Guerrilha do Araguaia

Por Michelle Viviane Godinho Corrêa

Mestre em Educação (UFMG, 2012)
Especialista em História e Culturas Políticas (UFMG, 2008)
Graduada em História (PUC-MG, 2007)

Categorias: Ditadura Militar
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A Guerrilha do Araguaia foi um grupo de luta armada formado por membros do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) após o Golpe de 1964, momento em que integrantes do PCdoB partiram para a Guerra Popular Prolongada (GPP) como estratégia de resistência.

Ideias e ações

Para o movimento, a GPP deveria ser organizada a partir da formação de núcleos de combatentes treinados nas táticas de guerrilha rural e na instalação de bases de apoio no campo, lugar em que se reúne a maior parte da população que apoiaria o movimento em uma luta árdua e por longo tempo. O papel dos movimentos urbanos seria secundário, baseando-se na experiência da Revolução Chinesa.

A partir de 1966 o PCdoB passou a enviar militantes para formas bases ao longo do rio Araguaia, na região da Amazônia. O primeiro dentre eles foi Osvaldo Orlando da Costa, que se estabeleceu nas proximidades da cabeceira do rio e se dedicou a atividades comerciais e ao garimpo. Em seguida chegaram outros companheiros, como José Genoíno, João Humberto Bronca e Glênio de Sá, colaborando para a construção das primeiras instalações do grupo.

Ao chegarem nas regiões designadas, os guerrilheiros deveriam se integrar a vida da população, agir e vestir-se como ele, utilizando botas e facões para desbravar a mata e criar condições para a atuação da guerrilha. Além disso, o trabalho na roça também preparava o físico dos guerrilheiros para as necessidades da guerrilha rural, sejam elas de resistência ou de conhecimento profundo do espaço como vantagem na luta armada.

Em 1972 as bases da guerrilha foram descobertas e iniciou-se uma guerra que durou dois anos e meio. Nesse momento a guerrilha foi iniciada de fato.

O primeiro local atacado foi o destacamento A, do qual os guerrilheiros conseguiram retirar parte do armamento antes de fugirem para a mata, graças a colaboração dos moradores que avisaram sobre a chegada da polícia. Além disso, era importante planejar ataques e fazer circular notícias sobre os acontecimentos que ocorriam no Araguaia a fim de obter apoio popular a partir da comoção pública.

A partir da receptividade da população à causa e ao preparo destes, os primeiros confrontos com a polícia foram favoráveis aos guerrilheiros e promoveu a retira das Forças Armadas da região, vista pelos guerrilheiros como estratégica, mas como uma vitória inicial.

A partir desse momento, iniciou-se a Guerra Popular. Os guerrilheiros eram aconselhados a andar apenas pelas vias abertas por eles na mata e não retornar aos locais que houvessem sido descobertos pelos militares. Além disso, eram orientados a conscientizar a população sobre as ideias das forças de oposição que ali lutavam, denominadas Forças Guerrilheiras do Araguaia.

Derrota da guerrilha

Apesar das primeiras campanhas terem sido favoráveis aos guerrilheiros, na terceira as Forças Armadas já possuíam as informações de que precisavam e haviam realizado um forte trabalho de assistencialismo entre os moradores da região para contrapor as ações dos guerrilheiros junto à população local.

Disfarçados de engenheiros e agentes do INCRA, os militares conheceram a região com profundidade e trabalharam na identificação dos guerrilheiros. Dessa vez, mataram o líder da Guerrilha, Maurício Grabois, e outros guerrilheiros que restavam, mesmo após terem sido presos.

Os guerrilheiros não perceberam a mudança de estratégia do Exército e, assim, no final de 1973, encerrava-se de forma brutal a guerrilha do Araguaia.

Bibliografia:

MECHI, Patrícia Sposito. A experiência guerrilheira do PCdoB no Araguaia. VPR: contra a ditadura, pela revolução. In: SALES, Jean Rodrigues (org.). Guerrilha e revolução: a luta armada contra a ditadura militar no Brasil. Rio de Janeiro: lamparina, FAPERJ, 2015, p. 96-110235-254..

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