Uma história muito conhecida é atribuída a Filipe II da Macedônia, no momento em que este realizava suas conquistas pela península grega e ameaçava Esparta. Como de praxe, enviou uma mensagem aos governantes da cidade-estado, onde dizia: "Se eu vencer essa guerra, vocês se tornarão escravos para sempre." Em outra versão, Filipe proclama: "Vocês estão intimados a se render sem demora, porque, se eu levar o meu exército para suas terras, eu irei destruir suas fazendas, massacrar o seu povo e destruir sua cidade." De acordo com ambas as versões, os éforos espartanos responderam com outro documento, no qual se lia apenas “se” (ou “αἴκα”, em grego arcaico). Posteriormente, Filipe e depois Alexandre evitariam Esparta.
Esta e outras histórias semelhantes são atribuídas aos espartanos, responsáveis por cultivar uma figura de linguagem que ficou conhecida pelo nome de laconismo, termo que faz referência à Lacônia (ou Lacedemônia), cidade nos arredores de Esparta. O laconismo é um recurso onde alguém usa poucas palavras para expressar uma ideia. Tal prática nasceu em meio às ideias filosóficas praticadas pelos espartanos e coincidia com a reputação de austeridade espartana verbal. Nessa sociedade, acreditava-se que a melhor forma de dizer a verdade e de ser exato em suas proposições significava utilizar um número mínimo de palavras.
Assim, o laconismo sobreviveu à própria cultura espartana, e passou a ser referência à capacidade de ser breve e conciso na comunicação. Prova disso é que hoje nos referimos a uma pessoa que fala pouco, ou que usa poucas palavras como “lacônica”.
Ao longo da história, vários autores entenderam o laconismo espartano como um reflexo do suposto costume que estes teriam de deixar a literatura, a escrita e as artes em segundo plano, dedicando-se apenas à educação física. Os povos gregos em geral consideravam que a retórica e a filosofia eram artes que necessitavam de longas exposições verbais, onde havia o debate e o convencimento dos interlocutores por meio de argumentações. Isso seria contrário à notória rigidez militar dos habitantes da Lacônia. Sua disciplina vinha da obediência, e não da contestação, do debate. Acreditava-se ainda que esta forma de comunicação era um meio de impedir que o inimigo conseguisse muitas informações.
Platão, no entanto, em seu diálogo Protágoras, enfatiza a admiração de Sócrates pela prática espartana, e sua capacidade de rebater, aparentemente sem esforço algum, com poucas palavras, elaborados raciocínios. De fato, parece mesmo que Sócrates rejeitava a ideia de que a economia de palavras espartana era resultados de má educação literária. Além disso, dois espartanos, Myson de Quene e Quilon de Esparta, eram tradicionalmente incluídos entre os sete sábios da Grécia, aos quais vários provérbios famosos eram atribuídos.
Bibliografia:
Laconismo. Disponível em: < http://espartano.wordpress.com/2009/05/11/laconismo/ >. Acesso: 01/06/13.
Laconic phrase (em inglês). Disponível em: < http://en.wikipedia.org/wiki/Laconic_phrase >. Acesso: 01/06/13.