Escola literária é o termo empregado para se referir a um estilo de época no campo da Literatura. Com o objetivo de facilitar seu estudo, a Literatura brasileira é tradicionalmente dividida em escolas ou movimentos literários, como também são chamados.
Observe no quadro a seguir as escolas literárias da Literatura brasileira, suas principais características e autores.
Conteúdo deste artigo
- Trovadorismo (século XII)
- Humanismo (século XV)
- Classicismo (século XVI)
- Barroco (final do séc. XVI a início do séc. XVIII)
- Arcadismo (século XVIII)
- Romantismo (século XIX)
- Realismo / Naturalismo (meados séc. XIX)
- Parnasianismo (final do séc. XIX)
- Simbolismo (final do séc. XIX/ início do séc. XX)
- Modernismo (primeira metade do séc. XX)
- Pós-Modernismo (1950 até os dias de hoje)
Trovadorismo (século XII)
Autores: Arnault Daniel, Raimbaut d'Aurenga, Bernart de Ventadorn, Chrétien de Troyes.
- Arte gótica;
- Textos orais acompanhados de instrumentos musicais: cantigas líricas e satíricas, novelas de cavalaria e biografias de santos;
- Literatura voltada para entreter e agradar à nobreza;
- Redefinição do papel dos cavaleiros nas cortes;
- Teocentrismo;
- Ênfase ao sofrimento provocado pelo amor não correspondido;
- Linguagem: vassalagem amorosa (criação de estruturas literárias equivalentes às da relação de vassalagem);
- Submissão do trovador à dama.
- Leia mais: Trovadorismo
Humanismo (século XV)
Autores: Gil Vicente, Fernão Lopes, Dante Alighieri.
- Resgate de valores clássicos;
- Olhar racional para o mundo;
- Soneto como forma poética fixa;
- Literatura voltada para entreter e agradar à nobreza;
- Poesia palaciana (trova, vilancete, cantiga e esparsa);
- Peças teatrais: crítica e humor;
- Maior circulação e popularização literária.
- Leia mais: Humanismo
Classicismo (século XVI)
Autores: Miguel de Cervantes, Petrarca, William Shakespeare, Luís de Camões.
- Arte Renascentista;
- Valorização das realizações individuais;
- Resgate de formas da Antiguidade;
- Distinção entre a literatura e a música;
- Clareza, harmonia e equilíbrio;
- Natureza como referencial de harmonia;
- Na poesia lírica, o amor é tema recorrente, considerado sentimento puro, absoluto;
- Devoção à mulher amada;
- Na poesia épica, o heroísmo é retomado;
- Necessidade de aproveitar o momento (carpe diem);
- Racionalidade na observação e na interpretação da realidade;
- Antropocentrismo;
- Linguagem marcada pelo uso de antíteses e paradoxos
- Formas poéticas: sonetos, odes e elegias (versos decassílabos).
- Leia mais: Classicismo
Barroco (final do séc. XVI a início do séc. XVIII)
Autores: John Donne, Padre Antônio Vieira, Quevedo, Luis de Góngora, Gregório de Matos
- Resgate dos valores cristãos;
- Angústia, tensão, instabilidade;
- Temáticas recorrentes: fragilidades humanas, fugacidade do tempo, beleza passageira, amor contraditório;
- Poesias lírica, sacra e satírica;
- Textos escritos para causar espanto no leitor;
- Cultismo: poesia com jogos de palavras, construções e imagens;
- Conceptismo: prosa com conceitos, argumentos e ideais;
- Rebuscamentos linguístico e formal.
- Ênfase à criação de metáforas;
- Recorrência do uso de figuras de linguagens como antíteses, paradoxos e hipérboles;
- Textos persuasivos (sermões).
- Leia mais: Barroco
Arcadismo (século XVIII)
Autores: Voltaire, Molière, Jean Racine, Jonathan Swift, Manuel du Bocage, Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Silva Alvarega, José Basílio da Gama, Frei José de Santa Rita Durão.
- Arte como imitação da natureza;
- Natureza como medida de equilíbrio e harmonia;
- Literatura como instrumento de divulgação de uma sociedade mais justa e igualitária;
- Tentativa de modificação da mentalidade das elites;
- Racionalismo;
- Equilíbrio entre a razão e o sentimento;
- Iluminismo;
- Resgate de temas e da simplicidade das formas clássicas;
- Formas poéticas: sonetos, canções, odes e elegias;
- Combate à artificialidade verbal;
- Linguagem simples, clara e objetiva;
- Uso de pseudônimos pelos autores;
- Utilização de pastores e pastoras de ovelhas e gado como musas e amadas dos poetas.
- Valorização das coisas simples do cotidiano;
- Valorização de cada momento (carpe diem).
- Leia mais: Arcadismo
Romantismo (século XIX)
Autores: Honoré de Balzac, Victor Hugo, Jean-Jacques, Rousseau, Goethe, Alexandre Dumas, José de Alencar, Castro Alves, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Emily Dickinson.
