Os samurais integravam a ordem guerreira feudal do Japão, durante o período conhecido como xogunato, o qual se prolongou por quase oito séculos, do século VIII ao XIX, mais precisamente entre 1100 e 1867. Eles eram soldados ou guerreiros de uma classe aristocrática que durante muito tempo dominou o território japonês. A estes bravos homens se associam, até hoje, expressões como ‘honra’, ‘justiça’, ‘lealdade’.
A princípio, os samurais tinham apenas a função de colher os impostos para o Império. Era preciso que fossem robustos e determinados, para enfrentarem, se necessário, a classe camponesa resistente. Em meados do século X, porém, eles assumiram tarefas militares, com a oficialização da denominação ‘samurai’.
A partir de então, esta categoria foi conquistando cada vez mais um status social maior, enquanto se preservou a ditadura militar no Japão, substituída no século XIX pela restauração Meiji, que provocou uma profunda transformação nas engrenagens políticas, sociais e econômicas nipônicas. Estes guerreiros cultivavam intensa disciplina, fidelidade e a hábil utilização da Katana – o longo sabre dos japoneses, uma das três armas manejadas durante a esgrima, junto ao florete e à espada. Eles eram preparados desde a infância para serem fieis ao Bushido, ‘o caminho do guerreiro’.
Os samurais detinham uma honra e um orgulho inquebrantáveis, o que os levavam, muitas vezes, a cometer o suicídio honroso, conhecido entre eles como Seppuku, no qual optavam pela morte em lugar de uma existência desonrada. Para tanto, se valiam do tanto, uma faca utilizada cerimonialmente para se pôr fim à vida, um recurso orgulhoso e pleno de dor.
No início, ser samurai era acessível para qualquer um, desde que se propusesse a ser treinado na arte do Kobudo – grupo de técnicas marciais próprias destes guerreiros -, preservar-se respeitado pela comunidade e ter talento suficiente para conquistar a simpatia de um senhor feudal e ser submetido a seu serviço. Com o estabelecimento do xogunato dos Tokugawa, a partir de 1603, esta classe ganhou status de casta, o que implicou no hábito de legar o título de geração em geração.
Através do Kobudo é possível conquistar autocontrole, disciplina pessoal, sustentação espiritual, aperfeiçoamento individual. Além disso, a prática de uma filosofia especial, adquirida por meio do Bushido, célebre códice de honra e de comportamento, lhes permitia saber como agir corretamente diante de cada contexto específico. A expressão samurai tem a conotação de ‘aquele que serve’, enquanto bushi, outra denominação destes soldados, significa ‘guerreiro’.
Ao final do período de domínio dos Tokugawa, os samurais haviam se transformado em meros burocratas da aristocracia, submetidos aos daimyo - senhores feudais mais temidos nesta época -, quando suas espadas passam a ter um fim apenas cerimonial. Em 1868, com o evento histórico notabilizado como Restauração Meiji, a casta dos samurais foi extinta e substituída por um exército nacional ao estilo dos ocidentais.
A tradição samurai, porém, não morreu, e continua viva não só entre os japoneses, mas também em pleno Ocidente, através da prática do Bushido e de outras marcas características destes guerreiros. Os samurais atuais são compostos por indivíduos que praticam esta filosofia e adotam as técnicas da esgrima. Muitos aderem, atualmente, a este caminho, em busca de conquistar calma, concentração, autoconfiança, entre outros méritos desenvolvidos pelos samurais.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/japao/samurai/