O factoide conhecido pelo nome de Conspiração Anarquista ou Internacional Negra – em francês, Noire Internacional – foi produzida por meio de jornais do século XIX, sendo posteriormente investigado e sancionado pelas autoridades. A proibição da Internacional Negra aconteceu quando se descobriu que por trás do panfleto político estava sendo articulado um complô mundial entre anarquistas com o objetivo de eliminar os mais importantes burgueses e governantes para iniciar uma revolução internacional. Com a polêmica gerada a partir destas acusações a respeito do complô da Internacional Negra, os anarquistas começaram a ser perseguidos, presos e muitos deles foram assassinados.
Segundo relatos de Roderick Kedward – historiador e professor britânico da Universidade de Sussex – “este periódico de cunho anarquista teve uma curta existência, assim como os outros jornais que datam de antes de outubro de 1882, período em que um atentado à bomba devastou um café em Lyons”.
No mês de julho de 1881, a Internacional Negra foi criada em Londres visando uma reorganização das ideias anarquistas por causa da dissolução da Primeira Internacional. Ao final de 1881, foi realizado um encontro na cidade de Chicago (EUA), conectando a Associação Internacional do Povo Trabalhador (International Working People's Association), organização em formação na América do Norte, à Conspiração Anarquista. Após essa conferência, foi realizada a manifestação de Michel – em 1883 - e o movimento das bandeiras negras de Chicago, no ano seguinte.
O alarde em relação à Internacional Negra baseava-se nas atividades incisivas de alguns grupos anárquicos de ideologia ilegalista - condição ou situação em que impera o desrespeito à lei – que faziam uso de estratégias violentas (terrorismo e assassinato de monarcas) visando defender e vingar trabalhadores que à época encontravam-se explorados por seus patrões e em situações precárias de produção, panorama que era aprovado pelos estados nacionais.
Com a proliferação das ações dos anarquistas – ampliada pela mídia – o Estado endossou medidas repressivas contra estes grupos. Com isso, a ação contra os anarquistas acabou sendo generalizada, estendendo-se a outros grupos como os anarcossindicalistas, que possuíam grande número de pessoas em suas organizações.
Entre os anarquistas perseguidos pelo governo àquela época estavam personalidades como Victor Serge, Francisco Ferrer, Errico Malatesta, Emma Goldman, Sébastien Faure, Rudolf Rocker, Milly Witkop, Jus-Beala, Mariette Soubert, La Rulhière e Charles Achille Simon. Estes intelectuais foram investigados e – muitas vezes – vinculados à Internacional Negra. A cada ato do grupo de ideologia anarquista, realizado em qualquer parte do globo, estes nomes vinham à tona, culminando em inquéritos e prisões.
Fontes:
http://www.lpm-editores.com.br/site/default.asp?TroncoID=805133&SecaoID=500709&SubsecaoID=0&Template=../artigosnoticias/user_exibir.asp&ID=908280
https://archive.org/details/recentamericanso00elyrrich
http://www.portaloaca.com/articulos/anticarcelario/8419-ediciones-internacional-negra.html
http://www.spiralnature.com/phil/blackflag.html
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/internacional-negra/