Anadiplose

Por Daniela Otsuka

Graduação em Letras Português e Inglês (Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2010)

Categorias: Linguística, Português
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A anadiplose é uma figura de linguagem que consiste na repetição da última palavra no começo de um verso ou frase anterior. Essa repetição é utilizada para dar ênfase no sentido e despertar emoção, por isso o uso desse recurso estilístico é bastante frequente em poesias e músicas.

Abaixo, alguns exemplos de Anadiplose:

"Quero escrever sem saber, / Sem saber o que dizer." (Milano)

Quando não tinha nada eu quis
Quando … esperei
Quando tive frio tremi
Quando chegou carta abri
Quando criei asas, voei
Quando vi você, me apaixonei…” (À Primeira Vista - Daniela Mercury)

“Morena, morena
De olhos galantes
Teus olhos, morena
São dois diamantes:

São dois diamantes
Olhando-me assim
Morena, morena
Tem pena de mim”. (As Pupilas do Senhor Reitor - Júlio Diniz)

Há flores cobrindo o telhado
Há flores
Há flores em tudo …
As flores têm cheiro de morte…” (As Flores – Titãs)

“Um índio descerá de uma estrela colorida brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante”. (Caetano Veloso)

“Ofendi-vos, Meu Deus, bem é verdade,
É verdade, meu Deus, que hei delinqüido,
Delinqüido vos tenho, e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade.

Maldade, que encaminha à vaidade,
Vaidade, que todo me há vencido;
Vencido quero ver-me, e arrependido,
Arrependido a tanta enormidade.” (Carlos Ceia)

“Sonho Profundo, ó Sonho doloroso,
doloroso e profundo sentimento!
Vai, vai nas harpas trêmulas do vento
chorar o teu mistério tenebroso”. (Cruz e Souza)

“- Grilo, toca aí em solo de flauta.
- De flauta? Você me acha com cara de flautista?” (O Grilo, Manuel Bandeira)

“Já asas não as tenho mais!... Oh, asas!...
Oh asas, sem vós?... Como irei ao céu?...
Céu, quão longínquo ’stou de teu grand’ véu!...
Véu, por que de teu toque tu me atrasas?...

Sinto-me alado quando tu me abraças!...
Abraças-me e de ti torno-me réu?...
Réu?... Mas emancipado a um fogaréu?...
Fogaréu!... Santo fogo, santas brasas!...

De ti nunca senti sinestesia?...
Sinestesia, a mi, me tens tocado!...
Tocado, em sonhos, doce cortesia...” (Rommel Werneck - Bruno Fagundes Valine)

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