A peste antonina teve início em 165 d.C., período em que o Império Romano estava no auge. Naquele momento, o imperador que governava sobre Roma era Marco Aurélio, pertencente à linhagem dos antoninos. Disso decorreu a origem do nome. O surto da doença durou até 180 d.C, período no qual afetou o Império Romano em sua totalidade. Houve ainda uma segunda fase da enfermidade entre 251 e 266 d.C.
Na visão de alguns historiadores, a peste antonina teve papel fundamental no processo de decadência do Império Romano no Ocidente.
Origens da praga antonina
A peste que pulverizou o Império Romano possui leituras diferentes sobre seu surgimento. A primeira, menos voltada à ciência, indica que a enfermidade teve origem no ato de um soldado. Em meio às diversas ações bélicas no Oriente, o combatente teria retirado e aberto um cofre sacro do templo de Apolo. Desta forma, o recipiente liberou uma espécie de vapor com a peste antonina, pois a atitude do homem foi vista como uma profanação. Isso iniciou o contágio dos romanos e espalhou a peste entre eles.
Porém, a versão mais aceita tem relação com o abastecimento alimentício da região. Naquele período, o Egito era o principal fornecedor de sementes do Império Romano. Desta forma, conforme a ingestão destes grãos infectados, a enfermidade se espalhou pelo território do império.
Assim, a peste antonina dissipou-se não somente por vias terrestres nas quais o império se expandia do ponto de vista bélico e comercial, mas também pelas rotas navais, fato preponderante para o espraiamento da peste.
Assim como no caso da gripe espanhola, dissipada pelo mundo por meio da movimentação de contingentes do exército durante a Primeira Guerra Mundial, a peste antonina seguiu o mesmo processo por meio da volta para casa, dos militares.
Aliado a isso incorre o fato de que a higienização na época do Império Romano era feita de maneira mais rudimentar do que no século XX, ampliando a disseminação da peste antonina. Todos estes aspectos pareciam jogar contra os enfermos e a favor da praga.
Descrição da doença
Porém, o que havia de mais impactante em relação à peste antonina eram os seus sintomas. Descritos pelo médico de Marco Aurélio, Cláudio Galeno, os males eram possíveis de serem notados a olho nu e deixavam os guerreiros em situações desumanas.
As moléstias apareciam primeiramente por sintomas como sede excessiva, repulsa a qualquer tipo de alimento, cansaço, delírios, perturbações constantes e edemas pulmonares.
Outro fato marcante era a velocidade com que a peste antonina destruía os romanos. Em um período de cerca de sete dias após verificados os primeiros sintomas, a pessoa morria. Homens adultos que haviam travado diversas batalhas heroicas eram derrotados por um inimigo invisível.
Como todas as enfermidades antigas, seja as que anteciparam ou ocorreram depois da peste antonina, os impactos foram além do que se podia esperar. Afetaram sobremaneira todos os campos do Império Romano. Após a morte de Marco Aurélio pela doença, a crise foi duplicada.
Sem um comando centralizador e refém da peste antonina, a região em que habitavam milhões de pessoas foi duramente afetada. Roma, local onde havia grande concentração humana, apresentou um dos cenários mais aterradores.
O consenso médico indica que a peste antonina se tratava, na verdade, de uma epidemia de varíola hemorrágica. O contágio elevado ocorreu por se tratar de uma doença com transmissão comunitária através do contato por objetos contaminados. Portanto, o exército de Roma foi um meio ideal para a propagação da enfermidade, o que tornou esta peste uma das mais temerosas de todos os tempos.
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Bibliografia:
UJVARI, Stefan Cunha – A história e suas epidemias. A convivência do homem com os microrganismos. Senac. São Paulo, 2003.
http://www.huciteceditora.com.br/_imagens/_downloads/na_saude_e_na_doenca.pdf