A Guerra do Paraguai, também conhecida como a Guerra da Tríplice Aliança, foi um conflito bélico ocorrido na América do Sul entre os anos de 1864 e 1870, envolvendo quatro nações: Brasil, Argentina e Uruguai de um lado, e o Paraguai de outro. Por envolver diferentes países há, também, diferentes versões sobre o conflito.
No Brasil, por muito tempo, atribuiu-se a responsabilidade sobre a guerra a Solano López, líder paraguaio. Criou-se a versão que o que teria levado ao conflito fora os desejos expansionistas dele, que haviam sido combatidos com a força do exército brasileiro. Nesta versão o exército aparece como salvador, e seus homens como heróis da guerra. A partir daí nomes ficaram bastante conhecidos e passaram a figurar na galeria de heróis nacionais, como Duque de Caxias. Já no Paraguai a versão contada era bem diferente: acreditava-se que a Guerra fora resultado da intervenção de grandes potências – influenciadas diretamente pela Inglaterra - contra uma pequena nação independente. O contexto dos quatro países é importante para definir as causas que levaram ao conflito – seja a vontade de expansão do Paraguai, ou a articulação entre Argentina, Brasil e Uruguai.
Em 11 de novembro de 1864 o Paraguai, buscando dominar as rotas de navegação do Rio Paraguai, aprisionou o navio Marquês de Olinda. Foi o suficiente para iniciar o conflito bélico e causar o rompimento das relações diplomáticas. Ainda no mesmo ano, via Mato Grosso, López tentou atacar o Brasil querendo chegar ao Rio Grande do Sul e em Corrientes na Argentina, mas foi contido e não obteve sucesso na empreitada. Somente em 1865 é que as outras nações entram em guerra juntas ao Brasil – somente com a tentativa de invasão a Corrientes que a Argentina entrou na guerra: em 1 de maio de 1865 foi assinado o Tratado da Tríplice Aliança, e Mitre, líder Argentino, o responsável pelo comando dos aliados. Mesmo reunidos em três distintos países, o Paraguai não era um inimigo fácil a ser vencido: tinha preparo militar e um número de homens em seu exército superior às três demais nações juntas. Estipula-se que durante todo o período de guerra foram mobilizados entre 130 e 200 mil homens, somente contando os brasileiros, que participavam da guerra por meio do exército, dos batalhões da Guarda Nacional ou nos Voluntários da Pátria. Estes, inclusive, eram grupos formados por homens que foram forçados ao recrutamento – fossem desafetos políticos ou, principalmente, sujeitos escravizados, que eram enviados à guerra no lugar de seus senhores.
Depois da tentativa de invasão ao Rio Grande do Sul e a Corrientes e da formação da Tríplice Aliança o palco da guerra deslocou-se para território paraguaio, enfraquecendo-o. Lá aconteceram as famosas batalhas: a Batalha de Riachuelo, ocorrida em meados de 1865, evento em que a Marinha brasileira se destacou, vencendo a marinha paraguaia e impondo ao país um bloqueio naval. A Batalha do Riachuelo foi retratada em pintura por Victor Meirelles, famoso artista plástico que esteve a serviço do Império Brasileiro e foi responsável por diversas obras que representam eventos considerados históricos, como a Primeira Missa no Brasil. A obra relativa à Guerra do Paraguai fora encomendada no calor da hora pelo Ministro da Marinha Afonso Celso de Assis Figueiredo, e foi feita pelo pintor entre os anos de 1868 e 1872; a Batalha de Curupaiti, quando a Tríplice Aliança fora derrotada gerando uma baixa considerável de soldados; Batalha de Tuiuti, a mais violenta das disputas da guerra e a maior batalha campal, ocorrida em 1866; a Conquista da Fortaleza de Humaitá, em 1868 que permitiu à Tríplice Aliança a conquista de Assunção e, por fim, a Batalha de Cerro Corá que acabou com a morte de Solano López e marcou o fim da guerra.
A Guerra do Paraguai é um dos eventos mais sangrentos e marcantes da história da nação e gerou consequências para todos os países envolvidos. Aqui no Brasil o conflito marca também o início da crise no Império, que pouco depois viria a cair.
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Referências:
DORATIOTO, Francisco. Maldita Guerra. Nova História da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
FAUSTO, Bóris. História do Brasil. SP: EdUSP, 1995.
SCHWARCZ, Lilia. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.