A origem da palavra migração deriva do latim migratio, que significa deslocamento. As migrações populacionais fazem parte da história dos seres vivos que habitam o planeta, desde aves, peixes e mamíferos, como os Homo sapiens.
O fato de existirem grupos humanos sedentários ou grupos migrantes não pode ser vista por uma perspectiva evolucionista, onde o nomadismo precede o sedentarismo, mas sim às condições encontradas por essas sociedades e as diferentes formas de lidar com elas.
Durante milhões de anos e até o tempo presente existiram e existem grupos migrantes. Na pré-história, as migrações mais antigas que se tem registro datam de mais de 1,5 milhões de anos, com Homo Erectus. Posteriormente o Homo Heidelbergensis espalhou-se pelas massas terrestres conhecidas hoje como Eurásia e sul da ásia. Na Europa, essa migração deu origem ao Homo Neanderthalensis. Por fim, o primeiro grupo humano a ocupar praticamente todas as massas terrestres, com exceção da Antártida, foram os Homo sapiens.
As migrações pré-históricas ocorreram por diversos fatores: busca de melhores condições, caçadas de grandes manadas, mudanças climáticas, guerras, etc.
Início das migrações
Essas transferências populacionais no período pré-histórico, apesar de serem motivadas por diversos fatores, estariam mais relacionadas com mudanças climáticas e com a procura por alimentos. Conforme a imagem abaixo demonstra, as migrações pré-históricas de Homo Sapiens se iniciaram no continente africano há 70 mil anos e foram se movimentando para a atual Europa e Ásia, seguindo para a América do Norte. Posteriormente, os deslocamentos foram se espalhando pelos demais territórios do continente americano.
Existiram também outros grupos que foram diretamente para a Ásia em pequenas embarcações por volta de 50 mil anos atrás, alcançando as ilhas menores do Oceano Pacífico e o atual território da Austrália. Por conta de suas baixas temperaturas, o continente antártico não apresenta qualquer registro de ocupação humana e, consequentemente, migração.
Novas pesquisas
As migrações são entendidas como um fenômeno de grande importância pois ajudam a explicar como o ser humano se adaptou fisicamente e biologicamente aos espaços que ocupava em um período de tempo remoto e sem maiores dados. No início do século XX, a antropologia e os demais campos das ciências humanas consideravam apenas um fluxo migratório saindo do continente africano e se espalhando ao redor do globo, que é o modelo que se conhece hoje em dia.
No entanto, pesquisadores que buscam traçar os caminhos realizados por esses grupos podem ter confirmado recentemente que, ao contrário do que se imaginava, já existia um fluxo migratório a partir do território que hoje compreende a Austrália, tendo em vista a proximidade territorial dos continentes no período de tempo.
A amostra de DNA extraído do cabelo de um jovem indígena, doado a um etnólogo britânico em 1923, mostra que cerca de 70.000 anos atrás os nativos australianos foram o primeiro grupo a se separar de outros agrupamentos humanos modernos. Isso desafia a teoria do estágio único da migração a partir do continente africano. Embora os grupos populacionais dessa época cruzem a Ásia e a Austrália, outros humanos permaneceram no norte dos continentes da África e do Oriente Médio até 24.000 anos atrás, antes de partirem para ocupar a Europa e o território asiático. Os resultados desta pesquisa foram uma nova compreensão sobre as rotas migratórias pré-históricas.
Referências:
Artigo “Mecha de cabelo pode desvendar mistério de migração humana a partir da Austrália”. https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2011/09/110923_aborigenes_imigracao_fn Acesso em: 08/10/2021.
Artigo Pré-História e Migração do Homo Sapiens. https://www.kuadro.com.br/posts/resumo-teorico-pre-historia-e-migracao-do-homo-sapiens/. Acesso em 08/10/2021.
Artigo Migrações pré-históricas e antigas. https://escola.britannica.com.br/artigo/migra%C3%A7%C3%A3o-humana/481905. Acesso em 08/10/2021.
ELHAJJI, Mohammed. Mapas subjetivos de um mundo em movimento: migrações, mídia étnica e identidades transnacionais. Revista de Economía Política de las Tecnologías de la Información y de la Comunicación, v. 13, n. 2, mai./ago. 2011.