Uma legião romana era a maior unidade do exército, e por isso precisava ser protegida. Cada uma delas era chefiada por um general e composta de grupos, que se organizavam hierarquicamente. A guarda pretoriana foi, inicialmente, uma guarda responsável pela proteção dos oficiais romanos, em cada uma das legiões. No entanto, com o início do Império Romano, a segurança do Imperador passava a ser prioritária e, por isso, Augusto transformou a guarda pretoriana em sua guarda oficial.
A guarda pretoriana passou a conquistar e exercer muitos poderes no império. Isso porque era a força de maior prestígio, e próxima ao imperador. Assim, passou a atuar não só na defesa cotidiana, mas também na execução de inimigos dos imperadores. Aos poucos a guarda pretoriana passou a ser temida, pois concentrava muitos poderes, participando não só de execuções ou fazendo cumprir as leis do Império, mas, também, dos conchavos e decisões políticas. Para garantir que a guarda atuasse em seu favor, os imperadores romanos costumavam presentear os membros da guarda, seja com comissões e gratificações, seja com porções de terra. A remuneração da guarda pretoriana era maior que o soldo comum dos demais soldados e, ainda, exerciam poderes no centro do Império. Muitos eram os Imperadores ou mesmo os aspirantes a Imperador que temiam a Guarda Pretoriana, pois ela era decisiva na escolha do novo homem a governar o império.
A Guarda Pretoriana era tão importante no jogo político que chegou a assassinar um imperador. Calígula foi morto pela guarda em 41 d.C. Após a morte do Imperador, a guarda pressionou o senado para que reconhecesse Cláudio, que se tornou o novo Imperador, e que recompensou a guarda por sua fidelidade. Para ingressar na Guarda Pretoriana era preciso se destacar na carreira nas legiões. Assim, a guarda era composta pelos melhores e mais dedicados homens do exército.
Esse sistema de formação de uma rede de fidelidade entre os membros da guarda e as forças políticas fez com que houvesse muitos excessos na condução da guarda e principalmente na sua forma de trocar favores. Em dado momento não mais se escolhia um imperador sem a aprovação da guarda. Ou seja, a guarda, criada para proteção do Imperador, passou a representar uma ameaça constante e os imperadores, na tentativa de evitar golpes, insistiam no costume de recompensar os membros da guarda, agradando-os.
Um dos casos de interferência direta na vida política romana por parte dos pretorianos foi a transição da dinastia nerva-antonina para a dinastia severa. Quando Cômodo, o último imperador da dinastia nerva-antonina foi assassinado, ocasionou uma crise no Império e conflitos para ocupação de seu posto. Para sua sucessão foi escolhido pelo senado Pertinax. No entanto, ele foi assassinado por pretorianos, que não reconheceram seu nome. Com a vaga aberta, a guarda pretoriana leiloou o Império Romano, que à época foi arrematado por Didius Julianus. Porém, como o território era vasto, os diferentes pontos do Império reconheceram outros Imperadores: Severo, foi o escolhidos pelas legiões das províncias, enquanto Pescennius Niger foi a escolha das legiões da Síria e Clodius Albino o da Bretanha. Como Severo era o mais próximo à Roma, foi o primeiro a chegar e ocupar o posto sagrando-se o novo Imperador.
Foi Constantino, em 312, que pôs fim à Guarda Pretoriana. Depois disso, com a dissolução da guarda, coube a cada imperador criar o seu sistema de proteção pessoal.
Referências:
FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2002.
GIORDANI, Mario Curtis. História de Roma: A antiguidade Clássica II. Petrópolis, Ed. Vozes, 2001.
GIBBON, Edward. Declínio e Queda do Império Romano. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.