Lista de questões sobre a grécia antiga, retirados dos principais vestibulares do Brasil. Ler artigo Grécia Antiga.
Entre os pobres muitos se dirigem a terras estranhas, vendidos e cobertos de correntes [...]. Quantos dos que tinham sido vendidos, uns injustamente, outros com justiça, fiz voltar para Atenas, sua pátria, fundada pelos deuses [...]. Dei liberdade a outros que, aqui mesmo (em Atenas), sofriam servidão indigna e tremiam diante do humor dos patrões. Eis o que realizei, graças à soberania da lei, fazendo com que a força e a justiça agissem concordemente. (Sólon, Elegias. Apud HOLANDA, S. Buarque de. História da Civilização. 6. ed. São Paulo: Nacional, 1979. p. 58.)
Entre os pobres muitos se dirigem a terras estranhas, vendidos e cobertos de correntes [...].
Quantos dos que tinham sido vendidos, uns injustamente, outros com justiça, fiz voltar para Atenas, sua pátria, fundada pelos deuses [...].
Dei liberdade a outros que, aqui mesmo (em Atenas), sofriam servidão indigna e tremiam diante do humor dos patrões.
Eis o que realizei, graças à soberania da lei, fazendo com que a força e a justiça agissem concordemente.
(Sólon, Elegias. Apud HOLANDA, S. Buarque de. História da Civilização. 6. ed. São Paulo: Nacional, 1979. p. 58.)
Com base no texto acima e nos seus conhecimentos sobre a sociedade e a democracia ateniense, assinale a(s) proposição(ões) correta(s).
Na experiência democrática vivida pelos atenienses durante o período helenístico, a escravidão foi eliminada através da legislação elaborada por Sólon, sobrevivendo apenas a servidão voluntária.
As leis de Sólon, consideradas avançadas para a época da sua promulgação, admitiam a escravização dos endividados ou filhos de escravos, pois a perda de direitos individuais não feria os princípios da democracia ateniense.
Na sociedade ateniense, as três principais classes sociais eram representadas por: cidadãos nobres, homens livres nascidos de pai e mãe ateniense; metecos, estrangeiros autorizados a viver na Ática; e escravos, prisioneiros de guerra ou filhos de escravos.
Drácon publicou as primeiras leis escritas em Atenas e com elas reforçou o direito dos nobres de interpretar as leis segundo as próprias conveniências, dando origem à tirania e ao adjetivo “draconiano”, que significa severo, rígido.
As reformas implantadas por Sólon foram rechaçadas pelos tiranos, nobres empobrecidos pelas decisões democráticas, tomadas em praça pública e com a participação de toda a população de Atenas.
As manifestações de descontentamento com as leis de Drácon fez com que a administração de Atenas fosse confiada ao arconte Sólon, que realizou importantes reformas: proibiu a escravização de pessoas endividadas e perdoou as dívidas dos pequenos lavradores, devolvendo-lhes as terras perdidas.
Leia com atenção os textos abaixo.
“Tu, Sólon, encontraste uma lei para todos os homens. Ao que se diz foste o primeiro a tomar essa medida salutar e democrática, Por Zeus! Vendo muitos jovens que sofriam os impulsos da natureza e se perdiam pelos maus caminhos, ele comprou mulheres e as instalou em diferentes bairros, prontas e dispostas a atender a todo mundo.” (Filemon, Os Adelfos, citado por Ateneu, XIII, 565, apud SALLES, Catherine – Nos Submundos da Antiguidade. SP: Brasiliense, 1982, p. 18).
“Os jovens de nossa cidade [Atenas] podem encontrar no lupanar belas mulheres, que podem ser vistas aquecendo-se ao sol, com o busto nu, dispostas em fileiras. Cada um pode escolher a jovem que convenha a seus gostos, esbelta ou gorda, roliça, alta, magra, jovem, velha, ainda fresca ou já bastante madura [...] Elas vos convidam a entrar e vos tratam de “avô”, se sois velhos, ou de “paizinho”, se sois jovens. E pode-se frequentar cada uma delas sem temor, sem gastar muito dinheiro, de dia ou de noite, como se preferir. [...] Temos as prostitutas para o prazer; as companheiras [“hetairas”] para os cuidados diários; e as esposas para ganharmos uma descendência legítima [...].” (Xernarco, O Pentatlon, citado por Ateneu, 568; apud SALLES, Catherine – Nos Submundos da Antiguidade. SP: Brasiliense, 1982, p. 20).
