Monarquia Romana

Por Ana Luíza Mello Santiago de Andrade

Graduada em História (Udesc, 2010)
Mestre em História (Udesc, 2013)
Doutora em História (USP, 2018)

Categorias: Civilização Romana
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O Reino de Roma ou também conhecido como Monarquia Romana, foi um período da história da Roma antiga dominado pelos reis sabinos e etruscos (esses povos junto com os latinos e os gregos formaram o povo romano), entre 753 a.C. a 509 a.C. O controle da cidade-estado de Roma era efetivado por três poderes: o Rei, o senado e o povo. Aos reis cabiam as funções militares, judiciais e religiosas. Ao senado (do latim senex “anciãos”) era o conselho consultivo do rei que tomava decisões na sua ausência, e elegia um novo rei que tinha a aprovação do povo. O povo era divido em 30 cúrias (co urias do latim “ associação de homens”).

Durante este período tiveram vários acontecimentos importantes para a história da Roma Antiga, tais como: a unificação dos vários povos que originaram a cidade de Roma nome derivado provavelmente de Rumon, que era a forma que os latinos chamavam o rio Tibre; a drenagem dos pântanos da região do Lácio despejando dejetos diretamente no Rio Tibre a chamada Cloaca Máxima (do latim Maior Esgoto) que existe até os dias de hoje; a cidade começa se fortificar no estilo etrusco e atraiu vários artesãos e comerciantes, o que muitos historiadores acreditam ter sido as origens do plebeus, que se anexaram na nova cidade formada pelos patrícios e clientes, a população originária da cidade.

Neste período produziu-se poucos documentos e há muitas ficções que se mesclam com a realidade, principalmente atribuído ao primeiro dos sete reis desse período: Rômulo, seguido por Numa Pompílio, Tulo Hostílio, Anco Márcio, seguidos pelos etruscos Tarquínio Prisco, Sérvio Túlio e Tarquínio, o Soberbo.

Reis de Roma

Rômulo (753-717 a.C.), considerado o primeiro rei, após ter conquistado o posto como aponta a mitologia, inclusive acredita-se que a sua origem é apenas mitológica, mesmo assim, atribui-se a ele, a criação do senado e outras instituições oficiais. A mitologia, aponta ainda que Rômulo sumiu de forma misteriosamente em uma tempestade e se tornado o deus Quirino, o protetor dos Romanos.

Numa Pompílio (717 – 673 a.C.), também é considerado um rei lendário, sabe-se que ele era de origem sabina e atribui-se ao segundo rei romano a criação das instituições religiosas e do calendário que incluía os ciclos solares e lunares. Segundo Tito Lívio, esse rei deu a Roma a lei e os bons costumes.

Tulo Hostílio (672-641 a.C.), o quarto rei lendário, fica conhecido por vencer as batalhas de Alba Longa e expandir o território naquela época que pertencera aos latinos.

Anco Márcio (639-616 a.C.), foi o quinto rei de roma, neto de Numa Pompílio, foi escolhido como rei de forma popular. Combateu os latinos, e deu a eles o direto de habitar a cidade de Roma. As lendas atribuem a Anco a construção da primeira ponte sobre o Rio Tibre (Pons Sublicius) e a expansão da costa romana com a criação do porto de Óstia, próximo a foz do rio. Foi lembrado posteriormente como um rei filantropo e popular.

Tarquínio Prisco (616-579 a.C.), foi o primeiro rei etrusco, segundo as tradições ele teria sido tutor dos filhos de Anco Márcio, o povo teria escolhido ele para ser o novo rei logo após a morte do seu antecessor. Desta forma, trouxe traços da cultura etrusca para cidade de romana, como as suas divindades e os hábitos de interpretar os presságios que o foi bem aceito entre os romanos e foi incorporado no seu cotidiano. Realizou diversos trabalhos urbanísticos, iniciando a construção da Cloaca Máxima e fez outras obras de saneamento. Iniciou as obras do Capitólio, o maior templo romano destinado a Júpiter, ampliou a cavalaria e o senado, criou estabelecimentos públicos destinados aos jogos e divertimentos. Foi assassinado pelos descendentes de Anco Márcio.

Vista de trecho da Cloaca Maxima, um dos primeiros sistemas de esgotos do mundo. Foto: Cortyn / Shutterstock.com

Sérvio Túlio (578-535 a.C.), que se chamava Mastarna, tem na sua origem várias vertentes. A primeira versão sugere que era um escravo que foi educado no palácio de Tarquínio Prisco, outra o coloca como um príncipe e uma terceira diz que foi escolhido por ter ligação com os deuses. Foi este rei que reorganizou a cidade Roma, construindo muralhas no seu entorno e dividiu os cidadãos em classes sociais relacionadas ao seu poder aquisitivo. Foi o primeiro rei que se preocupou em contabilizar a população criando o hábito de gestão do censo (census). Foi assassinado pelo seu genro que se tornaria o último rei de Roma, Tarquínio, o Soberbo.

Tarquínio, o Soberbo (534-510 a.C.), era filho de Tarquínio Prisco, e teve seu reinado marcado pela não aceitação popular e nem pelo senado. Foi considerado um tirano por todos os historiadores antigos, principalmente pelo fato de ter conseguido o seu trono à força após ter matado o seu sogro Sérvio Túlio. Além de ser considerado também um rei cruel, Tarquínio foi um rei que chamou atenção por ser bem-sucedido em seu governo. A cidade de Roma sob o seu governo tomou o poder de toda Itália central e o seu desenvolvimento cresceu vertiginosamente, graças a essa prosperidade. O grande feito do seu reinado foi a finalização do Templo de Júpiter e da Cloaca Máxima, obras iniciadas pelo seu pai, assim que finaliza o Capitólio em 510 a.C. sofreu um golpe do senado Romano e foi deposto de seu cargo, finalizando assim, a Monarquia Romana. Muitos historiadores apontam, que as medidas tomadas pelo senado tiveram relação ao fato do filho do rei, Sexto Tarquínio, ter violentado Lucrécia, esposa de um patrício influente no senado romano Lucio Tarquínio Colatino. Esse patrício, junto com Lúcio Júnio Brutos foram considerados os fundadores da República Romana ao destronarem e exilarem Tarquínio e sua família.

Uma das poucas ilustrações de Tarquínio, o Soberbo, publicada por Guillaume Rouille em 1553. Foto: Wikimedia Commons

A monarquia romana está associada aos relatos de antigos historiadores do final da República Romana, muitas vezes distorcidos e que tende a engrandecer os feitos dos reis. Os documentos desse período da história romana são insuficientes para comprovações, mas refutam boa parte do que foi narrado pela tradição que traz aspectos obscuros e lendários. O que os historiadores conseguiram afirmar é que Roma neste período já era uma cidade-estado desenvolvida, principalmente na arquitetura e nas instituições públicas.

Referências

BRANDÃO, José Luís (coord.); DE OLIVEIRA, Francisco (coord.) - História de Roma Antiga volume I: das origens à morte de César. Impressa da Universidade de Coimbra. 2015.

Giordani, Mario Curtis. História de Roma: A antiguidade Clássica II. Petrópolis, Ed. Vozes, 2001

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