A Parábola é uma narrativa curta que usa alegorias para transmitir uma mensagem moral. Tais narrativas são muito comuns na literatura oriental e trabalham com o simbolismo presente nos elementos da história.
As parábolas mais famosas são as narradas por Jesus nos Evangelhos. Entre as mais conhecidas, está a do Filho Pródigo, presente em Lucas 15:11-32. Essa parábola narra a história de um homem idoso que tinha dois filhos. Certo dia, o filho mais jovem decide pedir ao pai que adiante sua parte da herança, seguindo rumo a uma terra distante para se aventurar na vida. Após gastar todo seu dinheiro com prazeres mundanos, tornando-se praticamente um mendigo. Faminto, chega a desejar a lavagem dos porcos. Nesse momento, ele se recorda da casa do pai e, arrependido, resolve voltar. Lá, é recebido com festa pelo pai, enquanto o irmão mais velho o rejeita.
Para uma compreensão mais apurada do texto, é necessário conhecer a significação da palavra “pródigo”, no sentido de “esbanjador”, “gastador”, “perdulário”. O pai desempenha o papel de Deus, em sua eterna misericórdia, enquanto os filhos representam a humanidade pecadora, o irmão mais jovem pela entrega à luxúria e o mais velho pelo orgulho e recusa ao perdão.
Além da tradição bíblica, a do Zen Budismo, popular no extremo oriente, também é rica em parábolas. Entre as mais famosas, está a Parábola do Céu e do Inferno, que narra a história de um samurai que busca um velho monge para aconselhar-se. Ele relata sua história sangrenta de lutas, ao que o monge o recrimina severamente. Possesso, o samurai empunha sua espada e quando estava prestes a acertar o idoso, este profere as palavras: “Eis o inferno”. Ouvindo aquilo, o samurai, envergonhado, baixa imediatamente a espada, pedindo perdão ao monge, que, logo, em seguida, profere a sentença complementar: “Eis o paraíso”.
Essa narrativa traz uma perspectiva diferente da tradição cristã, na qual o céu e o inferno são apresentados como locais onde as almas dos homens vão depois da morte, como recompensa ou castigo pelos hábitos cometidos em vida. Nesse caso, céu e inferno surgem como estados de espírito imanentes, afastando-se do sentido transcendente do Cristianismo.
As parábolas também são recorrentes na tradição do sufismo, a corrente mística do Islã. Em uma delas, intitulada de A Parábola e a Fruta, que narra a história de um mestre que contava sempre uma parábola no fim de suas aulas. Um dia, um discípulo se manifesta, criticando o fato de o mestre nunca explicar as parábolas. O mestre, em vez de fazê-lo, oferece um pêssego ao discípulo, oferecendo-se, primeiro a descascá-lo, depois a cortá-lo em pedaços e, por último, a mastigá-lo. Ao ouvir a última oferta, o discípulo recusa, enojado, ao que o mestre replica que explicar o sentido das parábolas equivale a oferecer uma fruta mastigada.
Em termos simbólicos, a narrativa nos exorta a vivermos e refletirmos sobre os acontecimentos que nos acometem por conta própria, sem apelar para atalhos facilitadores. Em suma, pode-se observar uma condenação moral à preguiça do ser humano em aceitar o ônus da liberdade.
Em uma análise das parábolas de três tradições distintas, pode-se observar o caráter moral dos textos, à semelhança das fábulas, mas que, no entanto, diferem dessas por não utilizarem o atributo do antropomorfismo dos animais, ou seja, representá-los com características humanas.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/linguistica/parabola/