Em 1933, Adolf Hitler chegou ao poder na Alemanha. Junto com ele, chegava também uma ideologia totalitarista que instalaria no país um regime autoritário e doutrinador, o Nazismo. Foram criados diversos órgãos para disseminar a nova ideologia e garantir o seu funcionamento. No centro de sua argumentação, estava a ideia de purificar a Alemanha, limpando-a de raças julgadas inferiores, com especial aversão aos judeus.
A Alemanha era formada principalmente por católicos e protestantes na década de 1930. Adolf Hitler e Joseph Goebbels, um dos principais responsáveis pelo extermínio de judeus, eram católicos, porém já haviam abandonado suas congregações antes da ascensão ao poder em 1933. Eles não haviam negado a Igreja e nem deixaram de cumprir suas obrigações como fieis, mas passaram a conceder especial atenção ao projeto Nazista. É difícil definir a posição que as igrejas protestantes assumiram em relação ao Nazismo porque elas são muito mais livres em relação à Igreja Católica. Cada congregação tem liberdade para escolher suas posições. Sabe-se, contudo, que grande parte das congregações era contrária ao Nazismo. De modo que sempre havia tensão para com alguns grupos.
A relação com a Igreja Católica, na verdade, não era muito diferente. Ela variava entre tolerância e agressão, apesar das origens católicas de Hitler e Goebbels. Grande parte dos nazistas tinha aversão ao clero em suas vidas pública e privada e a situação ficava ainda mais intensa pelo próprio fato da simbologia Nazista fazer tanta referência ao paganismo. Por fim, tanto Hitler como Mussolini eram contrários ao clero, todavia sabiam que um choque afetaria seus planos ideológicos, retardando-os. A Igreja Católica, por sua vez, era declaradamente contrária a ideologia nazista antes desta chegar ao poder. Mas, a partir de 1933, a associação deixou de ser proibida e buscaram-se meios para trabalhar em parceria. Em 1937, o Papa Pio IX condenou a ideologia nazista e o totalitarismo, dando início a uma caçada aos dissidentes políticos na Alemanha. Padres foram perseguidos, presos e enviados a campos de concentração. Com medo, muitos religiosos encorajaram orações em defesa de Hitler e evitaram falar sobre antissemitismo. Em 1941, a Alemanha Nazista decretou a dissolução de todos os monastérios e abadias em seu território, abrindo espaço para a ocupação da SS, organização militar de elite dos nazistas comandada por Heinrich Himmler. Mas Hitler abafou a operação com receio de que os católicos alemães pudessem protestar contra as medidas e criar problemas paralelos em tempos de guerra.
Em suma, a Alemanha Nazista expandia sua ideologia totalitarista e, como tal, pretendia superar e controlar questões religiosas. Católicos e protestantes tiveram relacionamento tenso com os nazistas, mas, devido ao fato de a grande maioria da população ser adepta dessas duas vertentes religiosas, o embate direto não foi tão explícito, embora Hitler não simpatizasse com nenhuma das duas. Entretanto, um grupo religioso em específico, além dos judeus, estava entre os principais perseguidos pelo governo nazista, as Testemunhas de Jeová. Seus adeptos somavam cerca de 25 mil fieis na Alemanha. Quando presos, recebiam um triangulo roxo para identificação. Eles receberam o desgosto dos nazistas pela recusa de servir ao exército alemão e ao governo. Mas eram dos poucos prisioneiros que podiam deixar os campos de concentração com vida. Bastava assinar um documento renunciando a sua religião que eles estavam aptos a voltar a ser cidadãos alemães. Só que, para os seguidores dessa religião, a fé vinha em primeiro lugar, o que causou ódio aos nazistas e a morte de milhares de fieis.
Fontes:
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/historia/article/viewArticle/2675http://www.revistaterritorio.com.br/pdf/05_6_geiger.pdf
http://www.unieuro.edu.br/sitenovo/revistas/downloads/consilium_04_01.pdf
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/religiao-na-alemanha-nazista/