Diretório (Revolução Francesa)

Mestra em História (UFRJ, 2018)
Graduada em História (UFRJ, 2016)

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O termo Diretório costuma ser utilizado, no contexto da Revolução Francesa, para designar um período de governo mais conservador, liderado pela alta burguesia, que sucedeu à Convenção Nacional jacobina e durou até a ascensão de Napoleão Bonaparte.

Após a radicalização política ocorrida durante o Período do Terror, o governo jacobino liderado por Maximilien Robespierre se enfraqueceu, ficando vulnerável a um golpe ocorrido em 27 de julho de 1794 (9 Termidor de acordo com o calendário da Revolução). Após a rápida execução dos principais líderes jacobinos, o partido conhecido como Pântano ou Planície tomou o controle da Convenção, executando uma série de medidas de caráter moderador, como a revogação da lei que limitava os preços de artigos de primeira necessidade e a libertação de presos políticos.

Em 1795, uma nova Constituição foi promulgada. O documento defendia a importância da propriedade para a manutenção da ordem social, definindo que o voto seria universal a todos os homens adultos alfabetizados. Entretanto, estes eleitores apenas votariam para eleger “super eleitores” que escolheriam os membros do Corpo Legislativo, que deveriam necessariamente ter fortuna considerável. Logo, a participação popular na política francesa foi severamente reduzida. Além disso, o Corpo Legislativo em si era dividido em duas câmaras: o Conselho dos Quinhentos e o Conselho dos Anciões (ou Antigos). O Poder Executivo em si, conhecido como Diretório, seria exercido por cinco homens escolhidos pelos Anciões.

Embora o governo do Diretório enfrentasse oposição tanto dos monarquistas quanto dos jacobinos, ainda conseguiu estabelecer certa estabilidade à França por meio do desenvolvimento econômico das indústrias têxteis e metalúrgicas, beneficiadas pela inflação decorrente da revogação da Lei do Máximo. Um aliado fundamental para manter a nação em ordem era o Exército, que não apenas continha as eventuais revoltas internas, mas também liderava as ofensivas das guerras contra as potências absolutistas. Neste sentido, um nome fundamental era o do jovem general Napoleão Bonaparte, que comandou a vitória contra a Áustria. Em outubro de 1797, foi assinada a paz de Campofórmio, que estendeu os domínios de França e, na prática, desfez a Primeira Coligação que lutava contra a França desde 1792.

Napoleão Bonaparte, detalhe de retrato pintado por Jacques-Louis David, 1812.

Ainda assim, todas essas vitórias no campo internacional não poderiam compensar os desafios que o Diretório enfrentava internamente em sua busca pela consolidação de uma República francesa conservadora liderada pela burguesia. Em 4 de setembro de 1797 (18 Fructidor de acordo com o calendário da Revolução), ocorreu novo golpe liderado pelos conservadores: desta vez, os monarquistas que haviam ganhado a maioria nas eleições para o Corpo Legislativo foram o alvo. Mais de 50 deles foram enviados para o exílio na Guiana. Além disso, a imprensa foi colocada em vigilância e mecanismos repressores foram colocados em ação sobre pessoas relacionadas aos exilados. Assim, os membros do Diretório mantiveram-se no poder pela força, o que fortaleceu ainda mais o descontentamento político de uma população cansada da inflação crescente e da corrupção do governo.

Temendo a queda do modelo revolucionário burguês, empresários e banqueiros apoiaram outro golpe político que objetivava a instalação de um nome forte no governo para preservar a República francesa. Assim, em 9 de novembro de 1799 (18 Brumário de acordo com o calendário da Revolução), o popular general Napoleão Bonaparte liderou a derrubada do Diretório, instalando o Consulado. Tratava-se do início de uma trajetória que culminaria em uma ditadura por parte de Bonaparte e, depois, à sua ascensão como imperador dos franceses em 1804. Como um todo, o período é conhecido como Era Napoleônica, e marca a solidificação dos ideais burgueses no governo francês.

Bibliografia

FERNANDES, Luiz Estevam de Oliveira; FERREIRA, João Paulo Mesquita Hidalgo. “Revolução Francesa”. In: Nova História Integrada – Ensino Médio Volume Único. Campinas: Companhia da Escola, 2005. pp. 266-267.

LIMA, Lizânias de Souza; PEDRO, Antonio. “Da revolução iluminista à Revolução Francesa”. In: História da civilização ocidental. São Paulo: FTD, 2005. pp. 258-259.

https://operamundi.uol.com.br/politica-e-economia/7192/hoje-na-historia-1795-na-franca-constituicao-do-ano-iii-instaura-o-diretorio

http://conferencias.fflch.usp.br/sdpscp/VIIsemDCP/paper/view/1866

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