- Valorização do indivíduo;
- Divulgação dos valores burgueses: trabalho, esforço e sacrifício;
- Idealização amorosa;
- Subjetivismo;
- Fuga da realidade;
- Preferência pelo exótico;
- Tematização da morte;
- Nacionalismo;
- Exaltação da imaginação, dos sentimentos e dos símbolos nacionais;
- Liberdade formal dos textos;
- No Brasil: Primeira geração romântica (indianismo/nacionalidade); Segunda geração - Ultrarromantismo (paixão e morte); Terceira geração (poesia social e erotização feminina).
- Leia mais: Romantismo
Realismo / Naturalismo (meados séc. XIX)
Autores: Gustave Flaubert, Dostoiévsky, Tolstoi, Émile Zola, Machado de Assis, Aluísio Azevedo, Raul Pompeia
- Predomínio da razão;
- Cientificismo;
- Positivismo;
- Determinismo;
- Literatura a serviço da ciência;
- Denúncias de comportamentos sociais;
- Adultério, vícios e corrupções;
- Máscaras sociais, interesses pessoais;
- Proposição de temas de interesse coletivo;
- Análise minuciosa da anatomia social;
- Pessimismo e sarcasmo;
- Divulgação e circulação das obras por meio de folhetins;
- Protagonistas como sujeitos imperfeitos, não idealizados;
- Descrições dos perfis psicológicos dos sujeitos e dos aspectos práticos da vida cotidiana;
- Contemporaneidade: o saudosismo do passado dá lugar à necessidade de pensar o presente;
- Manifestação crítica sobre as instituições, espaços e serviços públicos;
- Substituição do sentimentalismo pelo materialismo.
- A sociedade é objeto de interesse imediato e sua análise e compreensão dependem da capacidade de atenção aos fatos verdadeiros e comportamentos observáveis;
- Foco às descrições do que é típico, recorrente e sistemático no comportamento social;
- Linguagem clara e objetiva.
- Leia mais: Realismo / Naturalismo
Parnasianismo (final do séc. XIX)
Autores: Théophile Gautier, Leconte de Lisle, Olavo Bilac, Raimundo Correia, Alberto de Oliveira, Vicente de Carvalho
- Conceito de “arte pela arte” (arte com fim em si mesma);
- Arte como sinônimo de beleza alcançada por meio do trabalho cuidadoso e detalhista do poeta;
- Rigidez e perfeição formais;
- Poesia descritiva;
- Técnicas de harmonização de ritmos, rimas e metro;
- Resgate de temas da Atiguidade Clássica;
- Impessoalidade;
- Linguagem rebuscada.
- Leia mais: Parnasianismo
Simbolismo (final do séc. XIX/ início do séc. XX)
Autores: Charles Baudelaire, Arthur Rimbaud, Paul Verlaine, Stéphane Marllamé, Cruz e Sousa, Alphonsus Guimaraens
- Impressionismo;
- Subjetividade;
- Desinteresse pelos temas sociais;
- Concepção mística do mundo;
- Ideal de arte absoluta;
- Fascínio pela morte;
- Valorização dos sentidos e das sensações;
- Correspondências simbólicas entre o mundo visível e o mundo das essências;
- Atmosfera do sonho;
- Linguagem: caleidoscópio de imagens e sons;
- Uso de maiúsculas alegorizantes e sinestesia;
- Obsessão pelo branco.
- Leia mais: Simbolismo
Modernismo (primeira metade do séc. XX)
Autores: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Alcântara Machado, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, Cecília Meireles, Murilo Mendes
Primeira Geração:
- Semana de Arte Moderna;
- Busca pela identidade nacional;
- Visão crítica da realidade;
- Abandono das perspectivas passadas;
- Originalidade;
- Humor, sarcasmo;
- Ruptura com o passado;
- Retorno às temáticas sociais;
- Liberdade formal;
- Lirismo crítico;
- Cenas breves, poucas descrições;
- Linguagem: aproximação entre a fala e a escrita;
Segunda Geração:
- Misticismo e consciência social;
- Reflexão sobre o sentido de estar no mundo;
- Espiritualidade em xeque;
- Circulação de textos por meio de revistas e jornais;
- Versos com estruturas sintáticas bem elaboradas.
- Leia mais: Modernismo
Pós-Modernismo (1950 até os dias de hoje)
Autores: João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Marina Colasanti, Lygia Fagundes Telles
- Narrativas curtas;
- Experimentação com as palavras;
- Regionalismo;
- Reflexões sobre as grande questões universais;
- Individualização dos personagens;
- Interlocução com os leitores;
- Rompimento com a estrutura tradicional da narrativa;
- Enfoque à intimidade e psicologia dos personagens;
- Ausência de uma estética unificadora da produção artística.
- Leia mais: Pós-modernismo