Ficou conhecida como Primeira crise do petróleo uma crise econômica e comercial de proporções mundiais desencadeada pelos maiores países produtores de petróleo, em geral, localizados no Oriente Médio.
É sob tal ótica que se instala, em 1960, a OPEP, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, criação de Arábia Saudita, Kuwait, Irã, Iraque e Venezuela, com a finalidade de defender os seus interesses como produtores de tão rica matéria-prima. Finalmente, numa reunião da OPEP, em outubro de 1973, os países membros, detentores praticamente de toda a produção mundial, resolveram, de repente, aumentar o preço de modo significativo, bem como estabelecer uma diminuição na produção. Entre os motivos que causaram tal decisão estão a composição da base da economia dos países da OPEP, o preço extremamente baixo do barril, o consumo em aumento constante em todo o mundo, e a grande dependência dos países não-produtores, que preferiam importar a explorar possíveis jazidas em seus territórios.
Além destas alegações de natureza logística, a decisão de aumentar o preço do petróleo de maneira repentina escondia um motivo político: o rearmamento de Israel pelos Estados Unidos durante a Guerra do Yom Kippur. Israel fora atacado por uma coalizão de países árabes, liderados por Egito e Síria, mas conseguiu repelir a ofensiva com o apoio dos EUA. Enfim, tratava-se de mais um episódio na longa disputa entre israelenses e árabes pelos territórios ocupados pelos judeus. Cansados do constante apoio dos norte-americanos aos israelenses, os países produtores de petróleo enfim compreendiam o poder político que tinham em mãos, e como forma de pressão para um equilíbrio maior na política das potências em relação ao Oriente Médio, resolveu-se pela primeira vez usar o petróleo como instrumento de pressão política.
Os estragos foram enormes, causando falta do produto em muitos postos em várias partes do mundo. O racionamento virou palavra de ordem, e em países periféricos como o Brasil, o estrago foi imenso, pois sua balança comercial ficou em enorme desequilíbrio, iniciando um ciclo de hiperinflação que duraria quase 20 anos.
A crise só terminaria cerca de um ano depois com as conversações entre Henry Kissinger e os líderes israelenses, que se retiraram de áreas ocupadas como resultado da vitória na Guerra do Yom Kippur. Tal gesto fez os países árabes suspenderem o embargo, reequilibrando o preço do produto no mundo inteiro, mas não sem antes deixar sequelas. Desde a quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929, o mundo não havia presenciado uma crise econômica de proporções tão drásticas.
Bibliografia:
HAKES, Jay. 35 Years After the Arab Oil Embargo (em inglês) . Disponível em: https://web.archive.org/web/20220408075951/http://www.ensec.org/index.php?option=com_content&view=article&id=155:35yearsafterthearaboilembargo&catid=83:middle-east&Itemid=324 . Acesso em: 19 jul. 2011.
Professor de geografia explica crise do petróleo de 1973 . Disponível em: http://pe360graus.globo.com/educacao/educacao-e-carreiras/geografia/2010/08/16/NWS,518843,35,595,EDUCACAO,885-PROFESSOR-GEOGRAFIA-EXPLICA-CRISE-PETROLEO-1973.aspx. Acesso em: 19 jul. 2011.