O termo queda de Constantinopla refere-se a um acontecimento que se deu em 29 de maio de 1453, quando esta cidade bizantina foi tomada pelos turcos otomanos liderados pelo sultão Mehmed II.
Constantinopla era a capital do chamado Império Romano do Oriente, também conhecido como Império Bizantino; ao contrário de sua outra metade do Ocidente, que se esfacelou com as invasões germânicas, a parte Oriental se consolidaria como uma potência mediterrânea, principalmente a partir da ascensão do imperador Justiniano (482 – 565) junto a sua influente consorte Teodora (500 – 548). Reinando de forma absoluta a partir de uma autocracia política-religiosa, o casal fortificou as fronteiras e reequipou o exército antes que Justiniano ocupasse a Península Itálica. A tal conquista se juntaria alguns anos depois a ocupação da Península Ibérica, tornando o Império Romano do Oriente uma grande potência. Paralelamente ao sucesso militar, Justiniano também sistematizaria os principais preceitos legais do Direito Romano e os transformaria em um código jurídico; até hoje, este trabalho constitui a base de diversas leis no mundo ocidental.
Entretanto, estes êxitos não sobreviveriam por muito tempo ao imperador. Em 636, o processo de decadência começou quando a região da Síria foi perdida para os muçulmanos, seguida pela Palestina, Pérsia, Egito e a Península Ibérica. Em 1054, ocorreria o Grande Cisma religioso que separou a Igreja Católica Romana da Igreja Ortodoxa, afastando de Constantinopla a amizade dos monarcas europeus. Em 1347, a cidade seria uma das vítimas da epidemia de Peste Negra, inaugurando os vários séculos de decadência econômica e demográfica. Em 1453, Constantinopla mal tinha um décimo da população que atingira em seu auge.
Fragilizada e sem contar com nenhuma ajuda militar, a cidade foi uma presa irresistível para o sultão Mehmed II, que ambicionava aumentar o Império Otomano. Após algumas semanas de cerco com seus mais de 100 mil soldados e bombardeios diários pelos canhões turcos, Mehmed II derrotou efetivamente a cidade ao mandar transportar seus diversos navios de guerra – bloqueados anteriormente por barcos inimigos – por uma estreita faixa de terra. Ao ser atacada por terra e mar, Constantinopla não foi capaz de resistir por muito mais tempo, caindo por fim após um cerco de aproximadamente 50 dias. O último imperador, também chamado Constantino, morreu durante os seus derradeiros esforços para defender a cidade.
Pouco depois da entrada de Mehmed II na cidade conquistada, a grande basílica de Hagia Sofia (Santa Sabedoria), anteriormente uma referência para a população cristã, foi transformada em uma mesquita. Embora a antiga religião não fosse proibida, agora era o islamismo a fé oficial da cidade – que, aliás, também seria rebatizada, passando a se chamar Istambul. Ela se tornaria a capital do ascendente Império Otomano, que duraria até a Primeira Guerra Mundial, quando daria lugar para a moderna República da Turquia.
A queda de Constantinopla foi um evento profundamente marcante para o século XV, sendo tradicionalmente utilizado por historiadores para marcar o ponto de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna. Com dificuldade para encontrar passagem rumo à Ásia, os reinos europeus passariam a procurar outras rotas comerciais, num processo que eventualmente levaria às Grandes Navegações e à descoberta das Américas.
Bibliografia:
SERIACOPI, Gislane Campos Azevedo; SERIACOPI, Reinaldo. “O império bizantino”. In: História: volume único. São Paulo: Ática, 2005. pp. 98-101.
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