Com base nos textos e nos seus conhecimentos sobre a Antiguidade Clássica, assinale a(s) afirmativa(s) correta(s).
Os textos indicam uma evolução dos costumes em Atenas do período clássico em relação à época homérica, época em que a mulher ocupava uma posição social totalmente submissa, da qual as tragédias de Esquilo, Sófocles e Eurípedes ainda conservavam uma lembrança.
Atribui-se a Sólon, considerado o pai da democracia ateniense, a compra de escravas e sua distribuição por diversas casas de prostituição, bem como a implantação de uma legislação sobre esse tipo de atividade em Atenas.
Ao que tudo indica, a legislação de Sólon sobre a prostituição apresentava-se como uma medida de saúde pública, destinada a conter os ardores dos jovens, para proteger a castidade das mulheres livres e para preservar a pureza da descendência dos cidadãos atenienses.
Os textos indicam as concepções particulares que os gregos da época clássica tinham do amor, bastante dissecadas por Platão e Plutarco, a partir das quais o desejo que um homem poderia sentir por uma mulher elevava-se às mais altas tendências do amor celeste sendo, portanto, altamente valorizado pelos homens cultos.
Entre as inúmeras modificações introduzidas por Sólon nas estruturas sociais de Atenas, há a que classificava os cidadãos do sexo masculino conforme as atribuições sexuais. Porém, esse critério não se aplicava às mulheres, que eram classificadas hierarquicamente, com base na fortuna, em classes censitárias.
(Adaptado) Leia, abaixo, o trecho da Oração Fúnebre de Péricles.
“Vivemos sob uma forma de governo que não se baseia nas instituições de nossos vizinhos; ao contrário, servimos de modelo a alguns ao invés de imitar outros. Seu nome, como tudo depende não de poucos mas da maioria, é democracia. Nela [...] não é o fato de pertencer a uma classe, mas o mérito, que dá acesso aos postos mais honrosos [...]” TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso, Tradução de Mário da Gama Kury. 3 ed. Brasília: Editora da UNB, 1987, p. 98.
Com base no texto e nos conhecimentos relativos à democracia ateniense, assinale as afirmações verdadeiras.
A democracia ateniense não permitia a participação de todos os habitantes da cidade, abrindo-a apenas aos cidadãos do sexo masculino.
Os escravos eram considerados estrangeiros, permanecendo assim, mesmo após obtida a liberdade.
As mulheres não tinham participação política, ficando limitadas às atividades domésticas, sob rígida vigilância de seus pais e maridos.
As bases da democracia foram lançadas por Drácon, dividindo os cidadãos em classes, de acordo com suas rendas.
O regime democrático ateniense disseminou-se por várias cidades gregas, a exemplo de Tebas e Corinto.
Compreende-se assim o alcance de uma reivindicação que surge desde o nascimento da cidade na Grécia antiga: a redação das leis. Ao escrevê-las, não se faz mais que assegurar-lhes permanência e fixidez. As leis tornam-se bem comum, regra geral, suscetível de ser aplicada a todos da mesma maneira.
VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992 (adaptado).
Para o autor, a reivindicação atendida na Grécia antiga, ainda vigente no mundo contemporâneo, buscava garantir o seguinte princípio:
Isonomia — igualdade de tratamento aos cidadãos.
Transparência — acesso às informações governamentais.
Tripartição — separação entre os poderes políticos estatais.
Equiparação — igualdade de gênero na participação política.
Elegibilidade — permissão para candidatura aos cargos públicos.
