As disputas sobre a Caxemira são essenciais para analisar as relações entre os países asiáticos pós-independência. A maior parte do território, situada ao sul, é controlada pela Índia. Já o Paquistão é responsável por administrar a parte do oeste e norte. A China, por sua vez, exerce poder sobre o leste da Caxemira.
A região é alvo de conflitos de caráter territorial e religioso, envolvendo as grandes potências asiáticas. O território da Caxemira possui, principalmente, uma importância geográfica, já que, além de fazer fronteira com países, como Paquistão e Índia, também contém dois rios essenciais para o continente asiático: o Rio Ganges e o Indo. Nesse sentido, o conflito também toca em questões econômicas pela relevância hidrográfica da região. Por isso, é necessário compreender as origens desses impasses e de que forma reverberam em questões do século XXI.
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O início das disputas
A independência do Raj Britânico, em 1947, foi essencial para que novas relações fossem estabelecidas entre os países independentes. Os países recém-formados não possuíam fronteiras bem definidas, já que, anteriormente, faziam parte de um mesmo território. Por isso, com a dissolução da Índia Britânica, a independência do Paquistão e da própria China, inicia-se uma disputa para a anexação de novos territórios. Dentre essas regiões está, justamente, a Caxemira.
Ainda em 1947, o marajá da Caxemira, Hari Singh, acreditava que, não escolhendo nenhum dos dois países para ser anexado, seria possível conseguir a independência da própria região. No entanto, revoltas internas foram responsáveis pela assinatura do tratado de anexação com a parte indiana em outubro de 1947. A assinatura deste documento iniciou a disputa entre Paquistão e Índia. Por um lado, os paquistaneses não aceitaram a anexação e utilizaram o argumento de haver uma população majoritariamente islâmica (a mesma religião do país) para realizar a anexação. Por outro, os indianos tinham como pretexto de assegurá-la.
As Guerras Indo-Paquistanesas e a entrada chinesa na disputa
As Guerras Indo-Paquistanesas ocorreram em três momentos diferentes da História: em 1947, 1965 e 1971. A primeira apresentou como consequência a incorporação de uma parte do território da Caxemira ao Paquistão. Além disso, seu fim ocorreu por meio de uma interferência externa das Nações Unidas através de um pedido de cessar-fogo.
Assim, em 1949, Índia e Paquistão realizaram, pela primeira vez, uma divisão administrativa da região, a partir de uma linha de controle. Entretanto, as últimas duas guerras, 1965 e 1971, foram essenciais para a ocupação majoritária da Índia sobre a Caxemira. Conquistando sua parte mais produtiva, valiosa e populosa.
Além dessas disputas, em 1962, Índia e China competiram pelo território, ocasionando na vitória chinesa que conquistou a parte leste da região. Esse conflito demonstrou o poder e os interesses chineses e inaugurou sua entrada oficial na disputa sobre o território da Caxemira.
Conflitos internos
A Caxemira possui uma população de maioria muçulmana, no entanto, a maior parte de seu território é comandada pela Índia, de religião hindu, situação que contribui para a atmosfera conflitante. Aliado a isso, as altas taxas de desemprego e a violência indiana desencadeiam rebeliões como as de 1989 e 2016.
A última teve como estopim a morte de um dos líderes das rebeliões, Burhan Wani. A partir disso, os revoltosos concebem o futuro da Caxemira somente de duas formas: ou a independência da região em relação à Índia, ou a anexação feita pelo Paquistão, onde a religião é a mesma. Por isso, muitas dessas rebeliões são financiadas pelo próprio Paquistão.
As disputas entre Índia e Paquistão no século XXI
Com a transformação dos dois países, durante o século XX, em potências nucleares, iniciou-se uma nova relação no século XXI. Em 2003 um cessar-fogo foi declarado, no entanto, uma sequência de ataques mútuos ocorreram no início de 2019.
Alternando entre momentos mais diplomáticos e de hostilidade de ambos os lados, ainda é difícil conceber um fim para a disputa que se iniciou em 1947.
Referências bibliográficas:
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FERREIRA, Luiza. O lugar do povo da Caxemira na disputa entre Índia e Paquistão: o que muda com o novo cessar-fogo? Disponível em: http://petrel.unb.br/destaques/125-o-lugar-do-povo-da-caxemira-na-disputa-entre-india-e-paquistao-o-que-muda-com-o-novo-cessar-fogo
JUNIOR, Edson Jose Neves. A disputa pela Caxemira entre Índia e Paquistão: nacionalismo hindu e perfil de forças militares. Disponível em: https://rbed.abedef.org/rbed/article/view/75183
Folha de São Paulo. Entenda a disputa pela Caxemira. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0408200011.htm
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BBC, Os dois territórios disputados por China e Índia que estremecem as relações entre os dois gigantes. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-40443826