Este termo se refere a um processo histórico de longa duração, ocorrido entre os séculos XV e XVII, que levou a uma expansão técnica-comercial na Europa. Tal expansão, por sua vez, conduziria a uma grande acumulação de capital neste continente, juntamente com o alargamento das fronteiras geopolíticas. Em seu conjunto, esta expansão marítima europeia é mais comumente chamada como as Grandes Navegações.
As primeiras condições para o desenvolvimento deste processo podem ser datadas ainda do século XVIII, quando ocorreram as invasões islâmicas na Península Ibérica. Embora as tentativas por parte dos cristãos para expulsá-los tenham sido frequentes nos séculos seguintes, é inegável que os muçulmanos contribuíram imensamente para a cultura da região ao trazer consigo conhecimentos anteriormente desconhecidos na Península. Entre estes, estavam a bússola e o astrolábio. Estas inovações seriam muito úteis para os portugueses quando procuraram encontrar um novo caminho para ter acesso às riquezas do Oriente que não necessariamente passasse pelas cidades italianas e, consequentemente, o alto preço que estas cobravam pelos produtos monopolizados – principalmente depois da queda de Constantinopla perante os turcos otomanos, em 1453.
Neste sentido, podemos, sem dúvida, considerar Portugal o reino pioneiro nas Grandes Navegações. Sua posição geográfica privilegiada e centralização precoce tornaram possível que ainda no século XV a Casa de Avis pudesse lançar as primeiras expedições oficiais. Em 1415, ocorreu a tomada da cidade de Ceuta; em 1418, seria descoberto o arquipélago dos Açores; em 1434, seria cruzado o temido Cabo Bojador. Mais descobertas ocorreriam nas próximas décadas, seguidas pela exploração das riquezas de África e de seus habitantes autóctones, mas a ambicionada rota para as Índias ainda não fora alcançada. Então, em 1487, o navegador Bartolomeu Dias tornou-se o primeiro europeu a cruzar o chamado Cabo das Tormentas (posteriormente renomeado como Cabo da Boa Esperança), atingindo o Oceano Índico.
Com essa grande conquista, a possibilidade de encontrar-se um caminho marítimo direto para as Índias tornou-se uma realidade cada vez mais próxima. Embora fosse delineado um projeto neste sentido, seriam os espanhóis que, em 1492, pensaram ter alcançado um caminho direto para as Índias numa missão comandada pelo genovês Cristóvão Colombo – muito embora mais tarde fosse provado que ele atingira um novo continente, as Américas. De qualquer forma, essa descoberta fez o reino português procurar um acordo com o vizinho ibérico a fim de renegociar as zonas de influência de cada um no Oceano Atlântico, acertado anteriormente em 1479 no Tratado de Alcáçovas. Em 1494, seria assinado o Tratado de Tordesilhas, que determinava que todas as terras localizadas a oeste de um meridiano a 370 léguas (cerca de 1.800 quilômetros) das ilhas de Cabo Verde seriam de possessão espanhola; todas a oeste seriam de possessão portuguesa. Em 1500, dois anos depois da chegada de Vasco da Gama às Índias, o fidalgo Pedro Álvares Cabral lideraria uma expedição que descobriria a chamada Terra de Vera Cruz – hoje Brasil.
Espanha e Portugal continuariam suas explorações oceânicas até o final do século XVI, fundando a base de seus impérios coloniais. França, Inglaterra e Holanda tentariam fazer o mesmo. Enquanto os dois primeiros não obtiveram sucesso, refugiando-se na pirataria, o último atacaria com sucesso algumas colônias ibéricas no decorrer do século seguinte, abrindo caminho para o seu domínio dos mares durante o século XVII.
Bibliografia:
LIMA, Lizânias de Souza; PEDRO, Antonio. “A expansão europeia e a América antes da conquista”. In: História da civilização ocidental. São Paulo: FTD, 2005. pp. 178-179.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/expansao-maritima/