O pensamento matemático começou a se desenvolver na Antiguidade. Antes de ganhar estrutura organizada, os povos do Egito e da Mesopotâmia já efetuavam cálculos e conheciam e dominavam sistemas matemáticos, porém seus usos ficavam restritos às necessidades práticas do cotidiano. Foi na Grécia Antiga que a matemática ganhou contornos abstratos e passou a ser utilizada não apenas para medir e contar coisas do dia-a-dia, mas também como elemento de pensamento abstrato e filosófico. Foi na Grécia que se desenvolveram diversos sistemas de numeração, dentre eles o alfabético, em que os números eram representados por letras que compunham o alfabeto grego: alfa, beta, gama, delta. Tais representações ainda hoje são utilizadas em fórmulas matemáticas.
Ao falar do desenvolvimento da matemática na Grécia Antiga é preciso citar seus principais pensadores: Tales de Mileto e Pitágoras. Eles foram os responsáveis por transformar a matemática em um estudo organizado e sistemático. Não existem registros deixados por eles, mas seu conhecimento foi transmitido oralmente e registrado séculos depois.
Tales de Mileto (624 – 546 a.C.) foi considerado por Aristóteles o primeiro filósofo grego. Proveniente de uma cidade comercial, Mileto, Tales atuou como comerciante e em sua profissão conheceu outros locais, como o Egito e a Mesopotâmia. Como se sabe, quando há trocas comerciais há também trocas culturais, então interpreta-se que Tales teve contato com outras culturas e conheceu o pensamento matemático já desenvolvido na Mesopotâmia e no Egito. A partir disso desenvolveu e transformou a matemática. Ele foi o responsável por desenvolver a geometria dedutiva e por efetuar as primeiras demonstrações matemáticas. Conclusões a ele atribuídas compõem bases importantes da matemática, tais como: todos os círculos são divisíveis por duas partes iguais por meio de seu diâmetro ou os ângulos que formam a base de um triângulo isósceles são iguais.
Outro importante pensador responsável pelo desenvolvimento na matemática na Antiguidade foi Pitágoras. Deduz-se que ele tenha sido aluno de Tales. Ele foi responsável por formar a Escola Pitagórica, uma escola que envolvia o pensamento racional e o misticismo. Pitágoras atribuía aos números as explicações universais. Sua escola era formada por quatro campos do saber consideradas indispensáveis: a aritmética, a música, a geometria e a astronomia. Sua linha de pensamento de dava a partir do entendimento abstrato e filosófico dos números e da matemática e propunha teoremas abstratos para resolver questões filosóficas, e não mais somente aqueles que estavam presentes na vida prática e cotidiana. O teorema de Pitágoras, que afirma que a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa é um dos exemplos de teoremas.
Quando Atenas se tornou o centro político e cultural da Grécia Antiga, muitas áreas de conhecimento passaram a se desenvolver. Com a matemática não foi diferente. Ela passou a se desenvolver em um espaço específico: a Academia. Fundada por Platão, a Academia era um espaço voltado para o estudo e a investigação, sendo um espaço propício para o desenvolvimento da filosofia e das demais áreas do conhecimento, como a matemática. Ela foi o centro de atividade intelectual mais importante do mundo grego antigo.
Os gregos não utilizavam a matemática apenas para medir e calcular coisas cotidianas. Eles acreditavam no poder dos números e os utilizavam para interpretar coisas mais abstratas, que se expressavam por via de áreas próprias como a astronomia.
Referência:
MOL, Rogerio dos Santos. Introdução à história da Matemática. Belo Horizonte: CEAD – UFMG, 2013.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/matematica-na-grecia-antiga/