O termo pré-história talvez seja um dos mais injustiçados de todo o conhecimento histórico. A expressão em si transmite a ideia de que pré-história é tudo aquilo que tenha vindo, supostamente, antes da História. Ou seja, antes dos primeiros registros escritos. A disciplina histórica, etnocêntrica e excludente, especialmente a parir do século XIX, definiu que a História deveria ser produzida com base em documentos oficiais, ou da burocracia geral do estado. Neste sentido as populações que não dominavam a escrita ficaram subalternizadas e foram por muito tempo consideradas irracionais ou pouco desenvolvidas. Desta forma como dar conta então de grupos e sociedades ágrafas e sem domínio da cultura escrita? Embora agrafes, não ficam de fora da História e tem seu lugar reservado nos estudos históricos. O acesso ao passado se dá pelo trabalho de arqueólogos, antropólogos, biólogos e paleontólogos em conjunto. O primeiro fóssil foi encontrado no século XIX, quando houve a definição de campos científicos como Antropologia, História, Arqueologia. Neste mesmo século criaram-se as primeiras instituições voltadas para o estudo da cultura material do passado remoto.
Os estudos biológicos, arqueológicos e antropológicos definem que o gênero homo pode ser encontrado há 2,5 milhões de anos. O Homo habilis é o primeiro do gênero a ser definido e foi encontrado na parte oriental do continente africano. Foi o Homo habilis que iniciou a atividade de lascar pedras para a confecção de ferramentas e utensílios e marcou o início do que chamamos de Idade da Pedra, e, dentro deste recorte, do Paleolítico. Já o Homo erectus foi responsável pelo domínio do fogo e sua aparição data de aproximadamente 2 milhões de anos. Estes foram os primeiros a migrar para longe, e chegaram em locais fora do continente africano, caminhando em direção ao Norte, há aproximadamente 1 milhão de anos. Por fim os Homo sapiens datam de 500 mil anos e foram encontrados na Etiópia com datação de 160 mil anos. Já o Homo sapiens sapiens tem sua existência há 50 mil anos. Outras espécies foram registradas porém não sobreviveram, como é o caso do Homo sapiens neanderthalensis, ou o homem de Neandertal.
Os grupos humanos pré-históricos deixaram rastros de sua existência, seja por meio da cultura material, seja pela expressão artística. A arte rupestre foi uma das formas de expressar o cotidiano por meio de pinturas e gravuras, deixadas na pedra, em paredes de abrigos e cavernas. Inicialmente as figuras representavam apenas animais e paulatinamente foram dominando a técnica e produzindo imagens mais complexas, chegando a representar também figuras humanas em atividades de rituais e de caça. Representavam o cotidiano dos grupos humanos. Outra técnica pré-histórica é o desenvolvimento da cerâmica. A transformação da argila em utensílio foi importante para esses grupos humanos pois a confecção de potes para conservação de alimentos foi crucial para o aumento demográfico. Além disso, neste tipo de materiais o cozimento de alimentos era possível e as carnes não eram mais consumidas cruas, diminuindo o índice de mortalidade.
A pré-história foi, portanto, um período rico em atividade humana, diverso em diferentes experiências e que é caracterizado pelo desenvolvimento e sobrevivência do gênero Homo, sua difusão pelo globo e pelo domínio de tecnologias, como o fogo, técnicas de manuseio de materiais, como a pedra lascada e a pedra polida, e expressões artísticas como a arte rupestre.
Leia também:
- Paleolítico - idade da pedra lascada
- Neolítico - idade da pedra polida
- Idade dos metais
- Pré-descobrimento do Brasil
Referências:
FUNARI, Pedro Paulo. A Arqueologia no Brasil e no mundo: origens, problemáticas e tendências. Cienc. Cult. [online]. 2013, vol.65, n.2, pp.23-25. ISSN 2317-6660.
PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Contexto, 2011.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/pre-historia/