Durante a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), enquanto os países da Europa estavam completamente envoltos no processo da guerra, e portanto com suas indústrias e produções afetadas, os Estados Unidos passam a suprir a demanda da Europa de produtos como aço, comida, máquinas, carvão entre outros itens básicos para a manutenção da guerra. Desde a Guerra de Secessão os Estados Unidos (861 -1865) produziam armas e munições em larga escala, e estando do outro lado do Oceano Atlântico se beneficiava produzindo para suprir a necessidade da Guerra, com praticamente nenhum ataque em seu território.
Até aquele momento a Grã-Bretanha era considerada a nação da supremacia econômica mundial, ditando através do valor do ouro toda a economia. Porém é a partir desse contexto da Primeira Guerra Mundial que a Inglaterra perde sua posição e os EUA passam a ocupar seu lugar.
A euforia econômica nos Estados Unidos começou no início da década de 1920, onde grandes empresas passam a investir em títulos na bolsa. A economia demonstrava um mar infinito de possibilidades. O consumo exagerado, altos lucros e toda a cultura do “American Way of Life” ou Modo de Vida Americano. Toda uma cultura construída sobre os pilares do mercado e do consumo.
O cinema tornou-se uma febre nessa época. A produção, principalmente de bens de consumo duráveis como os carros encararam seus melhores índices. Eram os “Loucos anos 20”. Todos viviam no apogeu do capitalismo. No entanto, desse crescimento se projetou aquela crise que é considerada como a maior que o Capitalismo já encarou. Uma crise sistêmica, onde o modelo capitalista até ali vencedor entra em decomposição. A economia que em boa parte girava entorno da especulação na bolsa e, portanto artificial, assim encontrou seu limite e rompe no momento da “Quebra da Bolsa de Nova York” em 24 de outubro de 1929.
Quebra da Bolsa de Valores de Nova York
Os principais fatores que levaram ao “Crash” foram resultado da própria euforia econômica. O aumento no consumo fez com que indústrias também aumentassem suas produções, no entanto em determinado momento já não havia mais mercado para uma produção tão extensa o que fez com que inúmeras industrias começassem a falir por não conseguirem vender suas produções.
Outro fator da grande crise foi a superprodução agrícola. O mercado agrícola tal como das indústrias, acompanhando o crescimento do consumo passou a produzir mais do que o mercado tinha capacidade de absorver. Principalmente a produção do trigo foi afetada pelo momento de retração do mercado.
A quebra da bolsa foi o auge da crise. Enquanto a euforia econômica dominava o mercado Norte Americano, milhares de pessoas passaram a investir em ações de empresas, no entanto ao encararem a crise de superprodução as ações dessas empresas passam a cair dia após dia. Na chamada “Quinta Feira Negra”, 24 de outubro de 1929, ocorre a "quebra da bolsa", dia que essas ações atingiram os mais baixos valores. Enquanto milhares de investidores tentam vender suas ações, ninguém as compra por terem noção da crise que se abateu sobre o mercado.
Diante da quebra da bolsa e da queda dos valores das ações e da crise que se abateu sobre o mercado onde ninguém mais investia ou comprava os produtos encalhados em estoques, a industria não precisa mais da mão de obra antes empregada para dar conta da demanda. Altos índices de desempregados, pessoas que antes viviam o estilo capitalista Norte Americano não possuíam mais nem o que comer.
Nesses dias os números de suicídios acompanharam a crise, crescendo entre aqueles que em um dia estavam ricos e no outro nada mais possuíam. Donos de bancos que emprestavam dinheiro e encararam a falência, empresários e operários que não possuíam mais seus empregos. A economia Norte Americana travou.
O mundo observava atônito toda àquela crise que atingiam cada país que mantinha laços econômicos com a Bolsa Norte Americana. Todos os países que exportavam produtos para os Estados Unidos passaram a sofrer com seus estoques abarrotados já que os americanos estavam importando menos. Com isso o mundo encara um momento de crise sistêmica e diversas propostas surgem para salvar o sistema.
No Brasil o principal produto de exportação era o Café, e o governo de Getúlio Vargas ao ver os estoques abarrotados e o valor das sacas despencando, toma uma atitude e manda queimar as sacas sobressalentes. Isso acontece já em 1930.
A Grande Depressão segue em decorrência da Queda da Bolsa. Todo o efeito negativo que se cria na economia mundial é devido à avaria da bolsa de Nova York. A década de 1930 se iniciada em grande conturbação devido a Depressão econômica e a crise sistêmica pela qual passa o capitalismo.
Também em decorrência a crise sistêmica do capitalismo e à Grande Depressão países europeus como Alemanha e Itália irão, na busca pela salvação do sistema capitalista, desenvolver seus meios próprios de economia, buscando a proteção nacional. Itália, Alemanha e Japão passam a desenvolver a Política de Agressão, visando posicionarem-se contrários aos rumos tomados pela economia mundial.
New Deal e uma nova guerra
Nos Estados Unidos da América em 1933 o Presidente Roosevelt é eleito e implementa um Plano chamado New Deal, que buscava restabelecer o mercado através da fiscalização do Estado aos empresários e à especulação na bolsa de valores. Dentre as medidas tomadas estava a ampliação das obras públicas, visando o aumento das vagas de emprego, a criação de empresas estatais, o restabelecimento das indústrias que passam a produzir para suprir as obras de estradas, canais, portos, escolas, moradias e canais de irrigação. Entre tantas medidas, o governo de Roosevelt promove leis de proteção aos trabalhadores e desempregados, onde esses detivessem a mínima oportunidade de participação no mercado. Roosevelt faz a roda econômica voltar a girar, promovendo emprego e dinheiro para o mercado.
O programa do New Deal teve sua parcela de sucesso, no entanto, a Grande Depressão só iria conhecer os seus dias finais com o inicio da Segunda Guerra Mundial. É uma nova guerra que trará de volta os dias de ouro à economia Norte Americana, quando o Estado passa a deter o poder de fato sobre a economia promovendo grandes exportações para suprir a guerra.
Em 1939 a Política de Agressão da Alemanha, liderada por Hitler chegaria ao seu auge na invasão à Polônia, o que deu inicio à Segunda Guerra Mundial.
Referências bibliográficas:
Brener, Jayme. 1929 - A Crise que Mudou o Mundo. Rio de Janeiro: Ática, 2006.
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KARNAL, Leandro. Os textos de fundação da América: a memória da crônica e a alteridade. Ideias, n. 1, v. 11, Campinas, p. 9-14, 2004.
PANPLONA, Marco Antônio. Revendo o sonho americano: 1890-1972. São Paulo: Atual, 1996.