Partido Operário Comunista (POC)

Por Natália Rodrigues

Mestre em História (UERJ, 2016)
Graduada em História (UERJ, 2014)

Categorias: Brasil Republicano, Ditadura Militar
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O Partido Operário Comunista (POC) originou-se da aglutinação ocorrida entre a Organização Revolucionária Marxista - Política Operária (POLOP) e a Dissidência Leninista do Partido Comunista Brasileiro (PCB), em abril de 1968. O POC declarava-se a continuação política da POLOP que havia sido fundada em 1961. No documento “Por uma prática partidária”, de junho de 1968, o POC expõe a continuação da plataforma política polopista de ênfase da atuação com a classe operária, programa comum às correntes trotskistas, e faz autocrítica da falta de ação efetiva na luta de classes na trajetória da POLOP.

No entanto, diferencia-se da POLOP por dar mais relevância ao obreirismo do que à luta armada, apesar de o POC persistir reivindicando o “Programa Socialista para o Brasil”, documento elaborado no IV Congresso da POLOP, no qual o processo revolucionário cubano é destacado como marco divisor na América Latina no que se refere à implantação de um regime socialista. No “Programa Socialista” não há menção clara à luta armada, para não despertar a reação dos órgãos de repressão militares.

A criação do POC ocorreu após um grave desmembramento da POLOP. Cerca de metade dos militantes havia debandado para outras organizações que já haviam desenvolvido atividades de luta armada, a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e o Comando de Libertação Nacional (COLINA). Segundo o historiador Jacob Gorender, essa cisão ocorreu por conta da indefinição da POLOP que heterodoxamente pretendia combinar a luta operária com a guerrilha rural, isso estava expresso no documento “Aonde Vamos?”, do militante Ernesto Martins. Assim, havia militantes na POLOP que eram mais afeitos por uma dessas táticas. Os que concebiam a guerrilha rural como melhor tática revolucionária migraram para a VPR e o COLINA. Os mais afinados à luta operária fundaram o POC, juntamente ao grupo dissidente do PCB. (Cf. GORENDER, 2014:142-143)

Durante os anos de atuação do POC, engajaram-se na agitação da classe operária e na publicação dos jornais “União Operária” e “Universidade Crítica”. Em 1970, o POC realizou o II Congresso e nele se readmitiu a luta armada como uma das táticas possíveis de serem empregadas naquele período. Uma minoria contrária a essa resolução retirou-se do POC e fundou a Organização de Combate Marxista Leninista – Política Operária (OCML-PO). Após esse fracionamento e o aumento da repressão política, o POC desarticulou-se em 1971 no Brasil. No exterior, houve militantes que reivindicaram a sigla POC-Combate e/ou dedicaram-se à construção da IV Internacional. (Cf. REIS FILHO & SÁ, 1985: 180)

No período de atuação no Brasil, o POC manteve células nos Estados do Rio Grande do Sul, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, no Paraná, em Pernambuco e na Bahia.

Referências

ALMEIDA, Angela Mendes de & PILLA, Maria Regina. Partido Operário Comunista/POC. Disponível em: http://www.desaparecidospoliticos.org.br/pagina.php?id=363&m=15. Acessado em 11 de março de 2020 às 6h e 57m.

GORENDER, Jacob. Combate nas Trevas. São Paulo: Fundação Perseu Abramo/Expressão Popular, 2014.

REIS FILHO, Daniel Aarão & SÁ, Jair Ferreira de. Imagens da Revolução: Documentos Políticos das Organizações Clandestinas de Esquerda dos anos 1961-1971. Rio de Janeiro: Ed. Marco Zero, 1985.

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