Revolta de Beckman

Por Karine Ferreira Brito

Graduada em História (UFRJ, 2016)

Categorias: Brasil Colônia
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A Revolta de Beckman foi uma rebelião de comerciantes nordestinos contra a Companhia de Comércio do Estado do Maranhão, criada pela Coroa Portuguesa para estimular o desenvolvimento econômico da região.

O pau-brasil foi o primeiro produto básico da economia brasileira, sendo explorado desde que os portugueses chegaram aqui. Alguns anos mais tarde, em torno do ano de 1531, a Coroa Portuguesa resolveu adotar o modelo das chamadas Capitanias Hereditárias, grandes pedaços de terra que foram doados à alguns homens de confiança e que possuíam direitos e deveres. Com as capitanias hereditárias, surgiu um novo tipo de economia, a cana de açúcar, pois Portugal precisava encontrar uma atividade para continuar lucrando, já que o comércio de especiarias nas Índias estava entrando em decadência.

O Brasil sofreu com muitas invasões e uma delas foi a Invasão Holandesa na região nordeste do Brasil. Essa invasão ocorreu em razão de Portugal e Espanha se unirem como resultado de uma crise dinástica. A Holanda não era aliada da Espanha e, por isso, quando os dois países ibéricos se uniram formando a União Ibérica, a Holanda invade o Brasil e permanece no nordeste durante 60 anos. Ao longo desses 60 anos, os colonos e comerciantes do nordeste acabaram criando relações comerciais. Mas com a saída dos holandeses do país e a crise do açúcar que se seguiu, a região Nordeste se tornou um lugar com estagnação econômica. Muitos estados do nordeste ficaram extremamente pobres, quase abandonados como o estado do Maranhão. É na tentativa de melhorar essa economia que a Coroa Portuguesa, em 1682, criou a Companhia Geral do Comércio do Estado do Maranhão.

A função dessa companhia era comprar os produtos agrícolas daquela região, vender produtos manufaturados e abastecer as elites coloniais com escravos, chegando ao número de 500 escravos africanos por ano. Havia muitos conflitos entre proprietários de terras e os jesuítas em relação à escravização dos nativos e com esse número de escravos africanos fornecidos pelo governo, o conflito entre senhores de terras e jesuítas iria diminuir. Ou seja: a companhia foi criada para solucionar os problemas de escoamento da produção e de abastecimento da região com produtos europeus. Isso também favorecia o governo português, pois este teria o monopólio comercial de escravos, lucrando cada vez mais. No final, o governo português não cumpriu com o prometido e não forneceu os escravos, gerando conflitos entre a elite e os jesuítas que não permitiam a escravização dos índios. Também não comprava a produção dos donos de terras e fornecia materiais manufaturados de péssima qualidade e com um valor muito alto. Com todos esses problemas, a insatisfação na região foi aumentando ao longo do tempo.

Em 1684 teve início a revolta nativista chamada de Revolta de Beckman, liderada pelos irmãos Tomás e Manuel Beckman, dois senhores de engenho da região do Maranhão. A rebelião se deu por meio de uma invasão ao depósito da Companhia de Comércio do Estado do Maranhão, com o apoio dos comerciantes. Os revoltosos também expulsaram os jesuítas e tiraram o governador de seu cargo. Tomás Beckman foi enviado para a metrópole a fim de jurar fidelidade ao rei, retornando com outro governador, Gomes Freire de Andrade, não encontrando resistência dos revoltosos. Manuel Beckman foi condenado a morte e Tomás foi expulso de sua terra, enquanto o restante dos revoltosos foram condenados a prisão perpétua.

Referências Bibliográficas:

CAETANO, Antonio Filipe Pereira. A Revolta de Beckman pelo olhar de João Felipe Betendorf e da Documentação do Conselho Ultramarino. ANPUH – XXIV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – São Leopoldo, 2007.

CHAMBOULEYRON, Rafael. Justificadas e repetidas queixas. O Maranhão em revolta (século XVII). Link: http://cvc.instituto-camoes.pt/eaar/coloquio/comunicacoes/rafael_chambouleyron.pdf Acesso em 12 de setembro de 2017.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996.

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