É denominada crise da dívida no Brasil o episódio econômico experimentado pelo país durante as décadas de 70 e 80 do século XX de má gestão de dinheiro captado no exterior, e que por isso mesmo, fomentou a paralisação do crescimento econômico brasileiro por uma década inteira (a década de 80, conhecida como "década perdida").
O episódio da crise da dívida brasileira tem início em outra crise, a do petróleo, de 1973. Repentinamente, os preços do produto disparam, e os que mais lucraram com isso foram os produtores de petróleo, em sua maioria países árabes. Estes, logicamente, depositaram seus dividendos nos bancos ocidentais, os mesmos grandes bancos fontes de empréstimos para os países em desenvolvimento que costumam se utilizar de empréstimo para colocar em prática suas políticas de desenvolvimento, e entre tais países, na época, estava o Brasil.
Os grandes bancos, prevendo ganhos astronômicos, mais que depressa emprestaram dinheiro ao Brasil, entre tantos outros países, sem obter garantias reais de como se faria a devolução do dinheiro. O Brasil de então, no auge da ditadura militar, com um governo que fazia praticamente o que queria, sem prestar contas de seus desmandos, desperdiçou por completo o dinheiro vindo do estrangeiro.
A crise do petróleo, bem como a recessão que já estava sendo experimentada pelos EUA, faz com que o mundo capitalista experimente uma recessão à época. Isso contribui para que os países desenvolvidos passem a consumir menos commodities como o café e o cacau, importantes para as economias dos países em desenvolvimento. Assim, estes defrontam-se com enormes dívidas a serem pagas e pouco dinheiro para saldá-las, pois os produtos de exportação, fonte do dinheiro, não estavam vendendo como o esperado. É deste círculo de corrupção, especulação e avidez que surge uma danosa crise da dívida da qual o Brasil custou a se livrar.
Para piorar a situação, os Estados Unidos aumentaram a percentagem das taxas cobradas a produtos importados como modo de combater sua inflação, que à época, ameaçava a economia doméstica. Os outros países desenvolvidos fazem o mesmo, e os investidores internacionais passam a comprar dólares, com o aumento das taxas, esperando obter lucro. Assim, os países possuidores de dívidas se viam esmagados em dois pontos: em um, viam-se forçados pelos bancos a pagarem suas dívidas; de outro lado, como seus produtos não vendiam o suficiente, eram forçados a recorrer a mais empréstimos, a juros mais altos, endividando-se mais ainda.
A crise da dívida tornou-se notória quando o México anunciou moratória em 1982, recusando-se a pagar a sua dívida astronômica. Já na entrada da década, o Brasil estava virtualmente quebrado, sendo um dos fatores que levaram ao desmantelamento do regime militar.
A solução para a crise da dívida não foi rápida, sendo que em 1983 o Brasil assinará um acordo com o FMI, permitindo a rolagem da dívida com os bancos credores. Com a reestruturação e liberalização de sua economia, e por meio dos cumprimentos do acordo com o FMI (salvo o breve mal-estar causado pela moratória de 1987), o Brasil lentamente resolve o problema, que irá persistir até o final da década de 90.
Bibliografia:
A Crise da dívida. Disponível em: <http://tilz.tearfund.org/webdocs/Tilz/Topics/Other%20advocacy%20training%20materials/AdvdebtP%20-%202-3.pdf> Acesso em: 21 ago. 201