Por Ana Paula de Araujo
Neologismo é um fenômeno linguístico que consiste na criação de uma palavra ou expressão nova, ou na atribuição de um novo sentido a uma palavra já existente. É uma nova palavra criada na língua, e geralmente surge quando o indivíduo quer se expressar, mas não encontra a palavra ideal. Como o falante nativo tem total domínio dos processos de formação de palavras, pois tem a língua internalizada, para ele é fácil criar uma nova palavra sem nem mesmo se dar conta de que está utilizando um dos processos existentes na língua como a prefixação, a sufixação, a aglutinação ou a justaposição.
Os “neologismos” como costumam ser chamadas estas palavras ou expressões, podem surgir de um comportamento espontâneo, das relações entre as pessoas na linguagem natural ou artificial.
- Exemplo de linguagem natural: conversação espontânea do dia a dia.
- Exemplo de linguagem artificial: bate-papo eletrônico (chat) via internet.
O neologismo pode surgir também com um fim pejorativo (palavrões, gírias, ironias, etc) ou para fins comunicativos simplesmente. O neologismo passa a ser parte do léxico da língua quando é dicionarizado e admitido na linguagem padrão. Isto acontece frequentemente, pois a língua se adapta ao uso que a comunidade linguística faz dela, e não o contrário. Da mesma forma, observa-se que há palavras que antigamente faziam parte do léxico da língua e que hoje são consideradas arcaísmos, pois deixaram de ser utilizadas.
A neologia do português existe porque a língua é viva, ou seja, é passível de mudanças constantes que podem vir a ser determinantes.
Existem várias formas de classificar os neologismos de acordo com diferentes estudiosos da área, eis aqui algumas delas:
NEOLOGISMO SEMÂNTICO: a palavra já existe, mas ganha uma nova conotação, um novo significado.
Ex:
Estou a fim de Fulano. (estou interessado).
Beltrano, não vai dar, deu zebra. (algo não deu certo).
Vou fazer um bico. (trabalho temporário).
NEOLOGISMO LEXICAL: é criada uma palavra nova, com um novo conceito.
Ex:
deletar (eliminar),
abobado (aquele que é “bobo”, sonso),
internetês (a língua da internet).
NEOLOGISMO SINTÁTICO: são resultados da organização de um novo vocábulo. Supõem a combinatória de elementos já existentes na língua como a derivação ou a composição.
Ex:
“A não-informação conduz o homem à caverna”.
“João Paulo II reinventa a Igreja papalizando com exito”.
“A operação-desmonte é uma invenção política mentirosa”
Referências bibliográficas
1. COUTINHO, I. L. Pontos de gramática histórica, 5.ed. Rio de Janeiro, Liv. Acadêmica, 1962
2. DUBOIS, J. e col. Dicionário de lingüística (trad.). São Paulo, Ed. Cultrix, 1998
3. REZENDE, J.M. Linguagem médica, 2.ed., Goiânia, Universidade Federal de Goiás, 1998
4. ULLMANN, S. Semântica. Uma introdução à ciência do significado, 4.ed. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1964.
5. BODMER, F. O homem e as línguas (trad.). Rio de Janeiro, Ed. Globo, 1960
6. GUILBERT, L. La créativité lexicale. Paris, Lib. Larousse, 1975