Guerra Luso-Holandesa

Por Camila Caldas Petroni

Mestre em História (PUC-SP, 2016)
Graduada em História (PUC-SP, 2010)

Categorias: Brasil Colônia
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A colonização das terras que viriam a ser o Brasil teve início três décadas após a chegada dos portugueses, em 1500. Esse processo contou, ainda no século XVI, com diferentes estratégias empregadas pelos europeus para garantir a posse da terra e sua exploração. O envio de uma expedição portuguesa em 1532 iniciou efetivamente o processo colonizador.

Além de Portugal, outros reinos europeus tinham interesses nessas terras, como a Holanda, que durante parte do século XVI estabeleceu relações amistosas com Portugal, participando, inclusive, da produção açucareira do Nordeste.

Porém, a unificação das Coroas portuguesa e espanhola, em 1580, que deu início à União Ibérica, alterou esse cenário. Esse processo tem origem nas disputas pelo trono português após a morte de D. Sebastião, em 1578. Filipe II, rei espanhol, acabou sendo coroado, e promoveu a unificação. Como consequência, as possessões do Império Português, incluindo o Brasil, passaram a ser controladas pela Espanha.

Anteriormente, no início do século XVI, a atual Holanda fazia parte do Império Espanhol, mais especificamente dos Países Baixos, que incluíam, também, a Bélgica. Em 1581, a Holanda se tornou independente, e suas relações comerciais com as colônias ibéricas foram rompidas.

Em 1602, os holandeses criaram a Companhia das Índias Orientais para tomar da União Ibérica seus domínios na Ásia e criar um império ultramarino próprio. Para isso, utilizariam, inclusive, expedições armadas.

Nesse cenário, a Guerra Luso-Holandesa, cujo início ocorreu ainda no final do século XVI, com os conflitos entre Espanha e Holanda – e que envolveram também Portugal, dada a unificação entre as Coroas espanhola e portuguesa a partir de 1580 – tinha continuidade.

A guerra passou por um momento de trégua, mas a intensificação dos conflitos foi retomada em 1621, quando os holandeses criaram a Companhia das Índias Ocidentais com o intuito de dominar os territórios de Portugal e Espanha na África e América, sobretudo o Brasil, buscando retomar sua participação na produção açucareira e render lucros a comerciantes e nobres holandeses.

O ataque holandês ao Brasil começou pela Bahia. Salvador, capital da Colônia desde 1578, foi invadida e dominada em 1624. Os holandeses permaneceram na região até 1625, quando foram derrotados e expulsos por tropas ibéricas.

Mas as tentativas de dominação do território colonial brasileiro por parte da Holanda continuaram. Em 1630, Pernambuco, parte do Nordeste açucareiro, assim como Salvador, foi invadida e, aos poucos, dominada. Posteriormente, em meados da década de 1630, outros locais do Nordeste foram conquistados.

A Nova Holanda foi criada, e o conde Maurício de Nassau foi enviado para comandá-la. Nassau promoveu diversas mudanças administrativas na região, conquistando, com isso, o apoio de diversos setores importantes para a permanência holandesa no Nordeste. Entre esses grupos, estavam o dos senhores de engenho.

Nos anos seguintes, a Holanda tomou outros domínios portugueses na África e no Brasil, estabelecendo seu próprio imperial colonial. A segunda metade do século XVI traria um elemento novo para esse conflito: o fim da União Ibérica, em 1640, no processo conhecido como Restauração de Portugal.

Os conflitos entre Portugal e Holanda mantiveram-se vivos até a assinatura da Paz de Haia, em 1661. O acordo estabelecia que Portugal pagaria uma indenização de 4 milhões de cruzados à Holanda, que deveria desocupar os domínios portugueses.

Após alguns desentendimentos e violações em relação ao acordo, os conflitos entre Portugal e Holanda chegaram definitivamente ao fim em 1663.

Referências:

BOXER, Charles Ralph. Os holandeses no Brasil: 1624-1654. São Paulo: Companhia Editoria Nacional, 1961.

MELLO, Evaldo Cabral de. O negócio do Brasil: Portugal, os Países Baixos e o Nordeste, 1641-1669. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

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