O pioneirismo português no período das grandes navegações que ocorreu na Era dos Descobrimentos, tem relação com alguns fatores, tais como a formação do Estado Moderno Português a partir de 1385, a influência da presença islâmica na Península Ibérica e a conquista de Ceuta em 1415, o primeiro território português fora da Europa, além do território privilegiado que Portugal ocupava na Europa.
Os portugueses foram pioneiros em criar uma outra categoria, que foi amplamente disseminado pela Europa séculos mais tarde, o Estado Moderno Absolutista. A unificação de Portugal passou pelo processo de disputas territoriais com os muçulmanos que ocupavam aquela região em 1125, por um grupo de portugueses (católicos) liderados por D. Afonso, que criou a dinastia de Borgonha. Um Estado Nacional Moderno tem características únicas, tais como um território nacional, uma língua nacional, símbolos nacionais (hino, bandeira, cetro, coroa, etc.) e um exército nacional. O Estado português se efetiva em 1385 pela dinastia de Avis, tendo a centralização política nas mãos dos reis e por consequência o controle de toda unidade nacional. É nesse período, por exemplo, que os portugueses desenvolvem sua literatura própria, com o livro de Luís de Camões “Os Lusíadas” de 1572, que conta a história de Portugal por meio de poemas decassílabos tornando-se um símbolo nacional.
Os oito séculos de ocupação dos povos islâmicos na Península Ibérica (do século VIII ao século XIV) fez com que os portugueses se desenvolvessem na álgebra e na astronomia, por exemplo. Essas habilidades fizeram com que os portugueses pudessem desenvolver nas construções de naus e aprenderam a utilizar equipamentos como o astrolábio (invenção grega), o quadrante, a bússola (invenção chinesa), a balestilha e as cartas náuticas, que serviam para dar maior precisão durante navegação. As caravelas, muito utilizadas pelos portugueses, também foram influenciadas pela ciência islâmica, e graças a esse tipo de nau, os portugueses puderam aproveitar melhor os ventos podendo se locomover com maior facilidade. Mesmo com todos os avanços científicos e tecnológicos trazidos pelos islâmicos, os portugueses investiram muito dos seus esforços para expulsá-los do seu território ou até convertê-los ao catolicismo. Esse movimento de conquista dos portugueses ocorreu em toda a Península Ibérica, onde os espanhóis também expulsaram os islâmicos ou os converteram ao catolicismo. Esses indivíduos mudavam de nome e sobrenome, e ficavam conhecidos como cristãos novos. As conquistas desse território total, tanto para Portugal como para Espanha, que ocorreu em 1492, onde a presença islâmica ficou apenas nas técnicas ensinadas para a navegação.
Em 1414 os portugueses dominaram a cidade de Ceuta no norte da África, onde ficavam um importante entreposto comercial, dando aos portugueses mais vantagens no pioneirismo nas navegações. Com a queda de Constantinopla em 1453 as especiarias começaram a faltar na Europa, dando maiores incentivos para os portugueses buscarem novas rotas para conseguir esses insumos. A busca por metais precisos nesse período, também favoreceu o pioneirismo português. O ouro e a prata, principalmente eram cobiçados e o seu acúmulo significava riqueza para o Estado Moderno. A motivação religiosa, também impulsionou os portugueses para o pioneirismo, pois a Igreja Católica patrocinou muitas das incursões no além-mar para conquistar novos devotos ao catolicismo. Esta medida está relacionada diretamente com as novas políticas propostas pela Contrarreforma em 1545.
O pioneirismo português nas navegações se mostrou extremamente eficiente nos séculos XV e XVI, os portugueses conseguiram contornar o Périplo africano em 1487, quando Bartolomeu Dias ultrapassa o Cabo das Tormentas que se tornou da Boa Esperança após o feito que atualmente é a Cidade do Cabo na África do Sul. Desta forma, o navegador português abriu os caminhos para a navegação para a Índia. Os portugueses tiveram conquistas de territórios em praticamente todos os continentes do Globo, exceto a Oceania, tais como o Brasil, Angola, Goa (Índia), Macau (China) e Timor-Leste (Leste asiático), são alguns exemplos da colonização, resultado direto da expansão portuguesa. Além da língua portuguesa esses países e regiões, possuem muitas identificações com Portugal, tais como a arquitetura e a alimentação.
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Referências:
NOVAES, Adauto. A descoberta do homem e do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.