Recebe o nome de merovíngia a dinastia franca saliana (palavra que quer dizer "salgado") responsável pela fundação da mais antiga dinastia monárquica da França. Os salianos eram um subgrupo dos francos, povo de origem germânica que vivia a norte das fronteiras do Império Romano (núcleo étnico inicial das atuais França e Alemanha). Os Merovíngios estabeleceram uma dinastia que governou o Reino dos Francos do século V ao VIII. Seu período é marcado pela formação do reino franco, suas primeiras expansões territoriais e da aliança estabelecida entre o rei e a Igreja Católica Romana.
Os francos surgem na história em meados do século III, por meio de ações de pirataria pelas costas do mar do Norte e por terra, durante as invasões da Gália (258). Eles foram incluídos no Império Romano e alguns deles chegaram a ocupar o oficialato superior das legiões, como Merobaudo, general do imperador Valentiniano. As invasões bárbaras em 406 enfraquecem o poder de Roma e os francos aproveitam-se para aumentar suas fronteiras. Clódio, rei de uma tribo dos salianos conquista o norte da Gália, e será atribuído a seu filho Meroveu (cuja existência é parcialmente contestada) a fundação da dinastia Merovíngia, apesar de algumas fontes entenderem que seu fundador é Clódio. Seguem-se Childerico I e Clóvis I, que em termos efetivos, foi o primeiro rei merovíngio e governou durante vinte nove anos. Ele foi responsável por promover a unificação dos francos, expandindo seus domínios e convertendo-se ao cristianismo católico.
Depois da morte de Clovis, seus quatro filhos dividiram o reino franco, enfraquecendo-o politicamente. Somente com o rei Dagoberto houve uma nova reunificação, mas após sua morte surgiram novas lutas internas que aceleraram o desmoronamento do poder dos reis merovíngios.
A decadência da dinastia reside no fato que seus reis consideravam o reino como um mero bem pessoal e pelo costume, distribuíam seus domínios aos filhos, muitas vezes imaturos para herdarem tal responsabilidade. A tarefa de governar era entregue aos administradores do palácio, ou prefeitos do palácio, os maires du palais, uma espécie de primeiro-ministro, oriundo de ricas famílias aristocráticas. O poder foi passando para as mãos dos administradores do palácio e entre eles destacaram-se Carlos Martel, Pepino, o Breve e o pai de Carlos Magno, Carlomano. Com o apoio do papa Zacarias (741-752), Pepino destituiu o último soberano merovíngio, Childerico III, internando-o em um mosteiro e inaugurando a dinastia Carolíngia.
Os reis merovíngios guardavam sinais ou costumes sagrados que os ligavam ao misticismo, a começar pela própria concepção de Meroveu, que teria dois pais, o seu progenitor natural, e outro, uma divindade marinha, o Quinotauro, que não resistira à beleza da dama grávida ao banhar-se no mar e com ela acasalara. Como imagem da suas divindades, esses reis tinham longas cabeleiras e barbas, talvez numa possível referência a existência do bíblico Sansão. Eram considerados reis-sacerdotes e seus trajes reais eram ornamentados com pendões que diziam ter poderes mágicos e curativos.
Bibliografia:
Os Merovingios. Disponível em: <http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/MVTextos.html>. Acesso em: 25 mai. 2012.
Francos - História dos Francos. Disponível em: <http://www.historiadomundo.com.br/idade-media/francos.htm>. Acesso em: 25 mai. 2012.