Imperialismo

Por Kaili Takamori

Graduada em História (USP, 2011)

Categorias: História
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Tradicionalmente associa-se o conceito de imperialismo ao século XIX, que com certeza, foi um século imperialista por excelência, quando as grandes potências europeias, Estados Unidos e Japão impõe políticas de dominação em regiões no continente africano e asiático. Mas não se deve ficar restrito a este momento da história, uma vez que é possível notar uma postura imperialista em várias circunstâncias desde a Antiguidade. Nesse sentido, talvez, seja mais adequado falar de imperialismos.

Mas, afinal, o que é imperialismo?

O imperialismo consiste em uma série de políticas, no geral, de um determinado Império ou Estado que visa impor-se sobre o outro ou os outros territórios, povos, estados, nações. Pode considerar ainda que o imperialismo é “um processo social parasitário, através do qual interesses econômicos existentes no interior do Estado, usurpando as rédeas do governo, promovem a expansão imperialista para explorar economicamente outros povos, de modo a extorquir-lhes a riqueza para alimentar o luxo nacional” (Hobson apud Hunt, 1982).

Com as devidas considerações aos conceitos de “Estado” e “nação” em sua formulação moderna, que não caberiam ao Império Romano da Antiguidade, este foi dotada de uma forte postura imperialista sobre os povos e territórios sobre o seu julgo. A influência greco-romana na cultura ocidental é um resquício dessa postura de força, mas que contribuiu para a disseminação das tradições clássicas pelas regiões conquistadas.

O inglês John Atkinson Hobson foi um dos pioneiros no uso da terminologia imperialismo, porém seus estudos se concentram nas questões econômicas que envolvem as potências imperialistas europeias, no século XIX, em especial, a Inglaterra.

O foco de Hobson é compreensivo uma vez que a terminologia só começa a ser utilizada efetivamente a partir do final do século XIX e os estudos sobre o conceito começam a aparecer. Portanto, o olhar sobre o imperialismo do século XIX é que abre caminho para que se possa identificar essa postura em outros contextos da história.

No século XIX o imperialismo seguia o curso da Segunda Revolução Industrial, em que potências europeias como França, Inglaterra, Bélgica e os recém-nascidos estados nacionais alemão e italiano buscam angariar matérias-primas e mercado consumidor para as suas mercadorias. O alvo destes Estados não é mais o continente americano, em boa medida já emancipado de suas antigas metrópoles, então a África e a Ásia ganham centralidade nessas disputas. Ao dominar tais territórios impunham seus valores religiosos, culturais, políticos e econômicos subjugando-os.

Nesse contexto o poder de uma potência era medido pela quantidade de territórios conquistados, um bom exemplo deste fato é a partilha da África que se deu na Conferência de Berlim, entre 1884 e 1885. A divisão desenhada no continente africano pelas grandes potências europeias deixa claro quais eram os Estados mais poderosos da época: Inglaterra e França, que dominaram a maior parte do território em detrimento de outros países como Portugal, Espanha – que já tiveram, em outros tempos, essa mesma postura –, Itália e Alemanha. Inclusive um dos fatores que desencadeará a Primeira Guerra Mundial em 1914 advém dessa situação, não é atoa que França e Inglaterra estão em polos opostos à Alemanha e Itália.

Ao avançarmos no tempo, é muito comum a associação de políticas contemporâneas dos Estados Unidos ao imperialismo, considerando-se que a língua inglesa, o padrão-dólar da economia, comida, seus filmes, músicas e séries, assim como, em grande medida, o vestuário, ditam muitos dos padrões no nosso mundo. Até mesmo as intervenções militares, que carregam o belo discurso da democracia, levam com elas essa política.

Porém ao retornar no tempo, a política do Big Stick, apregoada desde os tempos do presidente Theodore Roosevelt mostra este caráter imperialista da política estadunidense, neste contexto, principalmente sobre a região do Caribe.

Seja na Antiguidade ou no século XXI o imperialismo esteve mais ou menos presente, em tempos de intenso processo de globalização, o expansionismo imperialista se transveste de outras formas, até mesmo mais sutis, mas permanece entre nós.

Leia mais:

Bibliografia:

ALMEIDA, Fernando Chaves. Poder americano e estados nacionais: uma abordagem a partir das esferas econômica e militar. Dissertação de mestrado. Uberlândia: UFF, 2006. Disponível em: http://www0.ufu.br/ie_dissertacoes/2006/9.pdf, acesso em 06 fev. 2022.

BUGIATO, Caio Martins. Teoria do imperialismo: John Hobson. Marília: Revista de Iniciação Científica da FFC, vol. 7, nº 2, 2007. P. 126-139, 2007.

HUNT, E. K. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. Rio de Janeiro: Campus, 1982.

SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Imperialismo. In: Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Editora Contexto, 2009.

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