O termo reunificação da Alemanha, referindo-se ao evento de 1989, refere-se ao fim das divisões políticas entre a parte ocidental do país, onde regia o sistema econômico capitalista, e a parte oriental, onde era vigente a doutrina econômica comunista.
A divisão entre as duas Alemanhas, além da separação dentro da própria capital, Berlim, vinha desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Após a derrota e a dominação da Alemanha, as quatro potências aliadas – EUA, União Soviética, França e Reino Unido – não conseguiram concordar em uma política comum para o país. Como resultado, as quatro zonas instituídas para a ocupação persistiriam até a unificação política e a reforma monetária que fortaleceu o já bem-sucedido Plano Marshall no processo de reconstrução da Alemanha Ocidental.
Entretanto, tais benefícios não foram estendidos à zona de ocupação soviética, que sofreu economicamente durante o período da reconstrução. Para impedir a fuga generalizada rumo ao lado ocidental, o líder soviético, Josef Stálin, ordenaria primeiramente um bloqueio em Berlim, em 1948. Mesmo assim, quase 3 milhões de pessoas fugiriam em pouco mais de dez anos. Então, depois de divergências políticas relacionadas às respectivas criações da República Federal da Alemanha (RFA, capitalista) e da República Democrática Alemã (RDA, comunista), o governo soviético determinou o início da construção de um muro separando as capitais, ambas localizadas em Berlim.
O Muro de Berlim, como ficaria conhecido, foi construído em poucas horas a partir de 13 de agosto de 1961, e se tornaria um símbolo da divisão do mundo entre capitalismo e comunismo com sua forte construção em concreto armado. Os soldados que o vigiavam tinham ordens para matar que tentasse transpor a construção. Em quase 30 anos, seriam cerca de mil vítimas.
Após décadas de complicadas relações envolvendo a Alemanha Oriental e a União Soviética, em 1985 Mikhail Gorbachev assumiu a liderança comunista com propostas para implementar os princípios da glasnot (transparência) e perestroika (reconstrução). A intenção era se dedicar aos problemas internos que prejudicavam a União Soviética. Entretanto, a tentativa de combinar elementos da economia de mercado e opinião livre com os princípios comunistas da União Soviética provou ser o início do fim para o poder comunista, que a partir de 1989 passou a perder rapidamente seus aliados na Europa Oriental.
Na Alemanha Oriental, passou a ser permitida a emigração livre para a Alemanha Ocidental. A fuga de milhares de pessoas, juntamente com uma série de manifestações populares, levou à organização espontânea de um movimento que, na madrugada de 9 para 10 de novembro de 1989, começou a derrubar com picaretas e martelos o Muro de Berlim. Era o gesto simbólico que impulsionariam as negociações para a unificação das duas Alemanhas.
Por meio de negociações intermediadas pelo Parlamento europeu, as Alemanhas foram oficialmente unificadas politicamente em 3 de outubro de 1990, tendo como governante Hermut Kohl, que rapidamente procedeu para inserir a porção oriental do novo país de 78 milhões de habitantes na economia capitalista. Por vários anos que se seguiram, porém, a antiga Alemanha Oriental sofreu com o descompasso econômico em relação à parte ocidental. Até hoje, quase trinta anos depois, o Produto Interno Bruto (PIB) do leste alemão é significativamente menor do que do oeste, o que gera maior desemprego e maior abertura para manifestações neonazistas e racistas.
Bibliografia
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https://www.dw.com/pt-br/a-divis%C3%A3o-da-alemanha-de-1945-a-1989/a-958753
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-foi-a-queda-do-muro-de-berlim/
https://exame.abril.com.br/economia/conquistas-e-decepcoes-marcaram-reunificacao-da-alemanha/
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/reunificacao-da-alemanha/