Japonês

A língua japonesa é falada atualmente por cerca de 125 milhões de pessoas. É oficial no Japão e a nível regional em Palau, uma república do Pacífico a leste das Filipinas e administrada pelo Japão até a Segunda Guerra Mundial. Até pouco tempo atrás, os linguistas classificavam o japonês como língua isolada, mas atualmente esta faz parte da família japônica, da qual é a principal língua. Entre os outros idiomas do grupo estão as línguas das ilhas Ryukyu, (parte integrante do território japonês) como o oquinauano, o miyako, o amami, o yaeyama e yonaguni. O povo Ainu, baseado na ilha norte de Hokkaido, possui sua própria linguagem, que constitui um grupo a parte, sem relação com o japonês.

Os primeiros registros atestando a existência da língua japonesa são do século III, e foram escritos por chineses. De fato, durante grande parte da história japonesa, países como China e Índia influenciaram drasticamente a cultura e a língua local, e esta absorveu uma enorme quantidade de vocabulário chinês, cujo conjunto é conhecido em japonês como "kan go". Até o início do século XX os japoneses recorriam a termos chineses para registrar termos referentes a inovações tecnológicas, sociais, econômicas e culturais.

A influência chinesa se estendeu ainda para a língua escrita. Assim como na Europa, onde até o início do Renascimento a língua latina era empregada para registrar qualquer documento, o mesmo era feito no Japão, onde todo e qualquer texto era escrito em chinês. Em outras palavras, a língua chinesa funcionava como o "latim dos japoneses", apesar das duas línguas terem características bem distintas.

No século VIII, surge a primeira tentativa de se registrar o japonês antigo com a utilização dos caracteres chineses, os chamados kanji (hanzi). Essa primeira tentativa utilizava um conjunto limitado de caracteres especialmente pelo seu valor fonético, e era chamado de man'yōgana, cujo nome deriva de uma antologia poética escrita com o tal novo método, o man'yōshū. Tal método, infelizmente mostrava-se limitado para as especificidades do japonês, mas acabou por gerar as chamadas escritas auxiliares, ou "kanas": hiragana e katakana.

Com o tempo, o japonês passou a utilizar um sistema de escrita duplo: palavras de origem chinesa, ou substantivos japoneses começaram a ser escritos com caracteres chineses em modo adaptado. Para verbos, conjunções e similares, eram usados as escritas hiragana e katakana. Com a abertura do país durante a Era Meiji, em fins do século XIX, foi desenvolvido um sistema de transliteração do japonês para o alfabeto latino pelo americano James Hepburn, referido em japonês como "Hebon-shiki romaji" ou simplesmente "romaji", utilizado ainda hoje.

A escrita japonesa passou por grandes reformas no início do século XX e após a Segunda Guerra, a ponto de um conhecedor da língua às vezes se atrapalhar ao ler um texto antigo do século XIX ou mesmo de antes da guerra. Várias foram as modificações, como a redução e sistematização das kanas, a simplificação e restrição do uso dos caracteres chineses e até mesmo a direção da escrita do texto. Hoje em dia, as escritas auxiliares hiragana e katakana assumem cada vez mais proeminência no registro da língua, que ao mesmo tempo absorveu um número absurdo de palavras do idioma inglês.

Elaborado por Emerson Santiago Silva.