A medicina Grega, inicialmente, era influenciada pelos dogmas religiosos presentes na sociedade. Ao longo do período Arcaico, havia a crença na chamada concepção ontológica das doenças, a qual as reconheciam como frutos das vontades divinas, por sua vez adivinhadas através de rituais divinatórios como a observação de partes de animais, como o fígado de carneiro.
Por acreditar-se que as doenças eram castigos divinos, os que tratavam de saúde eram fundamentalmente seguidores do deus Asclébio, filho de Apollo, o deus responsável pela cura. Os tratamentos e curas baseavam-se, portanto, em orações, banhos medicinais, utilização de plantas e sacrifícios de animais.
O símbolo da medicina, conhecido até hoje, é uma serpente enrolada em um cajado. Acredita-se que a simbologia deste símbolo remetia às concepções de cura gregas: a serpente representa a renovação, por conta da troca de pele, e o cajado representaria a predominância da autoridade espiritual, para além dos conhecimentos médicos, na cura de enfermidades.
No final do período Arcaico surgiram os primeiros elementos de ruptura em relação ao olhar religioso para as doenças. Pitágoras (c. 570 - 490 a.C) foi uma figura importante nesse contexto da história da medicina grega, ao descobrir que o cérebro era o órgão central do corpo humano.
Hipócrates - o pai da medicina no ocidente
Já no período Clássico, Hipócrates (c. 460 - 370) teve destaque na prática da medicina grega, ao propor a separação entre medicina e teologia, reunir os esparsos conhecimentos médicos existentes no mundo grego até então em um conhecimento sistemático, e dar aos médicos o status de médicos; a partir dele a medicina passou a ser reconhecida como uma ciência autônoma. A medicina de Hipócrates era fundamentada na Teoria humoral, que compreendia o corpo humano como constituído por 4 humores (sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra), cada qual associado a um dos 4 elementos da natureza (ar, água, terra e fogo). Por estas razões, Hipócrates é considerado o pai da ciência médica ocidental, tendo sido o responsável pelo maior avanço científico na medicina de seu tempo.
Além de Pitágoras e Hipócrates, outros importantes expoentes para a ciência médica grega foram Aristóteles (c. 384 - 322 a.C) e Herófilo (c. 355 - 280 a.C). Por ser seguidor de Hipócrates, Aristóteles também defendia a teoria humoral. Além disso, ele estudava anatomia por meio da dissecação de animais, e é considerado o pai da Embriologia. Herófilo, por sua vez, foi o primeiro médico grego a dissecar o corpo humano para estudar e construir conhecimentos sólidos sobre anatomia humana.
Referências:
ALTMAN, Max. Hoje na História: 370 a.C. - Morre Hipócrates, considerado o “pai da Medicina”. História, Ciências, Saúde. Manguinhos. Operamundi. Rio de Janeiro, Outubro/2014.
BARBOSA, Denise, & LEMOS, Pedro Carlos Piantino. A medicina na Grécia Antiga. Rev Med. São Paulo, 2007.