“Mas, já que estamos a examinar qual é a constituição política perfeita, sendo essa constituição a que mais contribui para a felicidade da cidade... os cidadãos não devem exercer as artes mecânicas nem as profissões mercantis; porque este gênero de vida tem qualquer coisa de vil, e é contrário à virtude. É preciso mesmo, para que sejam verdadeiros cidadãos, que eles não se façam lavradores; porque o descanso lhes é necessário para fazer nascer a virtude em sua alma, e para executar os deveres civis. (Aristóteles. A política. Livro IV, cap. VIII)
A partir da citação acima e de seus conhecimentos sobre a estrutura político-social da Grécia Antiga, assinale a alternativa correta.
A ideia de democracia grega está ligada ao fato de que todos aqueles que habitavam uma cidade-estado dispunham dos mesmos direitos e deveres, uma vez que todos os trabalhos e profissões eram igualmente valorizados.
A cidadania era uma forma de distinção social porque nem todos os habitantes de uma cidade eram considerados cidadãos. Estrangeiros e mulheres, por exemplo, não dispunham dos direitos de cidadania e não tinham direito a voto nas assembleias.
As profissões mercantis eram desencorajadas devido à supremacia da Igreja Católica na administração política grega, durante o Período Clássico. Neste período, a usura e o exercício do lucro eram vivamente condenados por ferirem os princípios cristãos.
Todos os homens que habitavam uma cidade eram considerados cidadãos. A cidadania, na Grécia Clássica, era qualificada em ordens, sendo que os proprietários de terras eram cidadãos de primeira ordem e os trabalhadores braçais de segunda ordem. Todos, porém, tinham direito de voz e voto nas assembleias.
A ideia de cidadania, descrita por Aristóteles, é considerada ainda hoje um ideal, uma vez que é plenamente inclusiva e qualifica de forma igualitária todos os trabalhos e profissões.
Na sua narrativa da Guerra do Peloponeso, Tucídides assim relata as práticas funerais atenienses.
“Desse cortejo participam livremente cidadãos e estrangeiros; e as mulheres da família estão presentes, ao túmulo, fazendo ouvir sua lamentação. Depositam-se, em seguida, os despojos no monumento público, situado na mais bela avenida da cidade, e onde as vítimas de guerra são sempre sepultadas – à exceção dos mortos de Maratona: a estes, considerando-se seu mérito excepcional, concedeu-se sepultura no próprio lugar da batalha. Uma vez que a terra recobre os mortos, um homem escolhido pela pólis, reputado por distinguir-se intelectualmente e gozar de alta estima, pronuncia em sua honra um elogio apropriado; depois disto, todos se retiram. Assim têm lugar esses funerais; e, durante toda a guerra, quando era o caso, aplicava-se o costume”. Citado em LORAUX, N. A invenção de Atenas. Rio de Janeiro: Editora 34, 1994. p. 39.
“Desse cortejo participam livremente cidadãos e estrangeiros; e as mulheres da família estão presentes, ao túmulo, fazendo ouvir sua lamentação. Depositam-se, em seguida, os despojos no monumento público, situado na mais bela avenida da cidade, e onde as vítimas de guerra são sempre sepultadas – à exceção dos mortos de Maratona: a estes, considerando-se seu mérito excepcional, concedeu-se sepultura no próprio lugar da batalha. Uma vez que a terra recobre os mortos, um homem escolhido pela pólis, reputado por distinguir-se intelectualmente e gozar de alta estima, pronuncia em sua honra um elogio apropriado; depois disto, todos se retiram. Assim têm lugar esses funerais; e, durante toda a guerra, quando era o caso, aplicava-se o costume”.
Citado em LORAUX, N. A invenção de Atenas. Rio de Janeiro: Editora 34, 1994. p. 39.
Assinale a alternativa correta a respeito da história da antiguidade grega, a partir do texto apresentado.
Os ritos funerais na Grécia antiga eram cerimônias religiosas, destinadas apenas a conduzir ao paraíso os heróis mortos.
Os metecos, participantes das práticas funerais, formavam parte do demos ateniense e possuíam os mesmos direitos políticos que os cidadãos da pólis.
Todos os soldados atenienses mortos nos confrontos com Esparta, em razão do grande mérito de seus feitos, eram sepultados no próprio lugar da batalha.
A cena descrita, ocorrida na democracia ateniense, indica o valor dado aos cidadãos mais eloquentes da cidade.
