Invasão italiana da Etiópia

Por Luisa Rita Cardoso

Doutora em História (UDESC, 2020)
Mestre em História (UDESC, 2015)
Pós-graduada em Direitos Humanos (Universidade de Coimbra, 2012)
Graduada em História (UDESC, 2010)

Categorias: História da África, Segunda Guerra Mundial
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Em 3 de outubro de 1935 teve início o processo de invasão italiana da Etiópia, no continente africano. A partir da Eritreia, então parte de seu império colonial, as tropas do general italiano De Bono atacaram a Etiópia, sem formalizar declaração de guerra. Sete meses depois, o imperador etíope, Haile Selassie, deixou o país para se exilar na Inglaterra, consolidando a vitória dos italianos. Para o historiador Gaetano Salvemini, a Etiópia vivenciou a primeira das agressões que desencadearam a Segunda Guerra Mundial.

As pretensões colonizadoras da Itália em relação à Etiópia datam do século XIX. Recém unificado, o país europeu entrou tardiamente na disputa com outras potências do continente pela colonização da África e fez do Império Etíope, um dos poucos territórios africanos que não haviam sido dominados pelos europeus, um de seus alvos. Em 1887, apoiadas pelos ingleses, tropas italianas tentaram subjugar os etíopes, mas foram derrotadas por cerca de 7.000 homens na chamada Batalha de Dogali. Nos anos seguintes, uma disputa sucessória entre os etíopes fez com que Menelik II, em busca de reconhecimento como imperador, assinasse o Tratado de Wuchale, em que cedia a costa do país aos italianos em troca de armas. Tal território foi incorporado ao Império Italiano como Eritreia.

Menelik II, no entanto, declarou o acordo inválido em 1893, o que levou tropas italianas a atacarem. Ao longo dos três anos seguintes, manteve-se o confronto, até que em 1º de março de 1896, cerca de 18.000 italianos foram vencidos por 100 mil etíopes na Batalha de Ádua. Em outubro do mesmo ano foi assinado o Tratado de Addis-Abeba, consolidando assim a vitória de Menelik II e a expulsão dos europeus de seu território.

Já no século XX, Mussolini sustentava a ideia de que era necessário recuperar a honra e o orgulho italianos, e viu na conquista da Etiópia uma forma de fazê-lo. Ordenou a conquista do território africano com tropas que somavam mais de 200.000 homens e autorizou o uso de armas químicas. Com a conquista da Etiópia, formava-se a África Oriental Italiana, que contava ainda com os territórios da Eritreia e da Somália italiana.

Quatro dias depois do início dos ataques, a Liga das Nações condenou a agressão da Itália de Mussolini, sem, no entanto, tomar qualquer medida para reverter a situação. Ficava evidente o fracasso da organização, criada depois da Primeira Grande Guerra para mediar conflitos entre países de forma diplomática, evitando assim novas guerras.

Em 30 de junho de 1936, Haile Selassie foi à Liga das Nações em Genebra denunciar o que ocorria no país e pedir o apoio da comunidade internacional. França e Grã-Bretanha, no entanto, reconheceram o controle italiano da Etiópia, ao que os Estados Unidos da América e a União Soviética se recusaram. Sob domínio do Estado fascista, ficou proibida a miscigenação e foram impostas políticas segregacionistas no território etíope. Mussolini manteve seu domínio sobre a Etiópia até 1941, quando foi obrigado a ceder às pressões britânicas e abandonar o território.

Referências:
https://web.archive.org/web/20191220104701/https://www.historytoday.com/blog/2014/01/italys-invasion-ethiopia
http://countrystudies.us/ethiopia/19.htm

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