflito: Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente após a proclamação da República; e Floriano Peixoto, o segundo presidente militar. Fato é que o fim do império e o início turbulento da república foram marcados pela ação direta dos militares, que protagonizavam as crises e disputas políticas que ocorriam no final do século XIX. O novo período foi marcado por uma modernização conservadora e pelas forças armadas conduzindo a república.
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