A realização de um discurso fúnebre por alguém escolhido na massa de cidadãos de Atenas revela o caráter secundário e improvisado da cerimônia.
Com relação à vida social e política na Grécia clássica, assinale a alternativa correta.
A democracia grega foi instituída no século VI a.C. por Clístenes, colocando fim a um período de governo tirânico e criando os princípios da República.
A decadência da pólis grega no período arcaico, entre os séculos VIII a.C. e VI a.C., e o surgimento do Império ateniense permitiram o florescimento cultural nas cidades antigas.
O desenvolvimento de uma filosofia fundada na razão ocorreu com o fim do período micênico na Grécia, o que implicou a passagem do politeísmo para o monoteísmo.
Os habitantes tinham direitos políticos e eram considerados cidadãos nas cidades-estado, com exceção das mulheres e dos escravos.
A união política entre atenienses e espartanos contra os avanços do exército persa ocorreu no contexto da Guerra do Peloponeso.
Os Impérios helenísticos, amálgamas ecléticas de formas gregas e orientais, alargaram o espaço da civilização urbana da Antiguidade clássica, diluindo-lhe a substância [...]. De 200 a.C. em diante, o poder imperial romano avançou para leste [...] e nos meados do século II as suas legiões haviam esmagado todas as barreiras sérias de resistência do Oriente. P. Anderson. Passagens da Antiguidade ao feudalismo. Porto: Afrontamento, 1982.
Os Impérios helenísticos, amálgamas ecléticas de formas gregas e orientais, alargaram o espaço da civilização urbana da Antiguidade clássica, diluindo-lhe a substância [...]. De 200 a.C. em diante, o poder imperial romano avançou para leste [...] e nos meados do século II as suas legiões haviam esmagado todas as barreiras sérias de resistência do Oriente.
P. Anderson. Passagens da Antiguidade ao feudalismo. Porto: Afrontamento, 1982.
Na região das formações sociais gregas,
a autonomia das cidades-estado manteve-se intocável, apesar da centralização política implementada pelos imperadores helenísticos.
essas formações e os impérios helenísticos constituíram-se com o avanço das conquistas espartanas no período posterior às guerras no Peloponeso, ao final do século V a.C.
a conquista romana caracterizou-se por uma forte ofensiva frente à cultura helenística, impondo a língua latina e cerceando as escolas filosóficas gregas.
o Oriente tornou-se área preponderante do Império Romano a partir do século III d.C., com a crise do escravismo, que afetou mais fortemente sua parte ocidental.
os espaços foram conquistados pelas tropas romanas, na Grécia e na Ásia Menor, em seu período de apogeu, devido às lutas intestinas e às rivalidades entre cidades-estado.
Em relação à ética e à justiça na vida política da Grécia Clássica, é correto afirmar:
Tratava-se de virtudes que se traduziam na observância da lei, dos costumes e das convenções instituídas pela pólis.
Foram prerrogativas democráticas que não estavam limitadas aos cidadãos e que também foram estendidas aos comerciantes e estrangeiros.
Eram princípios fundamentais da política externa, mas suspensos temporariamente após a declaração formal de guerra.
Foram introduzidas pelos legisladores para reduzir o poder assentado em bases religiosas e para estabelecer critérios racionais de distribuição.
Adquiriram importância somente no período helenístico, quando houve uma significativa incorporação de elementos da cultura romana.
O que implica o sistema da pó/is é uma extraordinária preeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos do poder. A palavra constitui o debate contraditório, a discussão, a argumentação e a polêmica. Torna-se a regra do jogo intelectual, assim como do jogo político. VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand, 1992 (adaptado).
Na configuração política da democracia grega, em especial a ateniense, a ágora tinha por função:
agregar os cidadãos em torno de reis que governavam em prol da cidade.
permitir aos homens livres o acesso às decisões do Estado expostas por seus magistrados.
constituir o lugar onde o corpo de cidadãos se reunia para deliberar sobre as questões da comunidade.
reunir os exércitos para decidir em assembleias fechadas os rumos a serem tomados em caso de guerra.
congregar a comunidade para eleger representantes com direito a pronunciar-se em assembleias.