Reação termidoriana é um termo utilizado para designar a queda do governo jacobino, liderado por Maximilien Robespierre, e a ascensão de um governo conservador alinhado aos girondinos, liderado pelo partido apelidado de Pântano ou Planície.
Durante o final de 1793 e a primeira metade de 1794, a Revolução Francesa iniciada em 1789 radicalizou-se com o chamado Período de Terror, quando a Constituição jacobina foi suspensa e o Comitê de Salvação Pública utilizou-se de sua autoridade recém-fortalecida para condenar e executar uma série de condenados pelo Tribunal Revolucionário, como a rainha Maria Antonieta, viúva do já falecido Luís XVI. Mediante a situação, líderes jacobinos como Georges Jacques Danton se opuseram à manutenção das perseguições, mas acabaram presos e executados. Isso permitiu à Robespierre governar sem oposição, mas também o isolou e tornou-o vulnerável.
Em 27 de julho de 1794 (9 Termidor de acordo com o calendário revolucionário), os deputados que se sentavam ao centro da sala da Convenção, conhecidos como Partido do Pântano, proclamaram o Partido Jacobino ilegal e prenderam seus principais líderes, incluindo Robespierre, executando-os rapidamente sem julgamento. O Partido do Pântano era heterogêneo em sua formação e inclinações políticas, apoiando alternadamente os girondinos e os jacobinos durante a primeira fase da Revolução Francesa. Depois que o Partido Girondino foi declarado ilegal e o Período do Terror jacobino começou, em meados de 1793, o Partido do Pântano agiu como uma força moderadora até que alguns membros oriundos da alta burguesia conservadora organizaram o golpe contra o Partido Jacobino.
Daí por diante, seria o Pântano que lideraria a Convenção Nacional, estabelecendo uma série de medidas antirrevolucionárias que tinham como objetivo estabilizar a nação do ponto de vista político-econômico. A Lei do Máximo, que regulava os preços de cereais, foi revogada, gerando inflação, e a escravidão foi restaurada nas colônias. Além disso, uma nova Constituição foi promulgada em 1795, instaurando um modelo de voto indireto e censitário que restringia consideravelmente a participação popular.
Embora o novo texto constitucional fosse extremamente claro em sua defesa da propriedade e tenha proporcionado certo crescimento econômico à França, o governo conhecido como Diretório enfrentava forte oposição tanto entre os monarquistas quanto entre os antigos jacobinos. Ambos os grupos organizariam rebeliões em Paris, mas seriam derrotados por um jovem general chamado Napoleão Bonaparte, que anteriormente fora punido por suas simpatias jacobinas. Estabelecendo-se nas graças do Diretório devido a essas vitórias, Bonaparte foi enviado para liderar os exércitos franceses nas guerras contra a aliança formada por Áustria, Prússia, Espanha, Holanda e Inglaterra.
Bonaparte conseguiria mais vitórias, não apenas desfazendo a coligação que lutava contra França há anos, mas também estabelecendo uma importante fonte de recursos para a nação, tornando-o incrivelmente popular em um contexto em que o povo se cansava da crescente inflação e do corrupto e ineficiente Diretório. Em outubro de 1799, Bonaparte retornou à França em meio a um cenário de completa crise. Apoiado pela burguesia, pela população humilde e até por parte do governo em frangalhos, ele foi o líder de um golpe de Estado que ocorreu em 9 de novembro de 1799 (18 Brumário de acordo com o calendário revolucionário). Tratava-se da consolidação da subida da burguesia ao poder, que enfraqueceu o modelo absolutista e possibilitou de forma definitiva a adoção de um modelo econômico capitalista. Entretanto, as ideias revolucionárias não morreriam, alcançando toda a Europa e sendo a base das revoltas coloniais americanas do século seguinte.
Bibliografia
FERNANDES, Luiz Estevam de Oliveira; FERREIRA, João Paulo Mesquita Hidalgo. “Revolução Francesa”. In: Nova História Integrada – Ensino Médio Volume Único. Campinas: Companhia da Escola, 2005. pp. 266-267.
LIMA, Lizânias de Souza; PEDRO, Antonio. “Da revolução iluminista à Revolução Francesa”. In: História da civilização ocidental. São Paulo: FTD, 2005. pp. 258-259.