Distopia na Literatura

Por Ana Lucia Santana
Categorias: Literatura
Ouça este artigo:
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!

A distopia, também conhecida como antiutopia, é um conceito filosófico adotado por vários autores e expresso em suas criações ficcionais, nas quais eles retratam uma sociedade construída no sentido oposto ao da utopia, que por sua vez prevê um sistema perfeito, um estado ideal, onde vigora a máxima felicidade e a total concórdia entre seus cidadãos.

A literatura distópica também pode representar um regime utópico que na prática destoa da teoria. As comunidades regidas pela distopia normalmente apresentam governos totalitários, ditatoriais, os quais exercem um poder tirânico e um domínio ilimitado sobre o grupo social.

Nestes estados impera a corrupção e as regras instituídas em nome do bem-estar coletivo revelam-se elásticas. As conquistas tecnológicas são utilizadas também como instrumentos de monitoramento dos indivíduos, da Nação ou de grupos empresariais. Veja-se, por exemplo, o que ocorre no livro de George Orwell, ‘1984’.

Nesta obra o autor descreve uma entidade social governada por uma oligarquia que professa o coletivismo, doutrina em que os bens de produção e o consumo são igualmente distribuídos por cada membro da coletividade. Os que contestam esse regime são combatidos e eliminados. O clássico de Orwell cunhou a expressão ‘Big Brother’, o olho que tudo vê, hoje tão comum.

Publicações como esta reproduzem narrativas que valem como advertências ou ironias, explicitando os modernos pactos sociais e as limitações geralmente transpostas no mais alto grau. Ao contrário das utopias, concretizadas em eras totalmente distintas do mundo atual, as distopias estão profundamente enraizadas a nossa forma de viver.

Geralmente elas se passam em tempos que ainda estão por vir, mas já prestes a chegar, como no ‘cyberpunk’, um subgênero da ficção científica. Aí os escritores apresentam uma corporação equipada com recursos tecnológicos consideráveis. Através deles ela oprime um universo no qual o nacionalismo perdeu força. Destaca-se neste estilo o romance Neuromancer, de Willian Gibson.

A tecnologia em sua versão mais opressiva está presente na trama de Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Nesta trama o leitor se depara com um sistema social desprovido de núcleos familiares. A Bioengenharia criou seres fisicamente mais aprimorados. Qualquer questionamento é retificado por meio da ‘Soma’, uma substância que impede a eclosão de qualquer emoção sem qualquer dano ao organismo.

No campo literário as distopias têm início após a consolidação de um regime utópico. Os distúrbios do mundo contemporâneo são apenas velados pela suposta assepsia social. Em um dado momento eles explodem como a lava de um vulcão por longo tempo sufocado.

A maior parte das vezes as histórias são narradas por um protagonista ciente da realidade, porém mergulhado na ignorância geral. Os autores incrementam os enredos com elementos como o abuso da repressão material e mental, a utilização de entorpecentes e de robôs, e a exclusividade do saber, meios usados para oprimir diretamente a sociedade.

Em Laranja Mecânica, um clássico também eternizado nas telas pelo cineasta Stanley Kubrick, em 1971, o autor, Anthony Burguess, foca em um tempo distante, impreciso, no qual a inclinação da Humanidade à violência diverge da cadência do aprimoramento do intelecto, e essa discordância rítmica provoca a derrocada social.

No ponto de vista de Ray Bradbury, expresso genialmente em Fahrenheit 451, outra obra imortalizada no cinema pelo diretor François Truffaut em 1966, futuramente os governos totalitários vão reprimir as pessoas principalmente através da destruição dos livros e da eleição da TV como exclusivo meio de conhecimento e entretenimento.

Fontes:
http://obviousmag.org/archives/2011/01/a_literatura_da_distopia.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Distopia
http://www.grifonosso.com/2011/04/distopia-um-cenario-prolifico-da-literatura/

Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!