Guerra de Secessão

Mestra em História (UFRJ, 2018)
Graduada em História (UFRJ, 2016)

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Também conhecido como Guerra Civil Americana, a Guerra de secessão durou entre 1861 e 1865 e ocorreu entre o Norte e o Sul dos Estados Unidos da América. Para compreender melhor as tensões que levariam à guerra, devemos considerar o extraordinário crescimento que este país teve nos cerca de oitenta anos que haviam se passado desde a sua independência final da metrópole inglesa, em 1782. Neste intervalo de tempo, o território dos EUA quadruplicaria e sua população se multiplicaria por oito vezes, taxas muito maiores do que qualquer outro país da época. Tudo isso também seria acompanhado por uma vigorosa atividade econômica.

Contudo, os EUA também tinha um frágil equilíbrio político, com sua estrutura iluminista dos três poderes governamentais sendo constantemente prejudicada por disputas entre políticos do Norte – que favoreciam um poder centralizado – e do Sul – que preferiam uma maior independência de ação dos estados. Isso se dava devido a questões econômicas. O Sul, abençoado com temperaturas propícias para o cultivo, utilizava ampla mão-de-obra escrava para a agricultura, quanto ao Norte restou à dedicação ao comércio e às indústrias. Como consequências, ambas as sociedades tinham dois projetos de sociedade radicalmente distintos.

Com o avanço gradual do modelo de pequena propriedade familiar típico do Norte, a escravidão passou a ficar cada vez mais restrita ao Sul – num contexto em que o movimento abolicionista crescia no mundo. Eventualmente, a questão chegaria ao Congresso, onde em 1820 os políticos sulistas conseguiram a aprovação do chamado Compromisso de Missouri, que procurava ordenar a incorporação política dos novos Estados que iam surgindo com a rápida expansão em direção ao Oeste. Por muito tempo, este acordo preservou o precário equilíbrio entre os estados livres do Norte e os estados escravistas do Sul.

Em 1850, contudo, o território da Califórnia – parcialmente sulista - requereu ingresso na União como estado livre. Depois de acalorados debates, o pedido foi aceito; assim, o Congresso passou a pender em favor ao Norte abolicionista. O precedente da Califórnia incendiaria os ânimos sulistas, que a partir de então recorreria às armas para garantir que seus próprios habitantes seriam maioria dos últimos territórios que restavam para serem anexados. Em tal contexto, a eleição presidencial do abolicionista Abraham Lincoln, em 1860, causou o rompimento dos estados sulistas com a União e o começo da guerra civil.

De início, os cavaleiros sulistas garantiram a vantagem contra o Norte industrializado, ganhando a maior parte das batalhas em 1861. A desvantagem nortista obrigaria Lincoln a tornar a libertação dos cativos negros um objetivo de guerra com a Declaração de Emancipação. Ganhando mais apoio, o exército nortista foi capaz de ganhar a sangrenta batalha de Gettysburg, obrigando o Sul a adotar uma estratégia meramente defensiva. A partir de 1864, com a nomeação de Ulysses S. Grant como comandante das forças do Norte, os sulistas são encurralados e forçados a resistir em uma guerra de trincheiras perto da capital Richmond. Em março de 1865, quatro meses após a reeleição de Lincoln, a cidade seria capturada; em maio, terminariam os últimos combates. Antes, contudo, em abril, o presidente fora assassinado por um radical sulista, o que acabaria levando o Congresso a adotar rígidos termos de paz com o Sul. Esta medida que acabaria por iniciar o percurso histórico que levaria à consolidação da forte segregação dos negros nos estados sulistas.

Bibliografia:

AMEUR, Farid. Guerra da Secessão. Porto Alegre: L&PM, 2010.

MARTIN, André. “Guerra de Secessão”. In: MAGNOLI, Demétrio (org.) História das Guerras. São Paulo: Contexto, 2006.

Arquivado em: História
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