Lista de questões sobre o período da escravidão no Brasil. Ler artigo Escravidão no Brasil.
Que aspecto histórico da escravidão no Brasil do séc. XIX pode ser identificado a partir da análise do vestuário do casal retratado acima?
O uso de trajes simples indica a rápida incorporação dos ex-escravos ao mundo do trabalho urbano
A presença de acessórios como chapéu e sombrinha aponta para a manutenção de elementos culturais de origem africana
O uso de sapatos é um importante elemento de diferenciação social entre negros libertos ou em melhores condições na ordem escravocrata.
A utilização do paletó e do vestido demonstra a tentativa de assimilação de um estilo europeu como forma de distinção em relação aos brasileiros.
A adoção de roupas próprias para o trabalho doméstico tinha como finalidade demarcar as fronteiras da exclusão social naquele contexto.
Shopping de SC decide fechar exposição acusada de naturalizar a escravidão
O Shopping Continente, na cidade de São José, em Santa Catarina, informou que decidiu retirar de suas dependências a exposição “Negras Memórias”. A mostra, que exibia peças e documentos originais do período da escravidão no Brasil, foi acusada por historiadores de reproduzir o discurso escravista. A crítica foi gerada especificamente por uma legenda explicativa fixada em um tronco usado para agredir escravos. [...] “Foi um instrumento utilizado para castigar os escravos rebeldes que haviam cometido delitos ou tinham mau comportamento. Ao contrário do que o senso comum acredita, a maioria dos escravos não sofria maus-tratos cotidianamente. Os instrumentos de punição, assim como este tronco, eram usados em situações específicas. A responsabilidade pelos atos dos escravos eram (sic) dos seus donos, portanto, quando algum deles cometida (sic) um roubo, deveria ser punido e ir para o castigo. Assim, serviria de exemplo para outros escravos infratores.”
Disponível em: <http://painelacademico.uol.com.br/painel-academico/9240-shopping-de-sc-decide-fechar-exposicao-acusada-de-naturalizar-a-escravidao#>. [Adaptado]. Acesso em: 15 ago. 2017.
Sobre o cotidiano de trabalho escravo no Brasil, é correto afirmar que:
a resistência dos africanos e dos afrodescendentes nas diversas regiões em que se empregou a mão de obra escrava assumiu diferentes formas, de revoltas violentas à preservação de valores e tradições de suas culturas de origem.
nos centros urbanos, era comum a existência de “escravos de ganho”, ou seja, negros escravizados que trabalhavam por conta própria e entregavam parte do ganho ao seu senhor.
na produção açucareira, os negros escravizados participavam apenas de parte do processo de produção de açúcar, não exercendo trabalhos mais especializados.
a criação de irmandades religiosas voltadas à participação dos trabalhadores escravizados foi muito importante no processo de homogeneização cultural dos africanos que chegavam à América portuguesa.
o texto apresentado na exposição é equivocado por naturalizar a violência sofrida pelos negros escravizados sem abordar os processos de resistência àquela condição social.
os negros escravizados não sofriam maus-tratos cotidianamente, pois, ao contrário do senso comum, estudos recentes têm dado conta do grande poder de negociação que eles tinham com seus senhores.
o trabalho escravo em Nossa Senhora do Desterro foi empregado, por exemplo, na pesca baleeira, visando à produção de óleo, muito comum na região entre os séculos XVIII e XIX.
Em um recenseamento realizado em 1872 como parte das políticas do Segundo Reinado, 58% dos residentes no país (que responderam ao recenseamento) declaravam-se pardos ou pretos e 38% se diziam brancos. Apesar da superioridade numérica, existe muito desconhecimento no que diz respeito às condições de vida das populações africanas e afrodescendentes que residiam no Brasil, durante o Período Imperial.
A respeito destas condições e a partir de seus conhecimentos, analise as proposições.
I. Antes da abolição da escravatura, não havia nenhuma possibilidade de conquista da liberdade por parte dos escravizados e das escravizadas. II. Africanos e afrodescendentes escravizados e escravizadas formavam uma unidade política extraoficial e lutavam todos pelas mesmas causas, na medida em que possuíam os mesmo costumes, religiões e idiomas. III. A “Revolta dos Malês”, ocorrida no século XIX, é um exemplo contundente da diversidade existente entre africanos e afrodescendentes escravizados e escravizadas.
