Movimento estudantil brasileiro

Por Felipe Araújo
Categorias: Brasil Republicano
Ouça este artigo:
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!

A história do movimento estudantil brasileiro teve início no período denominado como Brasil Colônia. Foi durante um movimento de libertação, a Inconfidência Mineira, ocorrido em 1788, que os primeiros estudantes iniciaram-se em questões políticas. No caso, as reivindicações eram contrárias aos abusos dos impostos (derrama) retidos pela Corte de Portugal em relação às minas de ouro do Brasil.

A partir do início do século XX ocorreu o estabelecimento de um agrupamento batizado como Federação dos Estudantes Brasileiros (1901) que, apesar de sua breve atuação, teve seu nome marcado na história do país devido ao pioneirismo.

Estes processos que relacionavam os estudantes às causas políticas apresentavam-se em diversos Estados do Brasil, porém, para que obtivessem maior coesão e abrangência no sentido de ter seus apontamentos ouvidos, havia a necessidade de uma coalizão em nível nacional. Desta forma, o movimento estudantil do Brasil ganhou força a partir do surgimento da União Nacional dos Estudantes (UNE), com data em 1937, ano em que também se iniciava o Estado Novo.

A UNE refletia, além da unidade estudantil brasileira, uma alteração radicalizada no desenvolvimento do movimento dos estudantes, visto que com o tempo suas reivindicações passaram a ser mais abrangentes. Assim, tem início uma expansão das coalizões de universitários no Brasil em paralelo ao progresso da UNE.

José Serra, gestão 63-64, último presidente vivo e em liberdade, invocando as tradições da UNE, declara aberto o XXXI Congresso. Foto: UNE

Foi durante os primeiros anos da Ditadura Militar (1964-1984) que os movimentos formados por estudantes no Brasil transformaram-se em focos notáveis de mobilização da sociedade. A força motriz destes agrupamentos advinha de seu poder de mobilização na direção de um número expressivo de estudantes em torno de causas que influenciavam a política nacional.

Assim, estas organizações passaram a ser subdivididas em Uniões Estaduais de Estudantes (UEEs), Diretórios Centrais Estudantis (DCEs), Diretórios Acadêmicos (DAs), Centros Acadêmicos (CAs), entre outras formas de descentralização da agenda.

Reivindicando e protestando em várias fases da política nacional, estes movimentos tornaram-se influentes e tiveram força ativa na sociedade brasileira. Resultam deste fenômeno os números expressivos relacionados à UNE, que se apresenta como a maior entidade em funcionamento nos 26 Estados, no Distrito Federal; e conglomerando cerca de seis milhões de estudantes.

De acordo com alguns especialistas, o surgimento destes movimentos estudantis ocorreu devido ao ambiente universitário, local em que os jovens costumam descobrir novas ideias e colocar em discussão suas opiniões, além de se unirem em torno de vontades em comum. A partir da realização de encontros, festas, comitês, participações em passeatas e também nos corredores das universidades, formam-se estas agremiações que passam a debater os rumos da nação.

Ideologia e participação em movimentos sociais

Assim como qualquer partido político, a UNE alinha-se com as bandeiras e as lutas sociais a que a maioria de seus membros identifica-se. Porém, existem diversas linhas ideológicas dentro da entidade, que vão da esquerda revolucionária, passando pelos trabalhistas, até chegar aos progressistas voltados às questões identitárias. No que se refere às questões sociais, a UNE foi importante na luta para que o Plano Nacional de Educação obtivesse sua aprovação no Congresso Nacional.

Este movimento reivindicava que 10% do Produto Interno Bruto (PIB) fosse direcionado para investimentos na educação pública. Além disso, pressiona para que o ensino superior privado passe por um processo de regulamentação, assim como se coloca em contrariedade à privatização do segmento educacional brasileiro.

Historicamente, a UNE esteve presente desde sua fundação nas mais importantes questões sociais do país. A União Nacional dos Estudantes se posicionou durante a campanha que reivindicava a nacionalização do petróleo brasileiro a partir da Petrobrás, conhecida pelo slogan “O Petróleo é Nosso” e, nos anos 1940, colocou-se em apoio ao enfrentamento ao nazi-fascismo realizada pelos pracinhas da FEB. Participaram deste movimento estudantil nomes importantes para a política nacional como Vinicius de Moraes, Cacá Diegues, Frei Betto e Ferreira Gullar.

Fontes:

https://periodicos.ufv.br/educacaoemperspectiva/article/view/6967/2823

https://www.une.org.br/memoria/historia/

https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/movimento-estudantil-o-foco-da-resistencia-ao-regime-militar-no-brasil.htm

https://ubes.org.br/memoria/conquistas/

Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!