As propagandas veiculadas pelo Regime Militar (1964-1985) eram, sobretudo, de caráter ufanista. E distintamente do que ocorreu no Estado Novo (1937-1945) não havia um departamento que regulava a produção de propaganda. Durante o Estado Novo, havia o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) que era um instrumento para a difusão da ideologia do regime Varguista. Já durante o Regime Militar a propaganda também era um meio de divulgação da ideologia do regime, no entanto, não havia um órgão de controle estatal da publicidade.
O Regime Militar vinculava-se à iniciativa privada para a elaboração da propaganda, cumprindo, dessa maneira, um modelo liberal de publicidade. Um exemplo de propaganda com esse teor foi a campanha de lançamento do carro Fiat 147, o comercial de 1976 divulgava o novo carro da Fiat no campo de treinamento de guerra do Gericinó e terminava com a seguinte mensagem “Fiat 147: brasileiro, vacinado e reservista”. Além de propagandas vinculadas a produtos da iniciativa privada, havia publicidades exclusivas do Regime Militar que também eram realizadas por agências privadas de propaganda. Desse modo, os slogans da ditadura foram criados por essas empresas.
Alguns desses slogans foram:
“Brasil, ame-o ou deixe-o”
“Você constrói o Brasil”
“Pra frente Brasil”
“Ninguém segura este país”
“Quem não vive para servir ao país, não serve para viver no Brasil”
Outros meios de divulgar o Regime Militar eram as músicas e o futebol. Artistas musicais como o grupo “Os incríveis” e a dupla “Dom e Ravel” cantavam músicas com letras ufanistas: “Eu te amo, meu Brasil” e “Este é um país que vai pra frente”. A relação entre divulgação do regime militar e o futebol ganhou vulto com a Copa de 1970. A canção da Copa associava o caráter desenvolvimentista do Regime Militar com o enaltecimento da seleção brasileira de futebol: “Todos juntos vamos! Pra frente Brasil! Brasil! Salve a seleção!”. Também se podem incluir como meio de divulgação da ditadura militar as disciplinas escolares de Organização Social e Política Brasileira (OSPB) e Problemas Brasileiros que educavam os jovens e adultos para servir ao país e ao regime.
A propaganda foi de fundamental importância para a manutenção do Regime Militar e teve impactos até mesmo no imaginário das gerações futuras. Durante os vinte um anos da Ditadura Militar houve a constante proliferação da mensagem ufanista e militarista que reverbera até os dias atuais no discurso da extrema direita brasileira. As propagandas desse período também transmitiam mensagens de condenação de ações das esquerdas empenhadas na luta armada e enalteciam personalidades públicas ligadas ao regime. Se por um lado a propaganda irradiava mensagens que exaltavam o regime, a censura impedia a circulação de informações e pensamentos críticos contrários à ordem estabelecida. A consonância entre propaganda e censura na ditadura militar nos legou a imagem de probidade administrativa e competência exclusivas aos militares, falseando a realidade e construindo uma ideologia que afetou gerações.
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Referências:
MATOS, Heloíza. Modos de olhar o discurso autoritário no Brasil (1969-74): O noticiário de primeira página na imprensa e a propaganda governamental na televisão. Dissertação (Mestrado) – ECA, São Paulo, 1989.
“Propagandas da Ditadura Militar” Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=JKL_ow3mcDU Acessado em 11 de maio de 2020 às 9h e 18m.