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Gramática Expositiva do Chão
Esta não é a estreia literária de Manoel de Barros e talvez seja o seu exemplar mais conciso, porém é de uma beleza ímpar. Publicado em 1966, já apresenta a poesia descomprometida com qualquer norma literária, tão típica do poeta. Suas rimas se mesclam com personagens extraídos diretamente da natureza. O texto do autor tem um pé no sonho, outro nos elementos naturais. Este livro é dividido em seis partes conforme o tema dos seus poemas. Porém todos eles estão ligados entre si por enfocarem algo sobre o Protocolo Vegetal, exposto na abertura da obra. Ele retrata como foi encontrado um livro de poesia produzido por um poeta não identificado.
Livro de Pré-Coisas
Nesta prosa poética o autor guia o leitor pelas veredas do Pantanal. Ele revela a beleza de cada rio, a riqueza dos personagens e das paisagens. Destacam-se os animais e os objetos. Manoel de Barros já alerta desde o início que a natureza é aqui simples ingrediente no seu caldeirão poético. Seu narrador é como um guia que exibe sua terra natal enquanto caminha por suas trilhas. Sua linguagem é singular e em seus elementos regionalistas apresenta vestígios das histórias de Guimarães Rosa. Em cada verso do poeta estão presentes sua veia lírica e a sensibilidade na abordagem das coisas e dos animais mais ínfimos da natureza. Pode-se dizer que o protagonista deste livro é Bernardo, o primeiro morador da região do Pantanal, o viajante sempre atuante nos poemas de Manoel.
O livro das ignorãças
Este livro foi lançado em 1994. Nele o autor se refere a um real não conhecido, a uma ignorância anterior das concepções, das significações e dos sentidos. Aqui Manoel deposita o nascimento de tudo que há. Ele usa o desconhecimento para alcançar o saber sobre as coisas. A obra foi estruturada em três partes. Na primeira, Uma Didática da Invenção, ele privilegia suas inquietações com os propósitos típicos da poesia; destaca-se o esquecimento do que já se aprendeu para assim a poética endoidecer a linguagem. Na segunda parte, Os Deslimites da Palavra, Manoel tece um mito e compõe seus poemas a partir dele. Apuleio, um canoeiro, teria permanecido por três dias e três noites ao sabor das águas alimentadas por uma inundação ocasionada em 1922. Ao longo desse tempo ele teria jejuado e se conservado em vigília; dessa experiência teria resultado um relato incoerente em um caderno. Na terceira e última parte, Mundo Pequeno, o autor trabalha com a ruptura da gramática.
Livro sobre nada
Sempre que o ‘nada’ se faz presente nos poemas de Manoel de Barros, todo o contexto se reveste de sentidos verdadeiros, exatos, rigorosos, inclusive a vastidão de cenários com suas exuberantes variedades de vida. Esta é uma obra onde se mesclam a poética e a prosa, pensamentos e frações de ideias. É um livro singular, sem qualquer definição quanto ao seu gênero.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/literatura/classicos-de-manoel-de-barros/