A Praga de Justiniano ocorreu entre os anos de 541 e 544 d.C., no século sexto, durante o Império Bizantino. A enfermidade surgiu no período inicial da Idade Média. Naquele momento era Justiniano I o imperador bizantino, que ficou no poder de 527 a 565. A peste provavelmente teve origem no Egito, passando depois pelo Oriente Médio até chegar à cidade de Constantinopla, capital do Império Bizantino, em 542 d.C.
A peste foi transmitida por pulgas de ratos infectados. Os roedores, presentes em navios comerciais, espalharam-se pelo território até chegarem ao exército bizantino, visto que naquele período o imperador Justiniano I estava em ações bélicas no intuito de conquistar territórios da Europa, Ásia e Norte da África. As fileiras do exército disseminaram a pandemia através dos portos onde ocorria o seu trânsito, atingindo também a Pérsia e a China.
Um dos arquivistas do Império Bizantino, Procópio de Cesareia, foi o primeiro a descrever os sintomas da peste de justiniano. Eles davam-se a partir de febres, aparecimento de bubões, que eram pústulas e tumores na pele. Fora isso, apresentavam delírios, bolhas negras do tamanho de grãos pequenos espalhadas pelo corpo e, na fase final, o vômito de sangue.
Causada pela bactéria Yersinia pestis, a mesma que gerou a peste negra, a praga justiniana chegou a matar 5 mil pessoas por dia. O espraiamento deu-se por meio de indivíduos que apresentavam sintomas ou não. Sem forma de contê-la, visto que os medicamentos para erradicar a doença ainda não existiam, os cidadãos passaram a ficar em casa no intuito de diminuir o índice de contaminação. Houve, assim como na maioria das pandemias, a paralisação da atividade econômica e vigília de soldados mantendo as pessoas fora de circulação. Procópio de Cesaria relatou que os corpos já não podiam ser mais enterrados, pois as covas não eram suficientes.
Como naquele momento o pensamento teocêntrico era vigente, a teoria sobre o surgimento da peste de justiniano veio sob esta perspectiva. Assim, acreditava-se que a enfermidade atingiu o império devido a um castigo divino. Então, as pessoas, sem conseguirem entender o que estava acontecendo, decidiram que Deus tinha enviado aquele mal. Naquela época, Idade Média, era comum que se buscasse uma resposta pelo viés imaginário.
Consequências
A praga de justiniano teve consequências graves em todos os campos. Além de arrastar-se por mais dois séculos matando milhares de pessoas também durante a peste negra, foi fator fundamental para o enfraquecimento do Império Bizantino. A praga teve efeito adverso na tentativa de Justiniano I de expandir o exército em outros territórios, visto que o Bizantino era o que tinha restado do Império Romano no Oriente. Assim, a expansão árabe foi facilitada, impedindo que o imperador realizasse a restauração do antigo Império Romano.
Controvérsias
Um estudo apresentado por Lee Mordechai, historiador norte-americano, coloca em cheque o número de mortes causado pela praga de justiniano. Segundo sua conclusão, a praga do século 6 d.C. apresentou um impacto menor do que o relatado, sem grandes alterações no panorama político, bélico e econômico do período, visto que o Império Bizantino já demonstrava uma face decadente do Império Romano.
Ele explica que não foram encontrados dados relevantes sobre um aumento potencial de sepultamentos na época em questão. Assim, relativiza as influências históricas comprovadas por outros estudiosos. O acadêmico chegou a estas conclusões através de uma pesquisa aprofundada em relação ao vírus da peste de justiniano, que demonstrava características diferentes das que até então se acreditava. Assim, colocou sob precisão a ação e os efeitos biológicos de disseminação da bactéria. Com essa informação, foi possível fazer uma leitura mais precisa dos efeitos de sua ação biológica e disseminação.