O Alcorão (Al-qurʾān, em árabe, Recitação) é o livro sagrado a todo o adepto da religião islâmica. Segundo o tradição, é o registro das palavras exatas reveladas por Deus (Allah) por intermédio do anjo Gabriel a Maomé (Mohammad), que o memorizou e ditou aos seus companheiros. Seu texto é seguido nos dias de hoje por um quarto da população mundial, cerca de 1,3 bilhão de pessoas.
O livro sagrado dos muçulmanos é a própria revelação, a manifestação de Deus (Alá, em árabe), um papel comparável ao de Jesus no Cristianismo. Embora o texto possa soar repetitivo e cansativo em português, em árabe as palavras ganham musicalidade.
Enquanto ditava-o a seus companheiros, o profeta Maomé lhes assegurava que era a Revelação Divina que havia recebido. Ele não ditou tudo de uma só vez, pois as revelações chegavam-lhe em fragmentos, de tempos em tempos. Tão logo ele recebia uma, costumava comunicá-la a seus companheiros e pedir-lhes não somente que a decorassem, mas para que a recitassem durante a prática das orações e que a escrevessem e multiplicassem as cópias. Em tais ocasiões, Maomé indicava o lugar preciso da nova revelação no texto, não cabendo a ele uma compilação cronológica.
Os muçulmanos tem por tradição chamar de Alcorão apenas a versão original, em árabe, com as palavras exatas de Alá, e assim, qualquer outra tradução em geral é denominada “Significado do Alcorão”. O livro está dividido em 114 capítulos, chamados de suras, que são ordenados de uma maneira bem diferente da organização encontrada na Bíblia. Eles não contêm uma narração linear, como na história da criação no Gênesis, por exemplo. As suras são organizadas por temas. Nenhuma palavra de suas 114 suras foi mudada ao longo dos séculos. Assim, o Alcorão permanece, em cada detalhe, o mesmo livro de quatorze séculos atrás.
Em apenas 200 anos, a palavra de Alá contida no Alcorão inspirou o povo árabe, até então majoritariamente nômade, desunido e em vários aspectos atrasado a conquistar toda a península arábica, o norte da África e a Ásia Central. Em seguida, foram anexados Espanha, Portugal e grande parte da Índia. O ímpeto expansionista árabe chegou até mesmo à China, onde permanece como religião predominante na região de Xinjiang (noroeste do país).
Desde sua revelação, o livro serviu de inspiração político-religiosa para inúmeros líderes, que de sua palavra faziam uso, adotando princípios do Alcorão em meio às práticas políticas. Nas nações de maioria muçulmana, ou “países islâmicos”, como geralmente são chamados, o Direito costuma ser completamente baseado nos preceitos do Alcorão, que serve ao mesmo tempo como livro religioso e código jurídico.
Bibliografia:
BURGIERMAN, Denis Russo; CAVALCANTE, Rodrigo; VERGARA, Rodrigo. A Palavra de Deus. Disponível em <http://super.abril.com.br/
HAYEK, Samir El. O Alcorão. Disponível em <http://www.culturabrasil.org/