Assinale a alternativa correta.
Somente a afirmativa I é verdadeira.
Somente a afirmativa II é verdadeira.
Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
Somente a afirmativa III é verdadeira.
“A unidade básica de resistência no sistema escravista, seu aspecto típico, foram as fugas. (...) Fugas individuais ocorrem em reação a maus tratos físicos ou morais, concretizados ou prometidos, por senhores ou prepostos mais violentos. Mas outras arbitrariedades, além da chibata, precisam ser computadas. Muitas fugas tinham por objetivo refazer laços afetivos rompidos pela venda de pais, esposas e filhos. (...) No Brasil, a condenação [da escravidão] só ganharia força na segunda metade do século, quando o país independente, fortemente penetrado por ideias e práticas liberais, se integra ao mercado internacional capitalista. (...) “Tirar cipó” – isto é, fugir para o mato – continuou durante muito tempo como sinónimo de evadir-se, como aparece no romance A carne, de Júlio Ribeiro. Mas as fugas, como tendência, não se dirigem mais simplesmente para fora, como antes; se voltam para dentro, isto é, para o interior da própria sociedade escravista, onde encontram, finalmente, a dimensão política de luta pela transformação do sistema. “O não quero dos cativos”, nesse momento, desempenha papel decisivo na liquidação do sistema, conforme analisou o abolicionista Rui Barbosa”. REIS, João José. SILVA, Eduardo. Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 62-66-71.
“A unidade básica de resistência no sistema escravista, seu aspecto típico, foram as fugas. (...) Fugas individuais ocorrem em reação a maus tratos físicos ou morais, concretizados ou prometidos, por senhores ou prepostos mais violentos. Mas outras arbitrariedades, além da chibata, precisam ser computadas. Muitas fugas tinham por objetivo refazer laços afetivos rompidos pela venda de pais, esposas e filhos. (...) No Brasil, a condenação [da escravidão] só ganharia força na segunda metade do século, quando o país independente, fortemente penetrado por ideias e práticas liberais, se integra ao mercado internacional capitalista. (...) “Tirar cipó” – isto é, fugir para o mato – continuou durante muito tempo como sinónimo de evadir-se, como aparece no romance A carne, de Júlio Ribeiro. Mas as fugas, como tendência, não se dirigem mais simplesmente para fora, como antes; se voltam para dentro, isto é, para o interior da própria sociedade escravista, onde encontram, finalmente, a dimensão política de luta pela transformação do sistema. “O não quero dos cativos”, nesse momento, desempenha papel decisivo na liquidação do sistema, conforme analisou o abolicionista Rui Barbosa”.
REIS, João José. SILVA, Eduardo. Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 62-66-71.
Analise as proposições em relação à escravidão e à abolição no Brasil.
I. O Brasil foi o último país independente do continente americano a abolir a escravidão, mantendo-a por praticamente todo o período imperial. II. Milhões de pessoas foram trazidas de diferentes regiões africanas para o Brasil e escravizadas ao longo de mais de três séculos. Contudo, a mão de obra escrava, no Brasil, não foi exclusivamente africana. III. A lei Eusébio de Queiróz, em 1850, cessou a compra e a venda de escravos no Brasil, e a pressão inglesa foi significativa para a promulgação desta lei. IV. O fim da escravidão, no Brasil, se deu com a promulgação da Lei Áurea em 13 de maio de 1888, não tendo os escravos participado do processo de abolição. V. Após a abolição, o estado brasileiro não ofereceu condições adequadas para que os ex-escravos se integrassem no mercado de trabalho assalariado, tendo a imigração europeia sido justificada, inclusive por teorias raciais.
Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras.
Somente as afirmativas I, II e V são verdadeiras.
Somente as afirmativas III, IV e V são verdadeiras.
Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
“[...] A família compõe-se da mulher e de uma preta escrava, comprada com outra, há muitos anos, e às escondidas, por serem de contrabando. Dizem até que nem as pagou, porque o vendedor faleceu logo sem deixar nada escrito. A outra preta morreu há pouco tempo; e aqui vereis se este homem tem ou não o gênio da economia; Sales libertou o cadáver... E o santo bispo calou-se para saborear o espanto dos outros. – O cadáver? – Sim, o cadáver. Fez enterrar a escrava como pessoa livre e miserável, para não acudir às despesas da sepultura.” ASSIS, Machado de. Várias histórias. 3. ed. São Paulo: Martins Claret, 2013, p. 28.
