Movimento Nacionalista Revolucionário

Mestre em História (UERJ, 2016)
Graduada em História (UERJ, 2014)

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O Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR) foi criado assim que se instaurou o Golpe Militar no Brasil em 1964. Enquanto estavam exilados em Montevidéu, agrupamentos, predominantemente compostos por militares, articularam o Movimento. Anteriormente ao Golpe, esses agrupamentos já atuavam na luta anti-imperialista e faziam parte da orbita política de Leonel Brizola. O principal objetivo do MNR era organizar uma guerrilha com a finalidade destituir o Regime Militar e empossar um governo nacionalista presidido por Brizola.

Segundo o historiador Jacob Gorender, o MNR foi uma das primeiras organizações auxiliadas pelo governo cubano de Fidel Castro na elaboração de uma guerrilha no Brasil. Após a Revolução de 1959, Cuba passou a estimular e a respaldar a construção de guerrilhas pelos países da América Latina. Pretendia-se que outros governos se alinhassem a Cuba e, dessa forma, rompessem o isolamento promovido pelos Estados Unidos ao país após a Revolução. A estratégia cubana da Revolução Continental consistia na disseminação de focos guerrilheiros, inspirados no modelo cubano, e encabeçados pela guerrilha na Bolívia chefiada pelo combatente Ernesto Che Guevara. (Cf. GORENDER, 2014: 138)

Em 1966, o MNR começou a efetivação dos preparos para a guerrilha. A direção política e a arregimentação da guerrilha couberam ao professor Bayard Demaria Boiteaux que começou a ligação com grupos de militares em cidades brasileiras como Rio de Janeiro e São Paulo. Após a arregimentação dos militares e de civis, foram cogitadas as instalações de três focos guerrilheiros: um na Serra Caparaó (entre o Espírito Santo e Minas Gerais), um no Maranhão e outro no Mato Grosso. Apenas o foco guerrilheiro da Serra do Caparaó conseguiu se estabelecer e foi o primeiro no país após o Golpe Militar de 1964. E, em novembro de 1966, os guerrilheiros se aquartelaram na região do Pico da Bandeira. Nesse mesmo mês, Che Guevara chegou à Bolívia para iniciar as tarefas da guerrilha. (Cf. Idem)

O destacamento da Serra do Caparaó, composto por quatorze guerrilheiros, era comandado pelo ex-sargento do Exército Amadeu Felipe da Luz Ferreira. Em pouco tempo o destacamento foi descoberto pelas forças policiais da região, denunciados por proprietários de terras. Em de abril de 1967, o foco guerrilheiro foi desmantelado pelas forças da repressão sem ao menos ter começado de fato as atividades armadas. Em agosto do mesmo ano, uma célula de militantes do MNR em Uberlândia foi desmontada por órgãos da repressão. As prisões e mortes de militantes do grupo e o fracasso da Guerrilha do Caparaó levaram Brizola ao descrédito da luta armada, acarretando também na cessação do apoio cubano. Assim se encerraram as atividades do Movimento Nacionalista Revolucionário. (Cf. Idem:138-139)

Após a extinção do MNR, militantes do Movimento que continuaram ativos politicamente passaram a integrar outras organizações de luta armada já existentes no país, como a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), ou construíram as próprias organizações, o Movimento da Ação Revolucionária (MAR) e a Resistência Democrática (REDE). (Cf. REIS FILHO & SÁ, 1985: 357-358)

Referências:

FREDERICO, Flávio. Caparaó (filme). 2007. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_DVlh_zz5JU. Acessado em 10 de março de 2020 às 16h e 46m.

GORENDER, Jacob. Combate nas Trevas. São Paulo: Fundação Perseu Abramo/Expressão Popular, 2014.

REIS FILHO, Daniel Aarão & SÁ, Jair Ferreira de. Imagens da Revolução: Documentos Políticos das Organizações Clandestinas de Esquerda dos anos 1961-1971. Rio de Janeiro: Ed. Marco Zero, 1985. p. 357-358.

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