“[...] A família compõe-se da mulher e de uma preta escrava, comprada com outra, há muitos anos, e às escondidas, por serem de contrabando. Dizem até que nem as pagou, porque o vendedor faleceu logo sem deixar nada escrito. A outra preta morreu há pouco tempo; e aqui vereis se este homem tem ou não o gênio da economia; Sales libertou o cadáver... E o santo bispo calou-se para saborear o espanto dos outros. – O cadáver? – Sim, o cadáver. Fez enterrar a escrava como pessoa livre e miserável, para não acudir às despesas da sepultura.”
ASSIS, Machado de. Várias histórias. 3. ed. São Paulo: Martins Claret, 2013, p. 28.
Com base no texto, analise as proposições.
I. Esse modelo de família em que os senhores convivem em harmonia familiar com seus escravos é típico de uma economia minifundiária e de escravidão urbana, tal como a que predominou em Santa Catarina no século XIX; a harmonia é garantida pelo convívio direto e cotidiano entre senhores e escravos no mesmo ambiente doméstico, eliminando, dessa forma, a segregação racial. II. O modelo de família relatado na ficção de Machado de Assis possui ramificações até os dias atuais, uma vez que, em algumas situações as empregadas domésticas fazem parte dos lares da família brasileira, em ambientes separados: quarto e banheiro de empregada, elevador de serviço e uso obrigatório de uniformes para não serem confundidas com pessoas da família a que prestam serviços. III. Ao usar a expressão “preta escrava”, para se referir a uma mulher afrodescendente do século XIX, Machado de Assis demonstra todo seu preconceito racial, devendo, por isso, ser abolido do universo literário de formação de jovens na atualidade, pois fomenta a discriminação e o preconceito. IV. Com a expressão: “Sales libertou o cadáver” o narrador ressaltou o caráter benevolente e cristão do proprietário da escrava que, após sua morte, resolveu conceder-lhe a liberdade para que fosse enterrada como pessoa livre. V. Da passagem do conto é possível afirmar que a compra de escravos, após sua proibição legal, era prática corriqueira entre os senhores, visto que as duas escravas da família de Sales foram adquiridas de forma ilegal, o que não mereceu nenhuma explicação adicional por parte do narrador.
Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
Somente as afirmativas II e V são verdadeiras.
Todas as afirmativas são verdadeiras.
Observe as figuras abaixo.
RUGENDAS, Johann Moritz. Viagem pitoresca através do Brasil. São Paulo: Círculo do Livro. s.d. p. 215 e 225.
Considere as seguintes afirmações sobre o processo escravista no Brasil.
I - As relações sociais entre senhores e escravos, no Brasil, eram definidas pelo equilíbrio de poder estabelecido pela miscigenação, conferindo à experiência histórica brasileira o caráter de “democracia racial”. II - Os africanos deportados da África para a América desenvolveram mecanismos de sociabilidade, constituindo famílias e formas de identidades sociais. III - A Lei Áurea, além da emancipação dos escravos, decretava uma série de benefícios sociais e políticos para os libertos.
Quais estão corretas?
Apenas I.
Apenas II.
Apenas III.
Apenas I e II.
I, II e III.
TEXTO I Em todo o país a lei de 13 de maio de 1888 libertou poucos negros em relação à população de cor. A maioria já havia conquistado a alforria antes de 1888, por meio de estratégias possíveis. No entanto, a importância histórica da lei de 1888 não pode ser mensurada apenas em termos numéricos. O impacto que a extinção da escravidão causou numa sociedade constituída a partir da legitimidade da propriedade sobre a pessoa não cabe em cifras. ALBUQUERQUE. W. O jogo da dissimulação: Abolição e cidadania negra no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2009 (adaptado).
TEXTO II Nos anos imediatamente anteriores à Abolição, a população livre do Rio de Janeiro se tornou mais numerosa e diversificada. Os escravos, bem menos numerosos que antes, e com os africanos mais aculturados, certamente não se distinguiam muito facilmente dos libertos e dos pretos e pardos livres habitantes da cidade. Também já não é razoável presumir que uma pessoa de cor seja provavelmente cativa, pois os negros libertos e livres poderiam ser encontrados em toda parte. CHALHOUB, S. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. São Paulo: Cia. das Letras, 1990 (adaptado).
Sobre o fim da escravidão no Brasil, o elemento destacado no Texto I que complementa os argumentos apresentados no Texto II é o(a):
variedade das estratégias de resistência dos cativos.
controle jurídico exercido pelos proprietários.
inovação social representada pela lei.
ineficácia prática da libertação.
significado político da Abolição.
A África Ocidental é conhecida pela dinâmica das suas mulheres comerciantes, caracterizadas pela perícia, autonomia e mobilidade. A sua presença, que fora atestada por viajantes e por missionários portugueses que visitaram a costa a partir do século XV, consta também na ampla documentação sobre a região. A literatura é rica em referências às grandes mulheres como as vendedoras ambulantes, cujo jeito para o negócio, bem como a autonomia e mobilidade, é tão típico da região. HAVIK, P. Dinâmicas e assimetrias afro-atlânticas: a agência feminina e representações em mudança na Guiné (séculos XIX e XX). ln: PANTOJA, S. (Org.). Identidades, memórias e histórias em terras africanas. Brasília: LGE; Luanda: Nzila, 2006.
A abordagem realizada pelo autor sobre a vida social da África Ocidental pode ser relacionada a uma característica marcante das cidades no Brasil escravista nos séculos XVIII e XIX, que se observa pela:
restrição à realização do comércio ambulante por africanos escravizados e seus descendentes.
convivência entre homens e mulheres livres, de diversas origens, no pequeno comércio.
presença de mulheres negras no comércio de rua de diversos produtos e alimentos.
dissolução dos hábitos culturais trazidos do continente de origem dos escravizados.
entrada de imigrantes portugueses nas atividades ligadas ao pequeno comércio urbano.
Fotografia de Augusto Gomes Leal e da ama de leite Mônica, cartão de visita de 1860.
KOUTSOUKOS, S. S. M. Amas mercenárias: o discurso dos doutores em medicina e os retratos de amas - Brasil, segunda metade do século XIX. História, Ciência, Saúde-Manguinhos, 2009. Disponível em: http://dx.doi.org. Acesso em: 8 maio 2013.
A fotografia, datada de 1860, é um indício da cultura escravista no Brasil, ao expressar a:
ambiguidade do trabalho doméstico exercido pela ama de leite, desenvolvendo uma relação de proximidade e subordinação em relação aos senhores.
integração dos escravos aos valores das classes médias, cultivando a família como pilar da sociedade imperial.
melhoria das condições de vida dos escravos observada pela roupa luxuosa, associando o trabalho doméstico a privilégios para os cativos.
esfera da vida privada, centralizando a figura feminina para afirmar o trabalho da mulher na educação letrada dos infantes.
distinção étnica entre senhores e escravos, demarcando a convivência entre estratos sociais como meio para superar a mestiçagem.
Observe as informações abaixo e assinale a alternativa CORRETA:
NEGROS DE ALUGUEL: os negros de ganho ou negros de aluguel, eram os escravos cujos seus senhores alugavam seus serviços, inclusive para o poder público da época. “Alguns ‘negros de aluguel’ tiveram a possibilidade de juntar dinheiro e comprar sua própria alforria”
As imagens criadas por Debret e muitos outros pintores da época é uma representação concreta da realidade de que havia uma relação amigável entre brancos e negros durante o século XIX, o que pode ser reforçado pelas obras literárias do Romantismo da época.
O negro de aluguel tinha uma liberdade vigiada pela polícia local e previsão de atos punitivos nos códigos de postura de muitas administrações locais das Intendências Municipais.
Com o “ciclo do ouro” no Brasil, a maioria dos negros brasileiros passou a ser aproveitada em atividades urbanas, devido ao crescente aumento do número de cidades no sertão nordestino.
Desde o século XVIII o negro de aluguel conviveu com o migrante europeu, que dividiu com o escravo muitas das atividades cotidianas, na lavoura da cana-de-açúcar, no café e na mineração.
Os atuais afrodescendentes, herdeiros étnicos dos negros de aluguel, no Brasil, são os únicos que podem ser reconhecidos como remanescentes dos quilombolas atuais.